Prestes a se tornar potência global, Brasil não poderá mais ser amigo de todos, diz jornal

 

O jornal britânico Financial Times afirma em sua edição desta quarta-feira (8) que, prestes a se tornar potência global, o Brasil não poderá mais “ser amigo de todos”, especialmente como no período da Guerra Fria, no qual o país teria assumido uma postura neutra, segundo a publicação.

O jornal dedica meia página a um texto sobre a blogueira cubana Yoani Sánchez, a quem chama de principal voz da oposição ao regime castrista, e comenta o papel do Brasil na recente tentativa da autora do blog Generation Y de deixar a ilha para uma visita ao Brasil.

Escrevendo de São Paulo, o colunista Joe Leahy usa o episódio para comparar a política externa do governo Dilma Rousseff em relação a seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Sob o título “Política externa do Brasil não pode ficar para sempre em cima do muro”, Leahy lembra que, ao ser cobrada por ativistas cubanos para que se manifestasse sobre Direitos Humanos em Cuba, em sua primeira visita como presidente ao país, Dilma Roussef preferiu “apontar o dedo para os Estados Unidos”. Na época, Dilma afirmou que todos os países têm telhado de vidro no tema direitos humanos e citou a Base de Guantánamo, que causa constrangimentos ao governo americano.

Postura ambivalente

O colunista também destaca que o governo brasileiro concedeu visto à blogueira, embora Cuba tenha vetado sua saída para o lançamento de um filme no Brasil. Dilma, diz Leahy, “fez o que podia”, considerados os laços históricos de seu partido, o PT, com o regime cubano.

O colunista do FT afirma, porém, que a recente “postura ambivalente” em relação a Cuba não significa continuidade do estilo de Lula, que, segundo ele, despertou a ira de Washington em casos como o da tentativa de Brasil e Turquia de convencerem o Irã a evitar retaliações das grandes potências e provar os fins pacíficos de sua política de enriquecimento de urânio. Leahy diz que Dilma pode surpreender quem a observar mais atentamente.

“Ao contrário (de Lula), Rousseff adotou uma postura mais pró-ativa”, afirma, antes de citar a condenação do governo brasileiro à sentença de morte por apedrejamento de uma mulher no Irã e ao voto do Brasil na ONU favorável à investigação do tema Direitos Humanos no país asiático. A mudança, diz o colunista, foi notada em Teerã, o que fez o presidente Mahmmoud Ahmadinejad evitar o Brasil em seu recente giro pela América do Sul.

O colunista do Financial Times afirma que, na medida em que o Brasil se posiciona como potência global, os diplomatas do país terão que ser “mais assertivos sobre o que apóiam”. E conclui: “Se o Brasil está prestes a se tornar potência global, não poderá mais ser amigo de todos”.

FONTE: BBC Brasil, via R7

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Luis
Luis
12 anos atrás

E ainda vem um mané do FB achar que esse governo esquerdista corrupto sabe o que é melhor para o Brasil.
O próprio governo, vaselina que só, acha que é amigo de todo mundo e nada nos ameaça. E só fica do lado de quem não presta.

jacubao
jacubao
12 anos atrás

É… foi com o Irã, Síria, Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Paraguai, Líbia… que o governo do PT simpatiza. Fico imaginando o se passa na cabeça desses caras e “mulheres” que sabem que essa posição de esquerda não vai dar em nada, muito pelo contrário, só vai trazer inimizade da maioria dos países democráticos como o nosso. Eu acho que alguém, em algum momento da histporia, deve ter filosofado que “cargo político” aumenta 568%, ou algo mais, a inteligência de qualquer ser humano desse planeta, o que nos colocaria entre os mais inteligentes da terra.

Cruz credo…

jacubao
jacubao
12 anos atrás

Não quero dizer que estou de acordo plenamente com o FT, mas que o Brasil vive em cima do muro, disso eu não tenho dúvidas, tanto é que temos FAs em total abandono dos nossos governantes.