Pequim reage ao aumento de tropas e de exercícios

 

 Em novembro de 2011, o presidente Barack Obama lançou no Parlamento australiano um desafio velado às ambições chinesas na Ásia: “Como uma nação do Pacífico, os Estados Unidos vão desempenhar um papel maior e de longo prazo para moldar a região e seu futuro”. Um ano depois, os detalhes dessa promessa -e uma nascente expansão militar americana no Pacífico- estão vindo à tona.

Em meados deste ano, cerca de 250 marines dos EUA, os primeiros de 2.500 a serem enviados para a Austrália, treinaram com colegas australianos e de outros países na Tailândia, na Malásia e na Indonésia.

No primeiro semestre de 2013, o primeiro de quatro navios de combate litorâneo -barcos rápidos, encarregados de observar a Marinha chinesa- iniciou sua missão de dez meses em Cingapura.

Num ambicioso exercício em setembro, em Guam, que não passou despercebido por Pequim, soldados das Forças de Autodefesa do Japão e marines dos EUA “retomaram” uma ilha remota de um inimigo não identificado.

Mas, no momento em que o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, iniciava em 11 de novembro sua quarta viagem à Ásia em 17 meses, intensificavam-se as críticas de especialistas em defesa para os quais o “giro” dos EUA na direção do Pacífico continuava sendo principalmente verbal, embora ele seja suficiente para gerar antagonismo com os chineses.

Funcionários do Pentágono afirmam estar apenas nos estágios iniciais dessa política, e que grande parte do equipamento necessário -novas embarcações, jatos F-35 Joint Strike Fighter e aviões de reconhecimento marítimo P-8 Poseidon, por exemplo- só chegará à região daqui a alguns anos.

Eles dizem também que, se o Congresso não definir rapidamente um acordo fiscal, o Pentágono ficará incapacitado de bancar grande parte de sua estratégia para a Ásia.

Por enquanto, o Pentágono está deslocando armas, como os bombardeiros B-1 e B-52 e os aviões teleguiados Global Hawk, do Oriente Médio e do Sudoeste da Ásia para o Pacífico, aproveitando o fim da guerra no Afeganistão.

A China, que passou o último ano reafirmando suas reivindicações territoriais sobre ilhas que lhe dariam vasto controle sobre a exploração de gás e petróleo nos mares do Sul e Leste da China, continua desconfiada das intenções americanas.

“Esperamos que os EUA possam respeitar os interesses e as preocupações de outras partes na região, inclusive a China”, disse Gao Yuan, porta-voz da embaixada chinesa nos EUA, em declaração por escrito.

A viagem de Panetta a Austrália, a Tailândia e ao Camboja -antecedendo uma visita do próprio Obama à região neste mês- serviu para promover aquilo que o Pentágono prefere chamar de reequilíbrio regional, o que envolve reforçar a presença de tropas e de embarcações, realizar mais exercícios e fortalecer laços militares com nações asiáticas.

Os EUA já têm 320 mil soldados na região do Pacífico, e o Pentágono diz não haver uma redução em vista. Esse volume expressivo contribui para a impressão de que o envio de 2.500 marines adicionais à Austrália não representa muita coisa -embora isso tenha causado uma reação inflamada de Pequim.

Manter treinamentos militares com outros países da Ásia é algo relativamente barato e que pode ser organizado com rapidez. Os EUA aumentaram o número de exercícios e a quantidade de parceiros, num recado à China de que Washington busca melhorar a capacidade militar dos países do quintal estratégico de Pequim.

Meses atrás, Índia e Rússia participaram pela primeira vez, no Havaí, do maior exercício marítimo internacional que existe, o Bacia do Pacífico. Os EUA excluíram a China do exercício, que protestou. Para 2014, a China foi convidada.

Panetta já afirmou que, até 2020, os EUA terão 60% dos seus navios de guerra no Pacífico, e 40% no Atlântico.

