Garcia lembra que países estão no Conselho de Segurança, mas a Alemanha, não

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Fernando Duarte

vinheta-clipping-forteMADRI. Ainda que alguns dos países mais poderosos do mundo pensem o contrário, Brasil e Turquia consideraram bem-sucedida a intermediação do acordo nuclear com o Irã. E consequentemente, consideram natural que o grupo de países hoje lidando mais diretamente com a questão, o P5+1, ganhe dois novos membros. Se os turcos ontem falaram mais por metáforas, o governo brasileiro deixou seu desejo explícito por intermédio do assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.

– É natural que os dois países sejam consultados. Queremos estar com os turcos porque o que os outros países não fizeram, nós fizemos. Nesse time do P5+1 faltam dois atacantes – brincou Garcia, que esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula dos líderes de União Europeia, América Latina e Caribe, em Madri.

O assessor ainda afirmou que a legitimidade da participação brasileira e turca também se justifica pelo que chamou de caráter informal das negociações, no sentido de a Alemanha, que participa do debate junto aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, não fazer parte formalmente do órgão atualmente.

– Nós e a Turquia somos membros, ainda que provisórios. Seria normal que participássemos de uma boa parte de futuras negociações. Antes não havia interlocutores, e sim ameaças. Com ameaças, os iranianos não queriam realizar coisa alguma. Os EUA precisam entender que um país como o Irã não vai se abater com sanções. Se os EUA optarem pela sanção, vão se dar mal. Vão sofrer sanção moral e política – disse.

Erdogan pressiona o Irã a cumprir o acordo

Já o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse considerar que o Conselho de Segurança carece de credibilidade junto à comunidade internacional para lidar com o Irã porque seus integrantes exigem garantias do Irã ao mesmo tempo em que têm armas nucleares.

– É fundamental que mostremos à comunidade internacional nosso desejo de usar a diplomacia como forma de resoluções de crises. Não podemos viver num regime em que prevaleça a lei da supremacia, mas sim a supremacia da lei.

O premier turco alegou ainda que a participação da Turquia nas negociações seria uma forma de incluir os poderes regionais em negociações que podem criar um clima de confiança no Oriente Médio.

Erdogan pediu ao mundo que apoie o acordo obtido, mas ressaltou que, se o Irã não enviar o urânio em um mês à Turquia, ficará sozinho.

FONTE: O Globo

NOTA DO FORTE: O Brasil está se arriscando como interlocutor internacional, em problemas que não são seus, utilizando-se do “soft power”, através do prestígio de Lula e do seu poder econômico. Mas quando chegar o momento em que o “soft power” se esgotar, o que o Brasil fará? Não adianta falar grosso, se o porrete é pequeno.

Esperamos que o Brasil não tenha sido enganado como este cidadão.

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Invincible
Invincible
13 anos atrás

Realmente na hora em que as vias diplomáticas se esgotarem não vai sobrar nada para o Brasil a não ser arrumar as malas e pegar o caminho de casa. É impressionando a miopia do sr. MAG. Ele consegue desgastar toda a imagem que o Lula conseguiu constrir de homem de páz. Não teria sido prudente que o Lula tivesse ido até os EUA e custurado alguns termos do acordo que seria acertado com o Irã? Não seria interessante buscar o comprometimento dos EUA sobre o acordo proposto? Sei que isso não seria tarefa fácil, mas seria um ponto de partida.… Read more »

Alexandre GRS
Alexandre GRS
13 anos atrás

Prezados,

Até entendo a preocupação externada quanto ao fato de não termos um capacidade bélica a altura caso dela precisemos para fins outros.
Porém, não será essa uma tentativa para que não sejam usadas armas?
Concordo quanto a comparação com Sir Chamberlain,corremos esse risco (a humanidade) seja quem for o interlocutor.
Espero sinceramente que tenhamos sucesso nessa empreitada e, longe de partidarismos ou ideologias alienantes, que possamos querer sempre o bem e o melhor para nosso país e nosso mundo.

Sds.

Floresteiro
Floresteiro
13 anos atrás

“NOTA DO FORTE: O Brasil está se arriscando como interlocutor internacional, em problemas que não são seus…”

OK, vamos fazer as malas e voltar a sermos espectadores.

Deixa que as grandes potências deêm um jeito, afinal o problema é só delas.

Vamos também encher o Irã de sansões para que assim como a Coréia do Norte, ele desista dessa de bomba atômica.

Me desculpem, não só respeito como admiro o trabalho de vcs editores, mas esta…..

E pra finalisar, vcs acreditam mesmo que com as sansões, o Irã vai dar pra trás??

