Patriota diz que Aliança do Pacífico não ameaça interesses do Brasil

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Gorette Brandão

vinheta-clipping-forte1O Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, minimizou a oposição de interesses entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, bloco econômico recentemente formado por México, Colômbia, Peru e Chile. Para o ministro, o Brasil não deve enxergar como “ameaça” a iniciativa do grupo, a seu ver uma interpretação sem sustentação na realidade.

– Talvez estejamos lidando com o êxito de marketing que a Aliança do Pacifico alcançou nos últimos meses, mais do que uma realidade nova ou que represente um desafio para os interesses brasileiros – afirmou.

O Ministro tratou do assunto em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), nesta quinta-feira (20), em decorrência de requerimentos assinados pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Taques (PDT-MT). O debate foi coordenado pelo presidente da CRE, Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

Entre os senadores, Simon foi um dos que se manifestaram nos últimos tempos sobre a criação do novo bloco. Na audiência, ele criticou declaração feita à época pelo assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, de que a Aliança do Pacífico “não tira o sono do Brasil”. Para o senador,  foi uma posição superficial a respeito das implicações geopolíticas, comerciais e econômicas da formação da aliança.

Patriota observou que o grupo que forma a Aliança do Pacífico possui características e inserção econômica semelhantes, como a manutenção de acordos de livre comércio com os Estados Unidos. Assim, considerou natural o desejo de coordenação conjunta de interesses comuns. Do mesmo modo, observou que o Brasil também se articula no plano internacional de diferentes formas, sendo exemplo sua participação no Brics (com a Rússia, Índia e China).

De forma prática, no entanto, o ministro considera que a aliança apenas conferiu “roupagem nova” a exercícios de aproximação que já existem no plano subregional, com “pouco ou nada” a acrescentar. Citou, como exemplo, que existe a meta de eliminação de 90% das tarifas de importação entre os países membros, a mesma já definida desde 1980 na esfera da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).

Evolução

O ministro salientou em diversos momentos a evolução do Mercosul, bem como sua importância estratégica para o Brasil. No conjunto, assinalou, o bloco constitui a quarta economia mundial. Desde sua criação, o volume anual de comércio entre os países membros chegou a US$ 48 bilhões, com crescimento de 290%. Além disso, destacou que o Mercosul é o destino de sustentação das exportações de manufaturados do Brasil.

De acordo com Patriota, outros países da região desejam aderir ao Mercosul, sendo esse um atestado da força do bloco, “como hoje se apresenta”. Lembrou que a Venezuela foi a última nação a assinar protocolo e que a Bolívia já manifestou interesse. Os únicos que ainda estavam fora de contato – Guiana e Suriname – se tornaram Estados associados.

– Isso representa interesse em participar de uma história de êxito, pois ninguém quer aderir ou se associar a um projeto que não esteja dando certo – comentou.

Em resposta à questão sobre o que levou o Brasil a deixar de propugnar sua participação na Aliança do Pacífico, na condição de observador, o ministro disse que o país fez melhor: defendeu que essa participação fosse feita por meio de representação do Mercosul, como está ocorrendo.

Complexo

O senador Aníbal Diniz (PT-AC) disse na audiência que o Brasil, ao optar pela valorização do Mercosul, em vez da aproximação com a Aliança do Pacifico, caminha pela “melhor trilha”.  Em sua avaliação, é necessário combater o “complexo de vira-lata” que se manifesta também na ideia de o que sucesso se destina a acontecer “onde o país não está presente”.

Pedro Simon relembrou a criação do Mercosul, durante a presidência de José Sarney, a seu ver uma conquista das mais importantes do primeiro governo da Nova República. Porém, considerou que o bloco hoje está “patinando”. Disse ainda que havia a expectativa de que o Brasil aproveitasse a formação do novo bloco para jogar seu peso em favor da esperada integração continental.

Na avaliação de Francisco Dornelles (PP-RJ), o Mercosul deve continuar sendo a prioridade diplomática do país. Também minimizou criticas ao Brasil pela falta de avanço em acordos de livre comércio com outros países e blocos. Porém, assinalou, o mais importante é qualidade dos acordo, e não a quantidade.

