brasil-protestos

Por Andrea Jubé e Bruno Peres | De Brasília

A presidente Dilma Rousseff vai retomar amanhã, quando estará de volta de viagem, as reuniões preparatórias para a Copa do Mundo. O reinício dos protestos contra a realização do mundial, com episódios de violência e vandalismo, preocupou a presidente e reacendeu o sinal amarelo no Palácio do Planalto. Nos bastidores, auxiliares da presidente admitem que as manifestações violentas que coloquem em risco a Copa são a ameaça mais concreta – ao lado do desempenho da economia – à reeleição de Dilma.

Diante deste novo cenário – a retomada dos protestos, com marcas de violência -, Dilma voltará a reunir os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, da Defesa, Celso Amorim, e dos Esportes, Aldo Rebelo, para aprofundar a discussão sobre a estratégia de segurança na Copa. O governo não condena nem receia as manifestações pacíficas, mas quer evitar a reedição de episódios violentos, com ações de black blocs e atos de vandalismo, que envolvem a depredação de prédios públicos e o incêndio de veículos. Nos bastidores, entretanto, auxiliares da presidente tentam minimizar o reflexo da nova onda de manifestações no governo. Os ministérios da Justiça, da Defesa e dos Esportes não confirmam a convocação das novas reuniões.

O fato, entretanto, é que o grau de violência que marcou o protesto de sábado em São Paulo alarmou a presidente. Um manifestante, Fabrício Proteus Chaves, de 22 anos, foi baleado por policiais militares durante o protesto, em uma reação considerada desproporcional pelo governo.

Em entrevista coletiva ontem à tarde, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, justificou a ação ao afirmar que o jovem provocou um “ato de agressão ao policial” e portava “objetos que não são próprios de manifestação”, como chave de grifo, bolinhas de grude, óculos de proteção, garrafa de vinagre e explosivos, além de um estilete, que teria sido usado para ameaçar policiais. Chaves foi levado ao hospital pela própria polícia e está internado em estado grave.

O governo federal, no entanto, tenta implantar um protocolo unificado de ação das polícias estaduais, para impedir abusos e viabilizar a negociação pacífica com os manifestantes. Desde outubro, Cardozo coordena um grupo de trabalho, formado pelo próprio Grella e pelo secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Mas até agora, nada disso se concretizou e o ocorrido neste fim de semana mostrou que as polícias ainda tendem para a prática de excessos. Outra estratégia é que as polícias federal e estaduais atuem, de forma integrada, com a Força Nacional de Segurança e o Exército.

Também houve protestos contra a Copa no fim de semana em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília. Nenhum, entretanto, reuniu milhares de pessoas, como as multidões que tomaram as ruas em junho, nos atos contra a Copa das Confederações. O governo, entretanto, avalia que se medidas mais eficazes não forem tomadas, os protestos com aquela dimensão serão reeditados.

Dilma vem promovendo reuniões semanais para tratar da realização da Copa desde que voltou do recesso de fim de ano. A primeira, no início do mês, reuniu nove ministros para um balanço detalhado do andamento das obras de estádios, aeroportos e estádios. Dilma também comandou encontros temáticos, exclusivamente sobre segurança pública, para tratar dos protestos e até dos rolezinhos.

Além dos danos políticos provocados pelos protestos, um foco de preocupação da presidente é com a segurança dos chefes de Estado que devem comparecer ao evento. O presidente da China, Xi Jinping, já confirmou presença na partida final da Copa. (Colaborou Letícia Casado, de São Paulo)

FONTE: Valor Econômico via Resenha do Exército

Subscribe
Notify of
guest

6 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
glaison
glaison
10 anos atrás

Violência vem da miséria, que vem da desigualdade social, que vem… Todo mundo sabe. Ninguém quer marginais quebrando e saqueando, porém, parece que as pessoas não pensam muito sobre o que realmente é isso. Protestos de estudantes, marginais saqueando e policiais com a Síndrome do Fascista. é só olhar para isso e ver que não é nada mais do que o resultado mais cru, da forma caótica de governar que temos a décadas. Não tem nenhum setor, a que sirva a totalidade da população (isso exclui empreitas por exemplo), em que não se vê colapso. Não vou enumerar, esta escrito… Read more »

Antonio M
Antonio M
10 anos atrás

Obviamente sem defender os excessos mas, o fato ocorrido em São Paulo tem outros desdobramentos: O tal rapaz deu sua versão mas admitiu que tentou golpear o PM que sim, poderia até ter usado alguma arma não letal, mas teria ele acessoa a uma sem ser um cacetete? Havia outro rapaz junto com este que foi revistado e também estava com a mochila “rechada” mas, não resistiu e foi detido, levado a delegacia sem maiores problemas. Os PMs usam a pistola .40 que carrega 16 tiros, testemunhas dizem ter ouvido 3 disparos e a Santa Casa onde foi atendido o… Read more »

Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás

Chamou o Gen. Newton Cruz ?

Colombelli
Colombelli
10 anos atrás

Estão com medo é? é bom ficar mesmo, o que vem por ai será ótimo. Hora de responder pelos seus atos. Moral: sem violência e sem baderna mobilizar o pais inteiro e mostrar o descontentamento durante a copa, para o mundo inteiro ver desmascarado o governo fantoche que temos. Hora de ação de choque. As manifestações deveriam é ir sitiar as casas destes sujeitos, que antes eram os primeiros a fomentar baderna e agora se escondem. Além de incoerentes, são covardes. O caso dos policiais: caso típico de legítima defesa, no minimo putativa, própria e de terceiro, e exercício regular… Read more »

Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás

Caro Colombelli,

Braço Forte, Mão amiga.

“Nós, peitos nunca vencidos,
De valor, desmedidos,
No fragor da disputa,
Mostremos,
Que em nossa Pátria temos,
Valor imenso,
No intenso,
Da luta.”

Colombelli
Colombelli
10 anos atrás

Carlos, a hora vai chegar.

“És a nobre Infantaria,
Das armas a rainha,
Por ti daria
A vida minha,
E a glória prometida,
Nos campos de batalha,
Está contigo,
Ante o inimigo,
Pelo fogo da metralha!”