Análise: Bombardeio a fábrica de armas no Sudão provoca reações em Gaza

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A explosão na fábrica de armas em Cartum, capital do Sudão, teve um desdobramento inesperado. O incêndio ocorreu na semana passada (24), resultado de uma sabotagem ou um ataque aéreo, e logo após o incidente,  foram lançados mísseis em direção do reator nuclear israelense na cidade de Dimona, na região de Gaza. A fronteira sul da Faixa de Gaza está a cerca de 40 quilômetros de um reator em Israel, e acredita-se que foram usados mísseis do tipo Grad. Para fins de comparação, os próprios Qassam palestinos alcançam apenas metade dessa distância. Ao mesmo tempo, o bombardeio tem como objetivo chamar atenção, acredita o diretor do Centro de pesquisas sócio-políticas Vladimir Evseiev: “O reator está bem protegido de mísseis por um sistema multinível e uma cúpula de ferro. Esse bombardeio não poderia ter causado qualquer dano, mas o próprio fato do ataque é uma demonstração. Talvez isto seja uma reação aos acontecimentos no Sudão. Pois Israel tem repetidamente atacado o território sudanês, destruindo trens com armas que se destinávam para a Faixa de Gaza. Não há dúvidas de que haja ligação entre o Sudão e a Faixa de Gaza”.

Segundo dados citados pela imprensa israelense, a fábrica de armamentos em Cartum produzia mísseis balísticos de um dos modelos Shahab, desenvolvido pelo Irã. Estava sendo criada lá uma reserva para Teerã em caso de guerra. Pouco depois da explosão das instalações, militares iranianos visitaram o país africano. Nesse caso, o lançamento de mísseis contra Dimona pode ser visto como uma reataliação por parte do Irã. Porém, há uma contradição: o reator foi atacado a partir da Faixa de Gaza, que é controlada pelo Hamas, e suas relações com Teerã não têm sido as melhores ultimamente. O movimento encontrou para si outro patrocinador, na pessoa do Emir do Catar, que recentemente visitou Gaza. Vladimir Ievseiev tem certeza de que o Hamas não está envolvido no incidente: “em Gaza há um número de organizações radicais que não são controlados pelo Hamas. Há o Jihad Islâmico, existem outras estruturas também. É bem evidente que esta ação não é benéfica para o Hamas. Especialmente depois da visita do Emir do Catar a Gaza . Atacar instalações nucleares israelenses não é está nos interesses nem do Catar, nem do Hamas.”

Os “vingadores desconhecidos” que dispararam mísseis contra o reator poderiam ser qualquer grupo islâmico local. Os produtos da fábrica de armamentos no Sudão caiam nas mãos de uma variedade de forças na região, acredita o presidente do Instituto do Oriente Médio, Evgueni Satanovski: “sem dúvida, Israel decidiu destruir a fábrica. O contrabando de armas, inclusive através do Sudão para o Sinai e outros lugares da África – a região do Sahel, da África subsaariana e do próprio Saara, – existia. Especialmente tendo em conta que a liderança sudanesa tinha más relações com Muammar Kadhafi. Agora já não há mais Kadhafi, e os grupos islamâmicos podem facilmente se armar através das fábricas sudanesas.”

Especialistas notam que a produção da fábrica do país era enviada, entre outros, aos aliados do Irã – o grupo libanês Hezbollah e o exército de Bashar al-Assad. Essas entidades interessam ao Irã muito mais do que a Faixa de Gaza. Sendo assim, um indício de envolvimento de Teerã nos eventos em torno de Dimona é pouco provável. No entanto, não se pode excluir a possibilidade de que um certo grupo de radicais com mísseis de Gaza utilizaram os eventos no Sudão para atrair a atenção de potenciais patrocinadores. Que tipo de radicais são esses, se tornará claro quando alguém morder sua isca e passar a visitar Gaza com frequência.

FONTE: Voz da Rússia (Edição e adaptação do Forças Terrestres. Título original: “Poderiam míssies sudaneses danificarem reator israelense?”)

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