Para Aloysio Nunes (PSDB-SP), em relação ao mercado de exportação, o país deve fugir do modelo de especialização em poucos produtos primários, dirigidos também para poucos países. Ele também manifestou preocupação com a inversão do superávit primário. Com relação à Argentina, Patriota destacou que nesse momento a tendência de déficit está sendo revertida.

FONTE: Jornal do Senado via Resenha do Exército

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Guilherme Amorim
Guilherme Amorim
10 anos atrás

Já fui por 2x censurado no Forte, apenas hoje.
Vamos tentar novamente.

Creio que a postura o Itamaraty frente ao bloco pacífico é de miopia pois os interesses brasileiros, voltados à âncora do Mercosul, serão cada vez mais dirimidos frente a competição internacional.

NOTA DOS EDITORES: NÃO HOUVE “CENSURA” EM NENHUM MOMENTO. SEU COMENTÁRIO HAVIA CAÍDO NA CAIXA DE SPAM E ACABA DE SER LIBERADO.

Guilherme Amorim
Guilherme Amorim
10 anos atrás

Ah que bom! Obrigado!

Observador
Observador
10 anos atrás

A miopia da nossa diplomacia é algo deplorável. A Aliança do Pacífico (ou seja, os seus países somados) tem um PIB semelhante ao do Brasil, tem amplo acesso ao maior mercado consumidor do mundo (EUA) e tem uma série de produtos que concorrem com os nossos. E isto não nos afeta?!! A insistência com o Mercosul, pelo qual temos acesso aos minúsculos mercados do Uruguai e do Paraguai e aos mercados problemáticos da Argentina e Venezuela é um atestado de burrice das cabeças que comandam nosso país. Além de não defender os interesses do Brasil, o Itamaraty defende alianças e… Read more »

eduardo.pereira1
eduardo.pereira1
10 anos atrás

Assino embaixo Observador, excelente comentário!!
O dito cujo fala esta asneira porque nao é ele que esta trabalhoando nas linhas de produçao das industrias em tres turnos, suando a camisa . E outra por que ,mesmo estando errados(tendo ou nao alguma culpa) o Itamaravilha nao fez nada em tempo habil pelos brasileiros presos na Bolivia em péssimas condiçoes por que é uma comédia ,nao serve pra nada e se associa com paises que nao deveria,apoiando ditadores odiados pelo mundo inteiro !!

Colombelli
Colombelli
10 anos atrás

Por questões ideológicas, o país insiste em se manter alinhado com um bando de párias e fracassados. Estamos perdendo o bonde da história por causa destes elementos aparelhados de partido. O mercosul, além de ser um mercado infimo e pobre, ainda é feito de paises trairas como a Argentina e o Paraguai, que não exitaram um segundo em tirar suas casquinhas trazendo prejuizos ao Brasil com protencionismo e exigêncais como o aumento da remuneração da energia de Itaipu. Mas a diplomacia do “lulinha paz e amor” prossege na mão destes incompetentes inoperantes, nos levando todos abraçados à latarina da diplomacia… Read more »

Marcos
Marcos
10 anos atrás

Concordo com tudo que escreveram ai em cima, sem tirar, nem por.

Aproveitando, vou falar algumas coisas do tal “Patriota”:

Hoje, ele e vários funcionários do Itamaraty resolveram dar as mãozinhas em torno do prédio por contas das manifestações de ontem. Simplesmente ri-dí-cu-lo. Deveriam ter ido ONTEM, durante os protesto, para encarar todo mundo e dizer, na cara a cara, babando e em alto e bom som: aqui não entram.

Marcos
Marcos
10 anos atrás

Para provar que são machos vão ter de tirar a barbicha na cera quente.

Colombelli
Colombelli
10 anos atrás

Marcos tenho uma sugestão. Na cera não, com pinça, fio por fio que é melhor.

Ele e a maria do rosário com os puxa-sacos fazendo jogo de cena. Bando de covardes.

erabreu
erabreu
10 anos atrás

É um APARVALHADO.

Vader
10 anos atrás

Malditos manifestantes, que não queimaram o prédio até o chão…