O aprofundamento da cooperação bilateral e da parceria no desenvolvimento de projetos estratégicos setoriais foi a tônica do encontro entre os ministros da Defesa do Brasil e da França, Celso Amorim e Jean-Yves Le Drian, nesta segunda-feira, em Brasília.

Na reunião, os ministros também trataram de aspectos gerais relativos à cooperação em defesa, ressaltando a confiança mútua existente entre as duas nações na execução de projetos de interesse comum.“Temos com a França uma relação importante que se estende também na área da defesa. Essa cooperação recebeu um impulso enorme nos últimos anos”, destacou Amorim.

O ministro francês ressaltou a disposição do governo de seu país em manter os compromissos contratuais firmados com o Brasil, sobretudo no aspecto relativo à transferência de tecnologia, requisito indispensável previsto na Estratégia Nacional de Defesa (END) brasileira para aquisições militares.

A França é, atualmente, um dos principais parceiros estratégicos do Brasil no setor de defesa. Durante o encontro, os representantes das duas nações mencionaram alguns dos mais relevantes projetos em conjunto atualmente em curso. O primeiro foi o PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), que prevê a construção de submarinos convencionais e à propulsão nuclear, em Itaguaí (RJ). O outro envolve a produção de 50 helicópteros de transporte, modelo EC-725, fabricados pela Eurocopter e Helibras, em Itajubá (MG).

Na reunião, os ministros também fizeram breves considerações sobre as visões estratégicas dos dois países. Amorim lembrou a influência francesa na formação do Exército Brasileiro e ressaltou a importância na manutenção de uma parceria duradoura, que vá além de um único governo. O ministro brasileiro reafirmou as prioridades geoestratégicas do Brasil, focadas no incremento da cooperação com os países sul-americanos e africanos, mas sem a exclusão de parceiros de outras regiões do mundo.

O encontro entre Amorim e Le Drian resulta no desdobramento das conversas mantidas entre a presidenta Dilma Rousseff e o presidente da França, François Hollande, em julho, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. No próximo mês, a presidenta fará visita oficial à França.

Missões de paz e cooperação

A comitiva francesa chegou a Brasília no último domingo (04). Hoje, pela manhã, foi recebida com honras militares na sede do Ministério da Defesa. Em seguida, as duas autoridades iniciaram a reunião bilateral com suas respectivas equipes, que incluíram comandantes militares e autoridades civis.

No início da conversa, o ministro Amorim deu as boas-vindas ao colega francês e destacou que recebia, pela primeira vez, o ministro do governo Hollande para tratar de assuntos de defesa. Depois, o brasileiro apresentou a proposta dos temas que seriam tratados no encontro.

Entre outros aspectos, os ministros destacaram a participação brasileira nas missões de paz no Líbano e no Haiti. A propósito desse último país, Amorim recordou a doação de US$ 40 milhões feita pelo governo brasileiro para a elaboração do projeto de construção da usina hidrelétrica de Artibonite. O ministro sugeriu a participação francesa no projeto, que tem por finalidade suprir o Haiti de energia elétrica, insumo indispensável para garantir condições para o desenvolvimento socioeconômico da nação caribenha.

Amorim destacou também a participação de um assessor especial do Ministério da Defesa, em evento em Paris, para relatar aos franceses sobre a experiência do processo de elaboração do Livro Branco de Defesa Nacional, que pela primeira vez está sendo editado no Brasil. O governo Hollande vem coletando informações sobre o tema para elaboração de documento congênere que deverá contemplar as diretrizes estratégicas de defesa daquele país. “Isso é uma demonstração de confiança e interesse mútuos”, disse Amorim.

O tráfico de drogas na fronteira entre Brasil e Guiana Francesa também foi assunto abordado na reunião. O ministro francês explicou que seu governo tem permanecido atento em relação ao tema. Ele citou inclusive o patrulhamento da fronteira da Guiana como forma de combate ao narcotráfico.

Ainda em relação ao aprofundamento da cooperação bilateral, os dois ministros conversaram sobre a possibilidade de retomada das reuniões no formato “2+2”, que consiste na participação dos titulares das pastas de Defesa e de Relações Exteriores. Para eles, o encontro poderia se dar a cada ano, como forma de estreitar as relações Brasil-França. A proposta deverá ser encaminhada à consideração dos presidentes e ministros das Relações Exteriores dos dois países.

Programa FX-2

A compra dos caças pelo Brasil no âmbito do programa FX-2 também entrou na pauta do encontro bilateral. Numa breve consideração, o ministro Amorim explicou que o tema está sob análise da presidenta Dilma Rousseff, a quem caberá, oportunamente, a decisão final sobre o assunto.

De Brasília, o ministro francês seguiu para o Rio de Janeiro. A comitiva de Le Drian visitará as obras que contemplam o PROSUB, como a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), além da construção do Estaleiro e Base Naval (EBN) de Submarinos, em Itaguaí* . Ele será acompanhado pelo comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, e do diretor-geral do Material da Marinha, almirante Arthur Pires Ramos.

