O ditador líbio, Muammar Gaddafi, divulgou nesta quinta-feira uma nova mensagem de áudio e voltou a pedir a seus partidários que continuem resistindo ao avanço dos rebeldes oposicionistas, que já controlam a maior parte da Líbia.

Gaddafi, que está foragido, disse que existem divergências entre os rebeldes e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em áudio transmitido na televisão por satélite Arrai, com sede na Síria.

“Mesmo que não ouçam minha voz, continuem com a resistência”, declarou Gaddafi. “Existem divergências entre a Aliança da Agressão [Otan] e seus agentes [os rebeldes]”, enfatizou.

“Vamos lutar em todas as ruas, em todas as vilas, em todas as cidades”, disse. “Isso vai acabar um dia. E vamos sair vitoriosos. Eles não têm força para continuar lutando”.

Gaddafi acrescentou que as forças “colonialistas” estão muito fracas e têm medo de deixar que ele e seus apoiadores tenham voz. “Eles tentam esconder a realidade, sem deixar nossa voz ser ouvida. Estão tentando esconder sua fraqueza”, afirmou. “Deixe-me falar com meu povo, se nao tem medo de mim”.

Asilo

O governo da Argélia negou nesta quinta-feira que Muammar Gaddafi esteja no país e assegurou que jamais considerou a possibilidade de dar asilo ao ditador líbio.

“A Argélia não tomará partido em favor de Gaddafi. Jamais consideramos a hipótese de que Gaddafi possa vir a bater em nossa porta”, declarou à emissora francesa Europe 1 o ministro das Relações Exteriores argelino, Murad Medelci.

Em sua declaração, o chanceler também afirmou que a Argélia planeja reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT) rebelde assim que ele “anunciar um novo governo representativo de todas as regiões da Líbia”.

Nesta quinta-feira o governo da Rússia, que havia acusado as forças da Otan de ultrapassar seu mandato para proteger civis na Líbia, reconheceu de forma oficial o CNT como autoridade legítima no país africano.

Barrado

As autoridades argelinas rejeitaram a entrada de Gaddafi no país, e o presidente, Abdelaziz Bouteflika, não respondeu a uma ligação telefônica do coronel líbio, segundo informou nesta quinta-feira o diário “Al Watan”, citando fontes ligadas à Presidência.

Segundo essas fontes, Gaddafi poderia encontrar-se na cidade líbia de Gadames, próxima à fronteira argelina, junto a vários membros de sua família.

As fontes asseguram que todas as tentativas do ditador líbio de entrar em contato com as autoridades argelinas foram rechaçadas.

“Gaddafi tentou falar por telefone com o presidente Abdelaziz Bouteflika, que rejeitou a comunicação”, assegurou ao diário um conselheiro do chefe de Estado argelino citado pelo rotativo.

Segundo a fonte, Bouteflika alegou que estava ausente e ocupado com os assuntos do país para rejeitar a comunicação.

A fonte precisou ainda que não era a primeira vez que Gaddafi ou alguém próximo ao coronel tentava entrar em contato com as altas autoridades do país, entre elas Bouteflika, e ressaltou que sua postura é “clara e neutra”.

“Rejeitamos tomar parte nos assuntos internos da Líbia”, declarou a fonte ao diário “Al Watan”.

Por outro lado, segundo o diário, a entrada em território argelino da esposa de Gaddafi, Sofía, e de três de seus filhos, Aníbal, Mohammed e Aisha, aconteceu “com o acordo e as garantias de alguns membros do Conselho Nacional Transitório (CNT)”.

“Sem a ajuda e o consentimento do CNT, a família de Gaddafi nunca teria chegado à fronteira”, insistiu a fonte.

Sirte

O CNT (Conselho Nacional de Transição) estendeu em uma semana o prazo de rendição da cidade de Sirte, o último bastião de apoio ao ditador Muammar Gaddafi, afirmou o porta-voz do CNT nesta quinta-feira.

O prazo anterior era sábado, dia 3 de setembro. Os rebeldes afirmam que irão atacar a cidade se os gaddafistas não se renderem.

Sirte, terra natal do ditador, está entre as últimas cidades resistentes aos rebeldes. A cidade recebe ataques aéreos da Otan, aliança militar do Ocidente.

Jalil havia pedido à Otan que não abandonasse a campanha militar em prol dos rebeldes, já que, segundo ele, Gaddafi continua sendo uma ameaça.

Em entrevista à rede Al Jazeera, Jalil admitiu que os rebeldes não têm nem ideia do paradeiro de Gaddafi. “Se soubéssemos onde Gaddafi está agora, nossos revolucionários estariam a caminho para capturá-lo. Não temos informação de que Muammar Gaddafi esteja na Líbia ou em qualquer outro lugar.”

FONTE: Folha.com e agências internacionais

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