Acredito mais no dialogo que nas sanções.

Thiago
Thiago
13 anos atrás

Ninguém promoveu um boicote ou declarou guerra à Inglaterra por causa do fracasso de Chamberlain, logo não vejo motivos de preocupação para o Brasil, mas apenas para Lula.

Além do mais, qualquer pessoa com um mínimo de disposição para utilizar o intelecto sabe que o problema não gira em torno do Irã ou dos EUA, mas de Israel e seu lobby inescrupuloso nos Estados Unidos e na Europa.

The Captain
The Captain
13 anos atrás

Perfeito o comentário do Thiago. Vejamos: 1 – O Lula ganhou porque conseguiu o acordo. 2 – A candidata dele também, pela mesma razão dele. 3 – O Brasil se afirma como potência emergente e doravante interlocutor privilegiado para as nações em desenvolvimento do hemisfério sul. 4 – Num primeiro momento o Irã, se realmente tiver intenção de ir em frente com o programa para o artefato nuclear, caso ele exista, também ganhou. Neste caso: Tempo! 5 – O primeiro ministro turco e Turquia também ganharam. 6 – Se o programa nuclear militar existir de fato e seguir em frente,… Read more »

SEAN_X2k
SEAN_X2k
13 anos atrás
Rodolfo
Rodolfo
13 anos atrás

Eu não sou frequentador do blog mas de vez em quando tenho lido algumas matérias e acho interessante as discussões…
Alguém acha que o nosso governo em dar prioridade a questão nuclear iraniana pode estar prejudicando a nossa relação com o estado de Israel, um país que tem demonstrado interesse em cooperação militar com o Brasil e que tem nos fornecido material militar de ponta (como os mísseis Derby a recentemente UAVs)?

lc
lc
13 anos atrás

Rodolfo disse:
19 de maio de 2010 às 19:11

Isto mesmo Rodolfo, tocou no ponto certo.
Será que estas diversas provocações a Israel não acabarão por prejudicar esta cooperação?

Sds.

Cronista
Cronista
13 anos atrás

Caro Editor, bastante oportuna sua colocação. Considero-a pertinente mas, em nome do debate que, na maioria das vezes, é em bom nível aqui na Triologia, indago: – E quem mais pode mostrar o porrete no mundo de hoje e, especialmente, naquela região? Fora EUA, que projetam poder onde lhes der na cabeça, Rússia, que é vizinha e não depende de sua depauperada Marinha para fazê-lo, talvez só Inglaterra possa demonstrar alguma força. E mesmo assim se esta última decidir fazê-lo sozinha, sem o eterno aliado EUA ou a Europa, o faria mais em nome de seu passado de potência hegemônica… Read more »

Pedro
Pedro
13 anos atrás

The Captain falou tudo. Nesse acordo somente um lado pode sair derrotado: as industrias de armas!

Aí que mora o perigo.

André Oliveira
André Oliveira
13 anos atrás

A visão distorcida oriunda de mentes colonizadas impede alguns de enxergarem pontos positivos no atual processo e de perceberem quem de fato é o Bad Boy deste processo. 1 – O Brasil não entrou de graça nas conversações, muito menos a Turquia. Ambos fazem parte do CS da Onu e realizaram encontros com diversas potências antes da chegarem a este acordo, que, ainda que limitado é positivo, pois representa a primeira oportunidade de progresso no processo de evitar a guerra. Ainda que tudo falhe o Brasil e a Turquia se mantém em evidência por terem conseguido prorrogar o processo. Nenhum… Read more »

Peter Pown
Peter Pown
13 anos atrás

Caro André Oliveira, concordo plenamente.

Tito
Tito
13 anos atrás

E posar para fotos?

E sobre orientação do Chavito?

E assinando um acordo inócuo?

Desculpem os crédulos, mas não boto fé nenhuma no nosso “Grande Timoneiro”.

Mas já está acabando, isso está. (só não sei se vai melhorar ou piorar).

Abs

Yurgen Haltz Von Vienna
Yurgen Haltz Von Vienna
13 anos atrás

E agora José?

Eis uma questão que vai ter que ser explicada pelos EUA e pela Europa: O renomado e sério jornal britânico The Guardian acabou de publicar uma reportagem em que afirma ter a Africa do Sul comprado diversas ogivas nucleares de Israel, portanto, Israel não só possue armamento nuclear desobedecendo as “normas” quanto ainda disemina tais artefatos de destruição em massa vendendo-os a Africa do sul.

O que a comunidade internacional e seu Conselho de Segurança fará contra estes dois países então?