O ministro conhecerá as futuras instalações que possibilitarão a construção do submarino com propulsão nuclear, marco do PROSUB.

A parceria estratégica entre Brasil e França adotou, entre outras, a Cooperação na Área de Defesa, mediante a qual os dois países desenvolverão parcerias industriais e transferência de tecnologia. Essa Cooperação abrange, como uma das metas, a construção conjunta de quatro submarinos com propulsão convencional (S-BR) e a assistência da França para desenvolver a parte não nuclear do projeto de submarino com propulsão nuclear brasileiro (SN-BR).

FONTE: Ministério da Defesa

*NOTA: não deixe de conferir matéria exclusiva do Poder Naval sobre a visita do ministro da Defesa da França às obras em Itaguaí. Clique aqui para acessar.

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Vader
11 anos atrás

Quem tinha que fazer uma visitinha ao Brasil não era o Ministro da Defesa da França, mas o Ministro da Agricultura, pra explicar porque que a França continua sendo o principal empecilho às exportações brasileiras na Europa, e a mais radical opositora a um acordo de livre comércio de produtos agrícolas a nível OMC. Além de ensaiar uma taxação mundial sobre os biocombustíveis.

Até que isso aconteça, “Parceria Estratégica” com a França será nada mais nada menos que reserva de mercado.

Como diria o saudoso leitor ZE, parceria caracú: a França entra com a cara e a gente…

Saudações.

Vader
11 anos atrás

Ah sim, algo que deixei passar: Se existe alguma coisa da qual não deveríamos em absoluto nos orgulhar é do Exército Brasileiro “Francês” do Pós-Primeira-Guerra. Era uma porcaria. Só servia para caçar cangaceiro no mato. Recheado de equipamento obsoleto gentilmente vendido (a muito bom preço, diga-se de passagem) por nossos “parceiros estratégicos” e com uma doutrina de emprego tão vetusta, tão atrasada, que quando fomos entrar na 2a Guerra Mundial os americanos tiveram que nos ensinar desde abrir latrina a limpar fuzil. O Exército do período que antecede a 2a Guerra Mundial é um exemplo típico de como nossos “parceiros”… Read more »

Blind Man's Bluff
Blind Man's Bluff
11 anos atrás

Talvez o Brasil devesse explicar a OMS pq a alicota de importação brasileira é tão alta, mesmo para produtos que ninguem produz no Brasil. Vc ja parou pra pensar nisso Vader antes de sair criticando?

Acho que nao.

Vader
11 anos atrás

Blind Man’s Bluff disse: 6 de novembro de 2012 às 10:21 Ao contrário do que o sr. possa imaginar cidadão, já pensei sim. E sabe porque a alíquota de imposto de importação brasileira (como os demais impostos, diga-se de passagem) é tão alta? Porque o governo “dos Trabalhadores” adora é fazer reserva de mercado para grande empresa safada e pra banqueiro ladrão, ao mesmo tempo em que rouba do povo, do consumidor, o direito de comprar o que bem entender pagando um preço minimamente justo. É por isso que nossos carros (carroças), por exemplo, custam o TRIPLO do preço de… Read more »

Blind Man's Bluff
Blind Man's Bluff
11 anos atrás

Viu só, você é muito mais inteligente do que seus comentarios aparentam.

Talvez fosse mais interessante olhar o proprio umbigo antes de cagar no jardim do proximo.

Vader
11 anos atrás

Típico comentário de quem não tem nada a dizer além de atacar o argumentador.

Argumento puramente ad hominem.

Lamentável…

Blind Man's Bluff
Blind Man's Bluff
11 anos atrás

Lamentavel é sempre ler seus comentarios depreciativos, repetitivos, sem conteudo nem referencia.

Vader
11 anos atrás

Pois então faça um favor a si mesmo: pule-os. 😉

Blind Man's Bluff
Blind Man's Bluff
11 anos atrás

Não pulo por que o fazer significa segregar, ou melhor dizendo, é como o ditado que diz que o pior cego é aquele que não quer ver.

E as vezes, quando o assunto não é China ou França por exemplo, seus comentarios parecem vir do outro lado do seu cerebro, aquele da razão, muito mais inteligente.

Mauricio R.
Mauricio R.
11 anos atrás

Mais traquitana francesa, inutíl, cara, obsoleta e que custa os olhos da cara??? Saí, passa, afasta de mim esse cálice!!!

erabreu
erabreu
11 anos atrás

Caro Vader

Concordo que a “parceria estratégica” é deletéria. Se é pra fazer parceria, vamos fazer com os melhores. Nisso o tio Samuel Wilson é imbatível.

Contudo, não podemos creditar ao governo do ILUMINADO a esquizofrenia fiscal do nosso Brasil Varonil.

Eles apenas não desmotaram o “armengue” que encontraram, além de estarem usando medidas questionáveis para tentar manter o “embalo’ da economia, perdido desde a crise da marolinha, mas acho que seja assunto para um outro tópico.