Procura – se, desesperadamente, o cidadão de respeito.

Cadê você que tem vergonha na cara, que fica indignado com a injustiça, que deplora o mau caráter, que clama por honestidade e por dignidade?

Cadê você que ama a Pátria, que abre o peito para entoar o Hino Nacional, que se ufana ao ver a Bandeira ser hasteada e tremular no seu mastro?

Cadê você que julga que o mérito é o diferencial das pessoas, e que os mais capazes e dedicados deveriam subir com dignidade nas escalas do sucesso humano?

Cadê você que tem um mínimo de capacidade de julgamento, e que ao constatar que foi enganado não tem ânimo, nem coragem, nem hombridade ou se mulher, a fibra feminina de dar um basta na hipocrisia e na mentira?

Cadê você, rico ou pobre, mal ou bem nascido, que durante a sua vida pautou sua conduta na correção, respeitou a quem merecia, e acreditou que seguindo o bem e afastando o mal poderia ter uma vida justa?

Cadê você, pai que busca preservar e ensinar aos seus filhos a conduta exemplar, os bons costumes, e que os valores e atitudes dignas ainda não foram expurgados?

Cadê você?

Cadê você que está tão sorumbático, que assiste a tantas patifarias e que calado dá a impressão de que aplaude aos cretinos e suas cretinices?

Cadê você que parece aceitar o lixo humano como o seu mestre?

Cadê você que no seu silêncio tornou – se conivente por sua inexplicável ausência de reação?

Cadê você que se tornou amorfo e semimorto moralmente, e que beneficiado por isenções periódicas de IPI, paga as duras prestações, eletrodomésticos, carrinhos de parcos recursos tecnológicos, mas de altíssimos preços, e que maravilhado com as esmolas, é capaz de calar – se diante de qualquer vilania.

Cadê você que não ficou inebriado com a desculpa de que eles são infames, mas que concedem a você bolsas, benesses, e, portanto estão acima do seu reles julgamento moral?

Cadê você? Cidadão de boa conduta, pai exemplar e dedicado, trabalhador honesto, que assiste a um festival de embromação na televisão, que vivencia impassível à promessa de que no futuro seremos autônomos em petróleo, em etanol, etc?

Cadê você que não acredita que a nossa inflação mensal persiste no 0, 0000 e qualquer coisa?

Cadê você, branco, amarelo, mestiço, azul ou vermelho, que será atropelado pelas cotas raciais no ingresso nas universidades?

Cadê você, que gosta de futebol, mas que nitidamente já concluiu que o esporte bretão é o circo que alegra os sem destino e pobres de espírito?

Cadê você que vive nas sombras, que tem receio de aparecer, que está sendo esmagado pelo “politicamente correto”, desvãos morais incutidos na sociedade, paulatinamente, e que consagraram a família gay como um dos segmentos nobres da nossa sociedade.

Cadê você, incógnito na multidão da estrumeira colossal que conspurca o imenso Brasil?

Cadê você, verdadeiro zero à esquerda, escondido na sua calada insatisfação, que sabe que no julgamento do Mensalão existe um sujeito não tão oculto que não foi arrolado entre os acusados?

Cadê você? Você não está sozinho, milhares de brasileiros deploram a impunidade, acreditam nos direitos e cumprem os seus deveres.

Cadê você?

Junte – se a nós, nas praças, nas ruas e em alto e bom som brade o seu repúdio, denuncie o quanto você deplora os rumos caóticos, não apenas econômicos, mas da falta de princípios que assolam esta Nação.

Cadê você que estava em greve de silêncio, que calado seguia fielmente a cartilha da omissão e da conivência?

Rompa com os grevistas e mãos a obra.

Na Semana da Pátria, você será muito bem vindo irmão brasileiro.

Brasília, DF, 04 de setembro de 2012.

Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

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Marcos
Marcos
11 anos atrás

Estou aqui, caro General.
E que vou fazer, após oprimido, humilhado, atacado com todo o poder do Estado?
Minha breve tentativa de luta parou no deputado corrupto, no funcionário público que ganhou alguma vantagem, no empresário que pagou propina, no Juiz que vendeu seu voto, nos que em voltam riam.
Me resta abaixar a cabeça e dizer que esse não é mais meu país.