Segundo Panetta, isso deve incluir seis porta-aviões, além de muitos cruzadores, destróieres, submarinos e navios de combate litorâneo.

Entre parlamentares e especialistas navais, restam dúvidas sobre os navios de combate litorâneo, fáceis de manobrar e relativamente pequenos, mas que não são projetados para ambientes de combate.

Os esforços do Pentágono para reforçar suas alianças e ampliar a cooperação militar com aliados na Ásia têm causado reações negativas na China.

Em setembro, Japão e EUA selaram um importante acordo para instalar um segundo radar americano avançado de defesa antimísseis no território japonês, o que imediatamente motivou críticas da China.

No último ano, o governo Obama intensificou as negociações para ampliar sua presença militar nas Filipinas.

Um sinal da crescente importância da região é o fato de Panetta e o general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior dos EUA, realizarem agora uma videoconferência a cada duas semanas com o principal comandante americano para a Ásia e o Pacífico, o almirante Samuel Locklear. Funcionários do Pentágono dizem que essa frequência é semelhante à de videoconferências com comandantes americanos em zonas de guerra.

FONTE: Resenha do EB

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Ivan
Ivan
11 anos atrás

São apenas os yankees preocupados com o crescimento econômico e militar da China continental? São apenas as forças armadas americanas que observam com cautela a força do PLA – People’s Liberation Army? Acredito que não. Muitos, senão todos, países do Pacífico oeste e alguns do Índico e da Oceania estão preparando suas forças armadas para um acirramento das relações. Basta observar alguns movimentos discretos russos, como a inteção declarada de basear o primeiro LPH ‘Mistralvisk’ em Vladivostok. Ou uma não tão discreta modernização do armamento no Vietnan, como podemos observar nesta matéria da Voz da Rússia que Defesanet repercutiu: “Vietnã… Read more »

Control
Control
11 anos atrás

Caro Ivan Na verdade há um movimento geral de rearmamento na região do Pacífico e do Sudeste Asiático, movimento que conta com o apoio do Tio Sam, preocupado em estabelecer um anel de contenção ao redor do Dragão. É interessante que este, por sua vez, está dando bastante ênfase na expansão naval, aparentemente buscando fugir a sua tradicional natureza continental e, provavelmente considerando a importância de garantir suas rotas de comércio e suprimento. É bom notar que, apesar de eventuais conflitos de interesse na Ásia, o Dragão vem dedicando o seu interesse a África e a América Latina, buscando garantir… Read more »

Ivan
Ivan
11 anos atrás

Caro Control, Este possível engano Yankee é algo que venho questionando há algum tempo, assim como vc. A América Espanhola fora dos EUA representa em torno de 350 milhões de pessoas. A América Portuguesa ou Brasileira representa mais 200 milhões de pessoas. Somadas a América do Norte (EUA e Canadá), pouco menos de 350 milhões, somos nas ‘Américas’ algo em torno de 900 milhões de habitantes. É pouco? Quase um bilhão de almas, com comida e água farta e quase todos cristãos, com baixa propensão a embates religiosos que foram deixados para trás na história. Por falar em comida e… Read more »

Ivan
Ivan
11 anos atrás

Na África pode ser diferente, talvez ainda pior.

Por lá os chineses levam capital para arrancar as matérias primas, mas também mão-de-obra, que para eles é quase de graça, agindo como colonizadores e criando áraeas de atuação próprias.

O futuro é incerto…

Sds,
Ivan.

Control
Control
11 anos atrás

Caro Ivan N África a situação já está complicada pois toda a região do Sahel sofre com o avanço para o sul do deserto, o que tem levado a conflitos étnicos religiosos (na verdade conflito pela posse de terras) vide caso do Sudão, bem como a eventual desagregação de países (vide caso da Somália e, mais recentemente do Mali), a região central da África é um barril de pólvora étnico e, mesmo na costa do Atlântico o conflito já chegou (Nigéria). Para complicar, há a ação da China, que busca estabelecer fontes de matéria prima e alimentos através de domínio… Read more »