Virgínia Silveira

A Avibras Aeroespacial demitiu, ontem, 50 funcionários de suas três fábricas em São José dos Campos e Jambeiro, no interior de São Paulo. A informação é do sindicato dos metalúrgicos local, que atribuiu as demissões à morosidade do governo federal em assinar o contrato de desenvolvimento do programa Astros 2020. Trata-se do desenvolvimento de um conjunto de lançadores de foguetes de artilharia de saturação em parceria com o Exército Brasileiro.

Esse projeto, segundo o sindicato, está avaliado em cerca de R$ 2 bilhões e poderá gerar 700 novos empregos na Avibras. Procurado pela reportagem do Valor, o presidente da Avibras, Sami Hassuani, não retornou as ligações. O ministério da defesa informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que também não se pronunciaria sobre o assunto.

O diretor do sindicato, José Donizetti de Almeida, disse que podem ocorrer demissões em massa na empresa, que já não há mais como manter sua força de trabalho, estimada em 1.100 funcionários.

“O programa Astros 2020 é decisivo para a manutenção de 600 empregos na Avibras. O ministério da defesa garantiu que se empenharia na liberação do empréstimo de R$ 20 milhões para a empresa no ano passado, mas até agora isso não aconteceu”, afirmou o sindicalista.

Esse empréstimo, segundo Donizetti, daria fôlego para a produção da companhia, que concluiu o fornecimento de equipamentos de apoio ao lançador de foguetes Astros-II para o governo da Malásia.

A Avibras encerrou no ano passado um processo de recuperação judicial e, por isso, teve o aval do governo federal, que tem participação no capital da empresa, para liberação de um crédito de R$ 20 milhões.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos vai se reunir hoje em assembleia com os trabalhadores da Avibras para votar a paralisação da produção, caso a empresa não retome as negociações com a entidade e reverta o processo de demissões iniciado ontem.

Em razão do déficit na produção da companhia, segundo Donizetti, a Avibras vem atrasando o pagamento dos salários nos últimos seis meses. As demissões de ontem, de acordo com o sindicalista, já vinham sendo sinalizadas pela direção da Avibras desde o ano passado.

FONTE: Valor, via NOTIMP

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Ivan
Ivan
13 anos atrás

Nenhum negócio sobrevive sem faturamento.

Nenhuma indústria sobrevive sem encomendas.

Um setor de alta complexidade técnica e comercial como a indústria bélica não poderia ser diferente.

O Brasil, e isto significa todos nós, precisa decidir se deseja ter uma indústria bélica crível e forças armadas adequadamente equipadas.

Não basta encher o peito e se declarar como potência confiando apenas no softpower. É preciso investir em segurança com seriedade.

Sds,
Ivan.

Vader
13 anos atrás

Isso aí é pra corja ufanista e pra vermelhuxada tresloucada se ligar do quanto o Brasil é “potência”. Mais uma empresa brasileira de defesa indo pro vinagre. O governo do PT antes da eleição é um gogó só: “marolinha”, “Brasil-Potência”, “peitar o USA”, etc. etc. etc, são frases do incompetente do nosso ex-presidente com as quais nos acostumamos. E a farra com o dinheiro público correu que nem louca, até ele eleger sua íncuba. Agora “o sonho acabou”, como diria John Lennon. Ou “é a economia, estúpido”, como diria um outro. Taí, a “marolinha”: uma das últimas empresas de defesa… Read more »

Mauricio R.
Mauricio R.
13 anos atrás

É bom o Min Def se mexer e evitar o que aconteceu c/ a Engesa.
Evitando a perda do conhecimento e o acervo técnico-comercial da empresa e seus produtos.
No mais é aquilo mesmo, sem produtos que interessem ao mercado e sem vendas internas devido ao pequeno tamanho de nossas ffaa, mais uma empresa nacional que se vai.

nassif.go
nassif.go
13 anos atrás

Isto e uma Vergonha…como fala um apresentador de Jornal .

Observador
Observador
13 anos atrás

Concordo com o Vader “Ipsis litteris”. Sempre achei aquela papo de Brasil-Potência, END, compras bilionárias, do “agora vai”, tudo conversa para boi dormir. Outro dia falávamos sobre o “turista espacial” Marcos Pontes. É o exemplo perfeito e acabado do sacrifício do planejamento de longo prazo em detrimento do benefício eleitoreiro de curto prazo. Agora esta turma garantiu uma sobrevida de mais quatro anos, grudados na “teta”. A prova está aí. Uma das (poucas) empresas brasileiras do ramo de defesa fechando as portas. O problema não é isolado, não é só da Avibras. O problema é a ausência absoluta de uma… Read more »

desastreBR
desastreBR
13 anos atrás

E a herança maldita do Dr.Sr.Lulla começa a aparecer.

Darkman
Darkman
13 anos atrás

Uma pena a Avibrás está nesta situação.
Mas vale ressaltar que no governo do Sr. FHC sque ocorreu o processo de fechamento da Engesa.
O nosso problema é que todos os políticos não tem interesse algum no M.D Defsa no Brasil é um assunto para 5 plan.
Precisamos amadurecer a idéia de que precismaos investir em Defesa para depois pensarmos em ser grandes.
Infelizmente ainda não temos esse pensamento no momento.

Mas uma empresa indo embora !!!

Lamentável.