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vinheta-clipping-forte1Após dois ataques israelenses à Síria em menos de três dias, a situação entre os países se agravou, criando cenário internacional complexo e inflamável. A tensão na região aumentou com o anúncio, pela rede de televisão síria, de que uma bateria de mísseis estão apontados contra o país vizinho, “prontos para atacar alvos precisos” em caso de “uma nova violação”. As autoridades do regime de Bashar Al-Assad interpretaram as últimas investidas de Israel como uma “declaração de guerra”, o que abriria espaço para “todas as possibilidades”. Ao mesmo tempo, o Estado hebreu fechou seu espaço aéreo no norte do território até 9 de maio e posicionou duas baterias defensivas antimísseis nas cidades de Safed e Haifa.

Em silêncio sobre os ataques ocorridos na quinta-feira, o governo sírio reagiu abertamente aos novos bombardeios que atingiram três posições militares ao noroeste da capital, Damasco, no fim da noite de sábado. Apesar de ter realizado uma reunião de três horas com seu gabinete, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netayahu, não divulgou nenhum comunicado que confirmasse a autoria dos bombardeios. De toda forma, uma autoridade israelense, que preferiu não se identificar, confirmou os disparos, que “tiveram como alvo mísseis iranianos destinados ao Hezbollah”, movimento xiita aliado do regime de Al-Assad.

O ataque visou um centro de pesquisas científicas em Jamraya, que já tinha sido bombardeado no fim de janeiro por Israel, além de dois alvos militares — um grande depósito de munições e uma unidade da defesa antiaérea. “Cada vez que Israel tiver informações sobre a transferência de mísseis ou armas da Síria para o Líbano (para o Hezbollah), serão atacados”, disse a autoridade israelense.

Pressão

Em entrevista ao jornal The New York Times, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reafirmou sua posição favorável aos israelenses agirem em defesa de seus interesses, protegendo-se da transferência de armamento avançado para o Hezbollah. Políticos americanos, como o senador republicano John McCain, disseram estar preocupados com o aumento da pressão sobre o governo Obama para agir. Obama, pelo menos por enquanto, descartou a possibilidade de os EUA entrarem no conflito. “Eu não tiro qualquer opção da mesa como presidente, as circunstâncias podem mudar. A gente nunca sabe com o que vai ter que lidar, mas (…) não consigo ver um cenário agora em que tropas americanas no chão fariam sentido ou um cenário em que o povo sírio se beneficiaria.”

O Egito e o Irã condenaram os bombardeios, enquanto a Liga Árabe pediu a ação imediata do Conselho de Segurança da ONU. “Trata-se de uma agressão flagrante e uma violação perigosa da soberania de um Estado árabe”, disse Nabil al-Arabi, secretário-geral da Liga. Em comunicado, o governo egípcio assinalou que essas incursões aéreas podem aumentar a complexidade da situação e ameaçar a segurança e a estabilidade da região. “Embora o Egito se oponha vigorosamente ao derramamento de sangue na Síria e ao uso de armas pelo Exército sírio contra suas crianças (…), recusa a agressão contra a Síria, o ataque a sua soberania e a exploração de sua crise interna, seja qual for o pretexto”, acrescentou a Presidência do Egito.

Em carta enviada à Organização das Nações Unidas, o governo de Al-Assad denunciou o Estado hebreu por apoio aos rebeldes, principalmente a Frente Al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda. O ministro da Informação da Síria, Omran al-Zohbi, declarou que o último ataque apenas tornou a situação regional ainda mais perigosa e imprimiu uma prova de que os rebeldes insurgentes são “ferramentas de Israel” dentro do país. “O governo da República Árabe Síria confirma que a agressão abre a porta para todas as possibilidades, em particular porque ela não deixa mais dúvida a respeito da realidade das conexões que existem entre todos os componentes envolvidos na guerra contra a Síria”, destacou Al-Zohbi. O Exército Sírio Livre (ESL), por sua vez, indicou que suas operações não tinham ligação com os ataques israelenses, prometendo “continuar a lutar até a queda de Al-Assad”.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou estar “muito preocupado” e fez um apelo para que se “evite uma escalada” do conflito. Ele “faz um apelo a todas as partes envolvidas a manter a máxima tranquilidade e contenção, e agir de maneira responsável para evitar uma escalada do que já é um conflito devastador e muito perigoso”.

Ajuda militar

O governo do Irã se ofereceu para treinar os militares da Síria para enfrentar os ataques de Israel sem ajuda externa. O comandante do Exército, Ahmad-Reza Poudastan, afirmou que, embora tenham experiência para enfrentar o Estado hebre, as forças do regime de Bashar Al-Assad podem ser aprimoradas. “A Síria tem um poderoso Exército. Com a estrutura e a experiência que tem contra o regime de Israel, pode definitivamente se defender e não há a necessidade de intervenção de outros países”, afirmou Pourdastan.

