‘Israel recusa cessar-fogo temporário que não inclua o retorno dos nossos reféns’ – Netanyahu

O secretário de Estado, Antony J. Blinken, instou na sexta-feira os líderes de Israel a tomarem medidas para proteger os civis palestinos em Gaza e permitirem que mais ajuda humanitária entre no território sitiado, em meio a uma guerra que matou milhares de pessoas e inflamou o Oriente Médio.

Mas logo após se reunir com Blinken, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de Israel, pareceu rejeitar o apelo do governo Biden para uma série de “pausas humanitárias” para permitir mais entregas de alimentos, água, remédios e outros suprimentos extremamente necessários e facilitar a liberação de reféns detidos pelo Hamas. Netanyahu disse que qualquer cessar-fogo dependeria da libertação dos reféns israelenses, muitos deles crianças, sequestrados num ataque mortal em 7 de outubro.

“Deixei claro que continuamos com força e que Israel recusa um cessar-fogo temporário que não inclua a libertação dos nossos reféns” mantidos pelo Hamas, disse ele. Ele também se manteve firme na recusa de Israel em permitir a entrada de combustível em Gaza, mesmo quando isso permite remessas limitadas de outros suprimentos vitais.

Blinken disse a repórteres em Tel Aviv que os Estados Unidos eram “solidários” com Israel, mas disse que em reuniões com Netanyahu e outros líderes israelenses, ele enfatizou que “é importante” como Israel conduz sua campanha para derrotar o Hamas. , o grupo militante que controla Gaza. O ataque de 7 de outubro, orquestrado pelo Hamas, matou mais de 1.400 pessoas e fez mais de 200 reféns, segundo o governo israelense.

“Fornecemos a Israel conselhos que apenas os melhores amigos podem oferecer sobre como minimizar as mortes de civis e ao mesmo tempo atingir os seus objectivos de encontrar e acabar com os terroristas do Hamas”, disse Blinken. Ele disse que discutiram “medidas concretas” para proteger os civis, e também “medidas tangíveis” para permitir a entrada de mais ajuda em Gaza, mas não entrou em detalhes sobre nenhum dos tópicos.

Embora o presidente Biden continue a declarar apoio inequívoco a Israel, dizendo que o país tem o direito de se defender, tem crescido a preocupação dentro da sua administração sobre o crescente número de mortos palestinos – mais de 9.200, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas – piorando. condições humanitárias e destruição física provocadas pela campanha de bombardeamento israelita e pela invasão terrestre que durou uma semana.

Com as forças terrestres de Israel a avançar para a maior cidade de Gaza e os seus ataques aéreos a matar e a ferir diariamente muito mais palestinianos, a raiva está a aumentar em toda a região, ao mesmo tempo que Blinken tenta impedir os adversários de Israel de alargar a guerra. Os combates entre as tropas israelenses e o grupo armado Hezbollah aumentaram ao longo da fronteira norte de Israel com o Líbano, e o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, fez um discurso inflamado na sexta-feira denunciando Israel e os Estados Unidos.

Depois de se reunir com o presidente Isaac Herzog de Israel, o Sr. Blinken disse: “É muito importante que, quando se trata da proteção de civis que são apanhados no fogo cruzado criado pelo Hamas, que tudo seja feito para protegê-los e para levar assistência para aqueles que tão desesperadamente precisam.”

Mas ele repetiu que os Estados Unidos permaneceram firmemente apoiando Israel. Ele disse aos repórteres que lhe foram mostradas imagens e vídeos adicionais coletados pelo governo israelense que documentavam o massacre de civis em 7 de outubro. “Isso permanece quase além da capacidade humana de processar, de digerir”, disse Blinken.

Pausas nos combates permitiriam a distribuição de ajuda humanitária, facilitariam as negociações de reféns e permitiriam que mais pessoas saíssem de Gaza através da passagem da fronteira de Rafah para o Egipto, disse a administração. As primeiras centenas de cidadãos com dupla nacionalidade, estrangeiros e funcionários de organizações internacionais foram autorizados a partir esta semana.

Mais de um milhão de habitantes de Gaza foram deslocados pela guerra e o território, bloqueado por Israel, está perigosamente escasso em alimentos, combustível, água e medicamentos. Depois de um corte total da ajuda externa nas primeiras duas semanas da guerra, dezenas de camiões com ajuda deslocam-se diariamente para Gaza.

“Isso é um progresso significativo no espaço de algumas semanas – mas também é insuficiente”, disse Blinken, ecoando a opinião das Nações Unidas e de grupos de ajuda humanitária.

Blinken deixou Israel para conversações em Amã, na Jordânia, com líderes jordanianos e outros parceiros regionais sobre como garantir a libertação dos reféns feitos pelo Hamas e sobre como impedir a expansão da guerra.

FONTE: The New York Times