O norueguês Anders Behring Breivik, que confessou ser o autor do massacre que deixou 76 mortos na sexta-feira (22), na Noruega, afirmou que trabalhava em conjunto com “duas outras células” para combater a “dominação muçulmana” no país.

“O acusado fez depoimentos hoje que exigem maiores investigações, inclusive afirmando que ‘há mais duas células em nossa organização'”, disse o juiz Kim Heger em coletiva de imprensa após a primeira audiência de Breivik.

A polícia já investigava a possibilidade de Breivik ter cúmplices. Em interrogatório neste fim de semana, contudo, ele afirmou ter agido sozinho.

Na corte, Breivik não quis se declarar culpado. Ele explicou ao juiz que não se considera culpado pois precisava ter cometido estes atos para enviar “um forte sinal” aos noruegueses e proteger o país contra a “invasão” dos muçulmanos.

O juiz Heger determinou que Breivik fique detido por oito semanas, até 22 de agosto, metade das quais deve ficar em solitária e isolamento –sem cartas, telefonemas ou contato com sua família ou a mídia.

Normalmente, o acusado é levado à corte a cada quatro semanas enquanto os promotores preparam o caso, para que o juiz possa aprovar sua contínua detenção. Em casos de crimes sérios ou quando o réu é confesso, é comum este período ser ampliado.

Breivik foi indiciado por atos de terrorismo. O juiz afirmou que sua confissão e outras evidências encontradas pela polícia permitem o indiciamento.

O norueguês de 32 anos disse ainda ao juiz que quis induzir a maior perda possível ao governista Partido Trabalhista, para que não consiga mais recrutar novos filiados.

Ele acredita que o partido falhou com o povo ao não protegê-lo de uma “tomada muçulmana” e o preço desta traição foram os ataques de sexta-feira –um carro-bomba detonado perto da sede do governo, em Oslo, e um tiroteio em um acampamento de jovens na ilha de Utoeya, que deixaram 76 mortos.

Breivik, definido como um fundamentalista cristão, islamófobo e ultradireitista, queria transformar a audiência desta segunda-feira em uma ampla declaração de suas crenças perante o juiz e a imprensa.

Ele afirmou em seu manifesto na internet, publicado antes dos ataques, que apareceria na corte de uniforme e faria uma longa defesa de sua tese.

A audiência, contudo, foi realizada a portas fechadas, um esforço para evitar que um palanque do extremismo. A sessão durou cerca de 35 minutos.

Segundo Geir Lippestad, advogado do acusado, Breivik acredita que seus crimes foram “atrocidades, mas necessários” e que não merece nenhum castigo por eles.

ATAQUES

Na primeira ação, um carro-bomba explodiu próximo à sede do governo, no centro de Oslo, matando oito pessoas. No segundo ataque, Breivik atirou contra os participantes de uma colônia de férias da juventude do Partido Trabalhista (no poder) na ilha de Utoya, 40 km a oeste da capital, provocando ao menos 68 mortes.

Os dois ataques foram cometidos com apenas duas horas de diferença. A hipótese mais sólida era de que o suspeito tinha ativado o carro-bomba que explodiu na capital para depois seguir em direção à ilha, situada a cerca de 40 quilômetros da capital.

Breivik disse à polícia de Oslo ter agido “sozinho” no massacre. Mas depoimentos de alguns sobreviventes deram a entender que poderia haver outro atirador.

Um documento de 1.500 páginas redigido aparentemente pelo norueguês revela que o ataque já era preparado desde o outono (boreal) de 2009.

O documento, publicado na internet diariamente, inclui um manual sobre como montar bombas e um discurso contra o Islã e o marxismo.

FONTE: Folha/Agências Internacionais

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