Giordani
Giordani
11 anos atrás

Somos estranhos em nossa própria casa…

Daglian
Daglian
11 anos atrás

É difícil mostrar-se patriota em um país em que as pessoas tiram sarro do Hino Nacional, de sua letra e, mais ainda, das pessoas que procuram de alguma maneira respeitá-lo.

Pelo menos onde moro, as pessoas lembram-se de sexta como “feriado”, ou ainda como mais uma oportunidade de viagem para o litoral. Mas Dia da Independência? O que é isso?

Marcos
Marcos
11 anos atrás

Posto o vídeo abaixo, para mostrar a diferença entre uma nação é um arroto de país, comandada por uma quadrilha e amparada por grupos de mafiosos, da qual travestem a coisa toda como democracia. Assistam o vídeo até o fim. Segue:

http://www.youtube.com/watch?v=jU8zyB3W0pU

Giordani
Giordani
11 anos atrás

Se o cara hasteia o pavilhão nacional na frente de casa, tiram-lhe sarro; Se o cara hasteia a bandeira do time de futebol, cumprimentam-no.

Bosco Jr
Bosco Jr
11 anos atrás

Eu acho que o problema é muito mais grave que falta de patriotismo ou falta de identidade nacional. O “buraco” é mais embaixo. Estamos atravessando uma fase em que princípios básicos do ser humano estão sendo aviltados. É uma crise existencial, que permeia toda a atividade humana e não apenas seu senso patriótico. Vemos uma falência completa do “ser humano” , e não é só no Brasil não. A vida em si não tem mais valor. A infância não é mais respeitada. O próprio planeta está sendo depredado. Estamos defecando em nossa própria cabeça, em nossa casa, e cometendo crimes… Read more »

Bosco Jr
Bosco Jr
11 anos atrás

correção:
“afirmar” = “afirmamos”

Requena
Requena
11 anos atrás

Perfeito Bosco!

A humanidade caminha a passos largos para seu fim.
Não será na nossa geração. Nem da dos nossos netos.
Mas no futuro não muito distante, porque na história 100 anos não é nada, o ser humano vai pagar pelos seu crimes contra a vida, a natureza e principalmente seus semelhantes.

Sobre a falta de patriotismo dos brasileiros, só digo uma coisa. Esse país está condenado e mediocridade.

aldoghisolfi
aldoghisolfi
11 anos atrás

Meu caro General e companheiros, SMJ, o que existe nesta constatação é fruto da ativa dialética da ideologia dominante que, inflexivelmente leva à demissão de cidadania. Isso faz que fiquemos resmungando, reclamando e não façamos nada mais do que isso. Inclusive a sua engenharia legal, cria leis para tudo e acaba criando situações impensáveis que restam por enquadrar o cidadão de bem no mesmo nível do marginal, que é muito mais e melhor assistido do que qualquer um de nós em qualquer segmento de sua torpe vida. Exemplo: lei do desarmamento que, dentre outras coisa implantou o conceito piloto de… Read more »

Luiz Paulo
Luiz Paulo
11 anos atrás

aldoghisolfi disse: 6 de setembro de 2012 às 10:17 Perfeito. A ideologia dominante inverteu de tal maneira o senso de moral, certo/errado, de limites, que chegamos àquele estágio que Gramsci chama de ‘senso comum’. Aprendendo durante 50, 40 ou 30 anos (no caso do Brasil) sobre relativismos, a ideologia foi quebrando os limites e se acomodando na mente do povo, de forma que estamos dentro de um imenso aquário ideológico. Dentro desse senso comum, onde tudo é relativo, as maiores bárbaries acontecem sem que a massa de pessoas fique minimamente incomodadas. Fruto de um bombardiamento diário de relativismo via tv/escola/jornais.… Read more »

aldoghisolfi
aldoghisolfi
11 anos atrás

Gracias Luiz Paulo! Se começo a discursar não paro mais…