Por Flávio Ferreira e Silvio Navarro, na Folha:

A Polícia Federal trabalha com o cenário de “risco elevado” para atos de terrorismo na abertura da Copa de 2014, quando os olhos do mundo estarão voltados para a capital paulista. Essa é a avaliação do superintendente da PF em São Paulo desde maio, o delegado Roberto Troncon Filho, 49, especializado no combate ao crime organizado desde 2004. Em entrevista à Folha, o chefe do órgão em São Paulo também critica alterações no projeto de lei sobre lavagem de dinheiro e defende o uso de algemas em operações. Leia trechos da entrevista.

Folha – O que o sr. achou do projeto de lei aprovado na Câmara que altera a legislação sobre lavagem de dinheiro?
Roberto Troncon – A principal mudança positiva é considerar lavagem de dinheiro a ocultação de bens obtidos por meio de qualquer crime.
A atual legislação se limita a uma lista: tráfico de drogas e crimes contra a administração pública e o sistema financeiro, entre outros. O segundo avanço é a ampliação da lista de pessoas obrigadas a prestar informações ao Coaf [órgão do governo que fiscaliza operações financeiras].

Há pontos negativos?
Houve um pequeno retrocesso na Câmara. O projeto previa a requisição pela polícia e pelo Ministério Público de dados cadastrais de bancos, companhias telefônicas, etc. O outro ponto retirado foi o do uso de bens apreendidos pelos órgãos de repressão à lavagem de dinheiro.

Como a PF está se preparando para a Copa de 2014?
Nossa atuação está relacionada ao controle migratório e para isso temos um plano de aperfeiçoamento. Mais de 70% de todo o tráfego de passageiros no Brasil ocorre em São Paulo. Além disso, temos a segurança de autoridades estrangeiras. Há uma grande preocupação com atentados terroristas. Estamos com uma atividade preventiva muito forte, interação permanente com organismos policiais.

A abertura da Copa será em SP. Qual é o nível de risco em relação a ataques?
No Brasil o nível é muito baixo. Mas um evento como a Copa pode ser, sim, palco de uma agressão, não contra o povo brasileiro, mas contra uma delegação estrangeira. Nesses períodos, a visão da PF é de um risco incomum e queremos nos preparar para um cenário em que o risco seria bastante elevado.

FONTE: Reinaldo Azevedo / VEJA

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