Premiê turco ataca Al-Assad

Ao discursar ontem para parlamentares, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, fez um dos ataques mais pesados ao presidente da Síria, Bashar Al-Assad, a quem chamou de assassino. “Você pagará um preço muito, muito alto”, vociferou o premiê turco, como se estivesse falando diretamente ao sírio. Ele denunciou que o sírio tem provocado incalculáveis danos a seu país. “Juro diante de Deus, que você pagará por tudo isso”, insistiu.

As declarações foram feitas após o anúncio do bombardeio aéreo por Israel contra o complexo militar sírio que, segundo fontes israelenses, abrigava armas do Irã destinadas ao Hezbollah libanês. “Se Deus quiser, veremos esse assassino, esse matador receber o julgamento que merece neste mundo. E nós vamos rezar por isso”, prosseguiu Erdogan. Na quinta-feira, ele acusara Al-Assad de estar “claramente” usando armas químicas na luta contras as forças de oposição. Os comentários foram feitos depois que o presidente americano, Barack Obama, dissera não ter evidências da prática.

Não é a primeira vez que a Turquia comemora um ataque israelense a Síria. Em fevereiro, o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, ironizou o Exército Sírio após a confirmação implícita de Israel de um ataque aéreo contra um complexo militar perto de Damasco. Na época, Davutoglu, ironizou o Exército de Al-Assad por, segundo ele, mostrar-se incapaz de responder à investida de Israel.

A Turquia rompeu relações com a Síria após exigir em várias ocasiões, sem sucesso, que o regime de Bashar Al-Assad negociasse uma solução para o conflito, que já dura 25 meses e que provocou mais de 70 mil mortos. Desde então, o governo expressou seu apoio à oposição síria e acolheu quase 400 mil refugiados, assim como desertores do Exército sírio. A Turquia também convidou a comunidade internacional a se envolver na busca por uma solução para o conflito.

FONTE: Correio Braziliense via Resenha do Exército

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Fabio
Fabio
10 anos atrás

isso mesmo, Israel tem que se defender mesmo

Marcos
Marcos
10 anos atrás

Países tem interesses, só isso.
Os israelense, por exemplo, não reconhecem o genocídio dos turcos contra os armênios.
Qual os interesses dos turcos na Síria: Não sei.

Vader
10 anos atrás

Ah tá, os caras estão há 2 anos em guerra e os iranianos querem treinar as tropas do Assado? Vão ensinar o que par eles? 🙂

O Irã precisava era parar de mandar armamentos via Síria para o Hezbollah. Porque enquanto fizer isso, Israel vai ter o direito de se defender.

Marcos
Marcos
10 anos atrás

off topic

“Os maoistas estão voltânduuu… Estão voltându os maoistaaasss… Ou: Os derrotados de 1964 e de 1968 oprimem como comediantes o cérebro dos brasileiros vivos e tentam impor a sua agenda morta. Ou: REACIONÁRIOS SÃO ELES!!!”
Reinaldo Azevedo (Veja)

Leitura altamente recomendada!!!

Pastor_Branco
Pastor_Branco
10 anos atrás

Pessoal agradeço a quem puder me ajudar.
Gostaria de entender qual interesse da Turquia nessa historia toda.
Até pouco tempo Turquia e Siria tavam no maior amasso só faltava beijo na boca. E agora ? tão se odiando ? o que houve ? quais interesses ?

Marcílio Diniz da Silva
Marcílio Diniz da Silva
10 anos atrás

Uma Síria não ocupada pelos EUA, é de interesse vital ao Irã – daí todo o resto se explica (se de um lado ou do outro). Será que há a possibilidade disto desbancar num eixo Damasco-Teerã (que, num cúmulo de doidiça, seria apoiado pela Coréia do Norte) com apoio sutil da Rússia?

O regime Sionista não consegue segurar as pontas né? Judeuzinhos esquentados…

Fallschirmjäger
Fallschirmjäger
10 anos atrás

Se o mundo não faz nada, ao menos os judeus estão fazendo algo, mesmo que não seja para ajudar os sírios…

Templário
Templário
10 anos atrás

Primeiro foi o Líbano, agora a Síria está tornando-se um fantoche do Hezbollah (Irã).
A ação de Israel foi legítima!

virgilio
virgilio
10 anos atrás

“Cada vez que Israel tiver informações sobre a transferência de mísseis ou armas da Síria para o Líbano (para o Hezbollah), serão atacados”, disse a autoridade israelense.”

Na boa isso é uma declaração de guerra a Síria!!!!

Júnior Silva
Júnior Silva
10 anos atrás

Israel agredindo um país militarmente e muita gente anda aplaudindo … Israel inventa uma desculpa qualquer sem fundamento para conseguir seu objetivo. O ataque serve mais para ajudar seus agentes infiltrados na Síria do que possível armas para Hezbollah.