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vinheta-clipping-forte1Depois de declarar estado de guerra contra a vizinha Coreia do Sul, o governo comunista da Coreia do Norte manteve em curva ascendente a tensão regional. Desta vez, ameaçou com o fechamento do complexo industrial de Kaesong, onde cem empresas funcionam numa área governada conjuntamente por Pyongyang e Seul – além de prometer um reforço “quantitativo e qualitativo” de seu poderio nuclear. O presidente norte-coreano, Kim Jong-un, presidiu pessoalmente uma reunião do comitê central do Partido dos Trabalhadores e decidiu que a posse de armas nucleares, classificada como “a vida do país”, deverá ser fixada por lei. A radicalização do discurso renovou as preocupações de sul-coreanos e americanos. Mais do que uma escalada militar ou nuclear, especialistas de ambos os países apontam para indícios de um outro risco, mais silencioso, vindo no Norte: a ação de ciberterroristas.

Segundo a agência estatal norte-coreana KCNA, na reunião de ontem foi decidido também desenvolver um reator de água leve como parte de um plano de abastecimento energético ligado à indústria nuclear para fins civis, além de investir em tecnologia espacial e satélites mais avançados.

“As forças nucleares devem ser expandidas e fortalecidas com qualidade e quantidade até que a desnuclearização do mundo seja alcançada”, informou a agência.

– Esta é uma linha estratégica a ser sempre seguida – declarou Kim Jong-un.

As tensões na Península Coreana aumentaram nas últimas semanas diante de exercícios militares conjuntos de americanos e sul-coreanos na região. E ainda depois de novas sanções econômicas impostas pela ONU em punição a testes balísticos e nucleares perpetrados pelo Norte. Ontem, em tom desafiador, o regime de Kim Jong-un reiterou que suas armas atômicas não são objeto de barganha com o Ocidente.

“São o tesouro de um país reunificado que nunca poderá ser trocado por bilhões de dólares”, dizia o texto divulgado pela KCNA.

Longe dos governos, a retórica belicista causou preocupação também a milhares de trabalhadores das Coreias do Norte e do Sul. As ameaças de Pyongyang de fechar o complexo industrial de Kaesong põem em risco o sustento dos dois lados da fronteira. Pelo menos 50 mil operários norte-coreanos trabalham na região, que responde por US$ 90 milhões do orçamento anual de Pyongyang. A cerca de dez quilômetros da fronteira, o polo de Kaesong foi criado em 2004 como símbolo da cooperação entre os dois países. Segundo a agência Yonhap, o número de operários sul-coreanos é estimado em cerca de 15 mil. O complexo seguia em funcionamento até a noite de ontem.

– Por enquanto, não ocorreram problemas de funcionamento – indicou um porta-voz do ministério sul-coreano da Unificação.

Suspeita de ciberataque e ação contra banco

Países como Estados Unidos, Rússia e Japão já emitiram alertas e condenações à Coreia do Norte. Até pouco tempo atrás ainda apostava-se em alguma tentativa de aproximação com o super fechado regime de Pyongyang após a morte do ex-ditador Kim Jong-il, em dezembro de 2011, e a ascensão ao poder do filho, o jovem e atual mandatário, Kim Jong-un.

– Não podemos permitir uma provocação agressiva da Coreia do Norte – declarou o porta-voz do governo do Japão, Yoshihide Suga.

Apesar de considerar as ameaças como “sérias”, a Casa Branca lembrou que a retórica belicista sempre foi característica do regime comunista norte-coreano. E outras preocupações têm tanto ou mais peso para Washington e seus aliados em Seul – como recentes ataques cibernéticos ao sistema bancário e a redes de TV da Coreia do Sul duas semanas atrás. O Norte nunca admitiu envolvimento, mas especialistas do Sul e dos EUA acreditam que Pyongyang está por trás dos cibercrimes.

– Estamos convencidos de que isso significa que Kim está sacramentando seu lugar entre o povo e os próprios militares, que não o conhecem. Estamos preocupados com o que ele possa fazer depois, mas não estamos preocupados com o que ele ameaça fazer – disse um alto oficial do governo americano ao jornal “New York Times”.

Esses ciberataques teriam, ainda, semelhanças com um ataque balístico do Norte contra um barco do Sul em Cheonan, quando 46 marinheiros sul-coreanos morreram três anos atrás – o fator-surpresa e a dificuldade de provar, oficialmente e em curto prazo, o envolvimento norte-coreano. E essa dificuldade torna mais difícil qualquer tentativa de retaliação.

A ameaça de uma agressão silenciosa também causa desconforto no Sul. Afinal, países que estão prestes a lançar uma ofensiva militar não transmitem seus planos de batalha.

– Você esperaria que uma ordem militar seja dada em segredo. Acreditamos que eles estão jogando com o psicológico – sentenciou o porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano, Kim Min-seok.

FONTE: O Globo via Resenha do Exército

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