Visão do Correio: Brasil precisa formar mais doutores

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Causa preocupação o atraso do Brasil na formação de doutores e mestres. Levantamento do Censo de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, expõe números pouco animadores. O Brasil tem 1,9 doutor para cada habitante entre 25 e 64 anos. É pouco, muito pouco.

A Suíça, no topo do ranking, conta com 23. A Alemanha, 15,4. Os Estados Unidos, 8,4. Vale a comparação com a Argentina. Nossa parceira no Mercosul exibe indigente 0,2. Não há ingenuidade, pois, na afirmação de que profissionais altamente qualificados respondem pela inovação nacional. A decadência da indústria argentina reflete-se no percentual de cérebros de que dispõe.

Embora tenha dobrado nos últimos 10 anos, o número de doutores e mestres continua pequeno em relação às necessidades do Brasil. De 2001 a 2010, a cifra passou de 26 mil para aproximadamente 53 mil. Em 2010, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), 12 mil brasileiros receberam o título de doutor.

A média nacional é de 10 mil por ano. Boa parte deles — 76,77% — atua na área de educação. A segunda fatia, 11,6%, prefere a segurança da administração pública. Só 3,78% desempenham funções na indústria, segmento responsável pela inovação. Graças ao trabalho dos profissionais de ciência e tecnologia, desenvolvem-se linhas de pesquisas adaptadas às necessidades da organização.

A maior riqueza do século 21 é, sem dúvida, a produção de conhecimento. Mudanças vêm ocorrendo com tal velocidade no mundo globalizado e crescentemente competitivo que a invenção de hoje se torna obsoleta amanhã. Vai longe o tempo em que as empresas sobressaíam mesmo com tecnologia de segunda geração. Atualmente impõe-se produzir os próprios avanços porque não há tempo de espera. Conseguir posição de vanguarda implica investimentos maciços em inovação.

Acordamos tarde para a importância do saber. No ano passado, o Brasil criou o Ciência sem Fronteiras, que visa conceder bolsas de estudos para brasileiros em universidades americanas e europeias. Há mais de duas décadas, a China, o Japão, a Coreia do Sul, entre outros países, além de investir internamente na formação de recursos humanos para a pesquisa, mandavam os estudantes se aperfeiçoar em instituições estrangeiras de ponta. Buscavam expandir o quadro de doutores e proporcionar-lhes inserção internacional — exigência imposta às economias modernas. Precisamos correr.

FONTE: Correio Braziliense

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