General Santos Cruz sobre o Congo: ‘Temos autorização para neutralizar os grupos armados’

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O General Carlos Alberto dos Santos Cruz conversou por telefone com Zero Hora sobre a instabilidade política na República Democrática do Congo e a importância da intervenção

 

Guiherme Mazui


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vinheta-clipping-forte1Após chefiar a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, o General brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz recebeu um novo desafio:repetir o trabalho em terras africanas. Gaúcho de Rio Grande, aos 60 anos o militar comandará mais de 20 mil homens que tentam estabilizar a República Democrática do Congo (RDC).

Batizada de Monusco, a missão tenta pacificar um país com 63,6 milhões de habitantes, que há duas décadas convive com ataques de grupos armados e instabilidade política. Comandante no Haiti entre 2007 a 2009, Santos Cruz atuava no momento como assessor especial de Defesa na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Em Brasília, o general conversou com Zero Hora. Confira os principais trechos.

 

Zero Hora – A missão na África é mais difícil do que a do Haiti?

Carlos Alberto dos Santos Cruz – Tenho 44 anos de Exército e pensei que o Haiti seria o grande desafio da minha carreira, mas esta nova missão é algo maior. O convite veio graças ao bom desempenho do Brasil em outras missões. É um reconhecimento internacional.

 

Zero Hora – Qual a diferença da nova missão para a do Haiti?

Santos Cruz – Cada missão tem sua característica, mas o Congo é um país gigante, com quase 70 milhões de habitantes, enquanto o Haiti é pequeno. Muda a forma de agir. Mas o que importa é que precisamos resolver o problema, que é igual em todos os lugares: o sofrimento das pessoas, as mortes causadas pela instabilidade do país.

 

ZH – Quando o senhor pretende desembarcar na África?

Santos Cruz – O convite formal para o governo brasileiro chegou hoje (ontem). É preciso vencer uma etapa burocrática antes de viajar. Espero resolver tudo o mais rápido. É possível que em maio já esteja no terreno de combate.

 

ZH – Em que região do país o senhor ficará?

Santos Cruz – O quartel-general da ONU é na capital (Kinshasa), mas os conflitos mais graves são no leste do país. O comandante tem de estar junto de seus homens, nos locais de maiores dificuldades. O risco vem embutido no pacote.

 

ZH – A região é assolada por movimentos armados, como o M23. A missão tem autorização para ocupar territórios?

Santos Cruz – A ONU criou uma brigada de intervenção. Temos autorização para neutralizar os grupos armados. Não é apenas tomar territórios ocupados por esses grupos, mas também precisamos controlar informações, evitar fluxo de armas e munições, fazer patrulhamentos, permitir que a população civil possa se deslocar pelo país.

FONTE: ZERO HORA via Resenha do Exército

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wwolf22
wwolf22
10 anos atrás

Somente o General foi convidado ??
Nenhum batalhao do EB vai junto ???
Uma duvida, todo material/equipamentos adquiridos pelo Brasil para uma missao da Onu eh reembolsado pela Onu ou o Pais arca com tudo ??

joao.filho
joao.filho
10 anos atrás

Apesar de ser uma boa noticia que impulsa o Brasil no palco mundial, seria bom pensar muito antes de mandar capacetes azuis brasileiros. Congo nao e Haiti.

Velame!
Velame!
10 anos atrás

A ida do Gen Santos Cruz, se confirmada, será, no mínimo, uma quebra de paradigma. O referido Gen passou para a reserva em Dez 2012. Quando pensamos já termos visto de tudo…
Sds