“Operação Ypiranga” usa blindados e helicópteros para recuperar fuzis roubados

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Batizada de Ypiranga, a operação deflagrada pelo Exército no Vale do Paraíba para recuperar sete fuzis roubados de um quartel no último dia 8 ganhou o reforço até de veículos blindados normalmente usados em áreas de guerra. A operação foi iniciada após cinco homens armados invadirem o quartel de Caçapava (116 km de SP), renderem sete soldados e levarem os seus fuzis.

Na semana passada, o Exército colocou 200 homens em duas cidades, Caçapava e a vizinha São José dos Campos, onde as tropas ocuparam quatro bairros. Ontem, o número de bairros ocupados chegava a sete em três cidades: Taubaté foi incluída na operação, que somava 520 homens –74 soldados para cada fuzil roubado.

Além de dois helicópteros em uso desde o começo da operação, dois veículos blindados Urutu reforçaram as buscas desde a noite de anteontem. Os blindados, que vieram de Valença (RJ) pela rodovia Dutra, foram estacionados numa área de lazer do bairro Campo dos Alemães, em São José dos Campos, foco da operação.

De acordo com o tenente-coronel José Mateus Teixeira Ribeiro, oficial de comunicação social do Exército em Caçapava, os veículos estão sendo utilizados na operação por exigência da inteligência militar.

Ainda segundo o oficial, o efetivo da operação ultrapassará hoje 600 homens com a chegada de uma tropa que tem entre 80 e cem militares e que será deslocada da cidade de São Paulo. Os soldados mobilizados até ontem são da região do Vale do Paraíba e de Valença (RJ).

O governador José Serra (PSDB) não quis comentar a mobilização de tropas e veículos militares no Estado. Ele afirmou que não conhecia bem essa situação.

O oficial disse não ter uma estimativa do custo da operação. “Nós vamos parar somente quando essas armas estiverem de volta ao lugar de onde nunca deveriam ter saído”, disse.

Apesar do aparato, até agora o Exército só conseguiu recuperar um cinto e uma baioneta, roubados juntamente com os sete fuzis. Os objetos foram encontrados em um terreno por um comerciante de Guararema (Grande SP). Até a conclusão desta edição, ninguém havia sido preso pelo roubo das armas.

Segundo oficiais do Exército, “é praticamente certa a participação de um ex-militar no roubo”. Parte dos homens que recentemente deixou o serviço militar está sendo investigada.

O Exército criou ontem um número de telefone gratuito para receber denúncias sobre o paradeiro das armas: 0800-7712012. O número está sendo divulgado em cartazes, com o título “Denuncie já”, que foram distribuídos na região.

O nome Operação Ypiranga é uma referência ao quartel roubado em Caçapava, batizado assim por sua participação na independência do Brasil.

Autorização

Na última quarta-feira, o Superior Tribunal Militar (STM) informou que todas as operações militares fora dos quartéis precisam de autorização da Justiça. Na ocasião, o comando do Exército em Caçapava informou que essa autorização “estava sendo providenciada”.

Ontem, o tenente-coronel Ribeiro disse que não via necessidade de autorização por se tratar de investigação dentro de um inquérito militar, e não de uma ocupação.

O STM disse, por meio de sua assessoria, que não comentaria sobre a legalidade ou não da ação do Exército, pois o caso está em andamento na Justiça. O Ministério Público Militar informou que não havia disponibilidade de tempo para comentar o caso ontem.

FONTE: Folha OnLine

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Liddell Hart
Liddell Hart
15 anos atrás

A exemplo do que fizeram no Rio de Janeiro, essa será mais uma “Operação Torniquete”.

Os números falam por si. Nenhuma operação baseada em Inteligência envolveria tanto efetivo e equipamento.

Vão cercar, incomodar, e causar prejuízo aos traficantes, até que estes devolvam as armas para se livrar do “carrapato verde”.

É uma estratégia válida, mas mostra a fraqueza da Inteligência do Exército, e a falta de coordenação com as áreas de Inteligência das Polícias.

Vassili Zaitsev
Vassili Zaitsev
15 anos atrás

Está ficando cada vez mais feio para o EB. O roubo desses 7 fuzis, a subsequente busca pelos mesmos, ajudam à manchar a imagem da corporação.

camberiu
camberiu
15 anos atrás

O EB nao respeita nem o STM. Essa achao e’ completamente ilegal, incostitucional e inepta. Todos os oficiais envolvidos nessa babaquice deveiram estar sendo presos.

Sandro
Sandro
15 anos atrás

Isso mostra tambem o despreparo de nossos quarteis que vergonha, traficante invadindo quarteis, esse são os militares que vao protejem nossa nação, sei que nosso pais hj esta com as forças armadas sucateadas, mas isso e vergonhoso, traficante pe de chinelo, mandando ver contra nossas forças militares VERGONHA, Sugestão: Essas armas so vao aparecer se os traficantes resolverem se livrar delas isso e certo, então fação uma pressão em toda a organização, ocupem as principais favelas do pais que logo logo elas aparecem, de quebra ja fazem uma limpezinha na marginada local..
obs: Fantastico o nivel dos nossos soldados!!! hahahahaha

Adler Medrado
15 anos atrás

Se tivessem protegido o quartel de maneira mais profissional e eficiente os fuzis provavelmente não teriam sido roubados e não estaria tendo esse prejuízo na busca pelos fuzis roubados.

Isso na minha opinião demonstra amadorismo do exército. Onde já se viu alguém invadir um quartel tão facilmente para roubar armas? Acho que até a portaria do prédio onde eu trabalho é mais vigiada do que esse quartel aí.

SD Ghesner
SD Ghesner
15 anos atrás

Isso é certo sim.
Primeiro que o armamento é do EB e se o mesmo nao for recuperar quem vai?
Segundo, é uma questao de honra…
… Ninguem invade um quartek e fica por isso mesmo!

REAÇÃO Verde Oliva!

Em frente!

Fela
Fela
15 anos atrás

Sou policial militar em São José dos Campos, e embora a cúpula não confirme, no dia-dia tenho sentido uma grande diminuição da criminalidade, principalmente roubos na cidade. Gostaria que o Exército ficasse para sempre na cidade. Os fuzis irão aparecer logo logo. O tráfico (controlado pelo PCC) não irá suportar.

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15 anos atrás

[…] ontem, porém, a Operação Ypiranga só havia conseguido recuperar um cinto e uma baioneta, levados com os fuzis. Ninguém foi […]

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14 anos atrás

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