O primeiro-ministro do Iraque declarou vitória neste sábado em meio ao início da retirada de tropas de combate dos Estados Unidos de cidades do país. O premiê pediu para a população não perder a fé se a retirada das forças resultar em ataques.
Como parte de um pacto de segurança assinado entre Bagdá e Washington no ano passado, as forças de combate dos EUA precisam deixar centros urbanos até 30 de junho e a força completa que invadiu o país em 2003 precisa se retirar até 2012.

“É uma grande vitória para os iraquianos no sentido de que estamos dando o primeiro passo para o fim da presença estrangeira no Iraque”, disse Nuri al-Maliki durante reunião de líderes da comunidade étnica do Turcomenistão.
“Eu, e vocês, estamos certos de que muitos não queriam que tivéssemos sucesso para comemorarmos esta vitória. Eles estão prontos para se esconder para tentar desestabilizar a situação, mas nós estaremos prontos para eles, se Deus quiser.”

Uma série devastadora de ataques a bomba em abril lançou dúvidas sobre a capacidade das forças de segurança iraquianas de assumir a tarefa das tropas norte-americanas de proteger a população contra insurgentes principalmente sunitas, incluindo a al Qaeda, e outros grupos violentos.
Mas o banho de sangue retrocedeu de maneira significativa em maio e junho tem visto alguns ataques de grande escala.
Não está claro se isso se deve aos esforços da polícia e soldados iraquianos ou se isso significa que os grupos insurgentes, duramente perseguidos nos últimos dois anos na maior parte do Iraque, agora estão sem organização e apoio para sustentar suas ações.

Neste sábado, um caminhão bomba explodiu em uma mesquita do país deixando pelo menos 34 mortos.
“Não percam a fé se brechas de segurança ocorrerem aqui ou ali”, disse Maliki, reiterando alerta de que insurgentes podem tentar aproveitar a retirada norte-americana para lançar mais ataques. Analistas alertaram também que pode haver uma alta na violência antes das eleições parlamentares marcadas para janeiro.
Maliki, um xiita, pediu unidade nacional entre os grupos dispersos do Iraque, mas aproveitou a oportunidade para apunhalar os sunitas, que dominaram o Iraque durante o regime de Saddam Hussein e formaram o núcleo da resistência à invasão do país pelos EUA.
Muitos sunitas não confiam em Maliki e temem que o primeiro-ministro não está interessado o suficiente em dar uma fatia justa do poder a eles, que reprimiram a maioria xiita do país sob Saddam.

FONTE: UOL / Reuters – Khalid al-Ansary

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konner
konner
14 anos atrás

O fato de o Iraque não ter se tornado o aliado seguro e estável que os EUA esperavam, torna o país mais perigoso do que era antes de 2003. O problema da violência crescente entre sunitas e xiitas de todos os efeitos da ocupação americana, talvez seja o mais negativo, isso somado ao fato de que, quando conduziram os xiitas ao poder, os EUA acabaram abrindo espaço para uma aproximação entre Iraque e o Irã. Essa situação tem levado grupos radicais sunitas a buscar alianças com a Arábia Saudita um fenômeno que pode ter implicações negativas no futuro. O complicador… Read more »

adlermedrado
adlermedrado
14 anos atrás

Esse é outro povo que eu não consigo entender, pois os EUA os livraram de um ditador desgraçado assassino e sua laia e sempre ficam os chamando de invasores, etc.

Independente do motivo que levou à invasão, o mundo está bem melhor sem o Sadam e sua família.

mig
mig
14 anos atrás

Naturalmente que os iraquianos odeiam os americanos e com toda a razão ! Como é que ficaria o sentimento dos brasileiros por ex. em relação ao EUA, se os mesmos invadissem o Brasil e provocassem a morte de 4,31% da população do Brasil? O que seria 8.206.344 (8 milhões…) de brasileiros mortos. Proporcionalmente, em termos percentuais ,foi isto o que aconteceu no Iraque: População do Iraque = 27.783.383 hab. *Mortes totais provocadas pela invasão, incluindo a as mortes geradas no caos provocado pela invasão(números de 09/2007): um milhão e duzentas mil pessoas. 1.200.000 é 4,31% da população iraquiana, de 27.783.383.… Read more »

Vassili
Vassili
14 anos atrás

Adler,

Vc já leu o livro 101 Dias em Bagdá?????????????? se puder, pegue em uma biblioteca. Ele explica tim tim o pq dessa “desunião” toda entre sunitas, xiitas, curdos e cristãos no Iraque.

* 101 Dias em Bagdá: Asne Seierstad, de nacionalidade norueguesa.

abraços.

Vassili
Vassili
14 anos atrás

Cinquini,

O título desta matéria parece mais uma declaração do ex-ministro da informação iraquiano em abril de 2003, Mohamed Said Al-Sahaf.

Mesmo com os tanques Abrans na visual dele, durante uma coletiva de imprensa no meio do conflito, ele temava em dizer que os americanos seriam vergonhosamente esmagados em solo iraquiano. E o que era pior, sem que conseguissem pisar em solo sagrado da capital, Bagdá.

Obs: essa declaração ocorreu no Hotel Palestine, bem ao lado do Palácio do Governo, de um lado o Rio Tigre, onde hoje é conhecido como “Círculo Verde”.

abraços.