Exército deve garantir transição à democracia no Egito, diz Obama

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta sexta-feira que as Forças Armadas do Egito devem ajudar na transição à democracia após a renúncia do ditador Hosni Mubarak, no poder desde 1981.

O anúncio da renúncia foi feito pelo vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, na TV estatal. Em poucos minutos, centenas de milhares estavam em festa e aos gritos na praça Tahrir, no Cairo, epicentro das manifestações de oposição. O Conselho Supremo das Forças Armadas comandará o país na transição.

Em um discurso de cerca de seis minutos e inúmeras referências históricas, Obama afirmou ainda que os protestos populares mudaram não apenas o Egito, mas o mundo.

“As Forças Armadas agiram patrioticamente ao proteger os interesses do Egito e devem garantir que a transição será feito para o rumo certo”, disse o presidente, na Casa Branca.

Ele afirmou ainda que o caminho “claro” para o país são “eleições livres e justas”. “Nada mais guiará os próximos dias que a democracia genuína”.

Obama reconheceu que a renúncia de Mubarak, anunciada mais cedo pelo vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, é apenas o começo do complexo processo para instaurar uma democracia em um país que passou 29 anos sob mão de ferro e Lei de Emergência.

“Muitas questões continuam sem resposta, mas estou confiante que o povo egípcio pode achar as respostas, no espírito de unidade que definiu estes dias”, disse o presidente americano, se referindo aos 18 dias de protestos que levaram milhares de pessoas às ruas do Cairo e de outras cidades egípcias para pedir a queda imediata de Mubarak.

Obama citou diretamente o ditador egípcio apenas para dizer que ele acatou “a fome do Egito por mudança”. Mubarak foi um importante aliado dos EUA e do Ocidente na região. Os americanos investiram bilhões em dólares de ajuda militar e outras assistências desde que o Egito se tornou o primeiro estado árabe a fazer a paz com Israel, ao assinar um tratado em 1979.

Washington adotou um tom cauteloso na crise egípcia desde o início e apenas recentemente subiu o tom para pedir claramente a transição à democracia.

Obama reiterou que os EUA continuam um “amigo e parceiro” do Egito, disse que está disposto a ajudar na transição e pediu que o governo árabe continue um ator importante no cenário mundial.

“Egito teve um papel crucial em 6.000 anos, embora nos últimos anos tenha seguido um caminho cego no que se refere ao pedido das pessoas por direitos humanos”, disse Obama, num tom excepcionalmente duro.

Ele afirmou que a revolta popular permitiu que, pela primeira vez, os egípcios sentissem que sua voz conta. “É assim que a democracia funciona”.

“Nenhum evento fechará este abismo imediatamente, […] mas isto mostra que podemos ser definidos pela nossa humanidade comum”.

Obama comparou ainda a revolta a eventos históricos como a derrubada do Muro de Berlim, que encerrou a divisão da Alemanha, a campanha de não-violência de Mahatma Ghandi na Índia e, um ícone que aparece frequentemente em seus discursos, Marthin Luther King. “Tem algo na alma que clama por liberdade”, citou Obama, dizendo que são estes os clamores que vêm do Egito.

“Sempre lembraremos do povo egípcio, o que defenderam e como mudaram seu país e o mundo”, completou.

FONTE: Folha

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Marco Antônio
Marco Antônio
13 anos atrás

Tomara que as Forças Armadas egípcias sejam formadas por homens sérios, dignos dos seus uniformes, que não caiam na insensatez e falta de amor ao país, caindo na tentação de implantar uma nova ditadura no Egito. Que o período de transição transcorra normalmente. O povo do Egito não merece ser traído por quem deve usar armas para defendê-los, nunca governá-los. Que não surja um CORONEL Hugo Chávez ou um GENERAL Hosni Mubarak com a cara de pau de assumir o governo como “civil”. Tem muito deste tipinho dentre os ditadores: os “ex-militares” não eleitos democraticamente. Próximos alvos: Cuba, Coreia do… Read more »

Marco Antônio
Marco Antônio
13 anos atrás

Em tempo: CORONEL Mubarak, não General.

Vader
13 anos atrás

Marco Antônio disse:
11 de fevereiro de 2011 às 21:01

Prezado Marco Antônio, até entendo você mencionar a AS (uma teocracia), mas a Jordânia é uma monarquia constitucional. Informe-se melhor, e se quiser olhar para alguma outra tirania do Oriente Médio, mire um pouco mais para cima da Jordânia (Síria)…

Sds.