GBADEX-LADEX 2024 – Exercício de defesa antiaérea na base aérea de Nancy 133
Reportagem e fotos de Jean François Auran*
Apresentação do exercício
Realizado pela Brigade aérienne de l’aviation de chasse (BAAC), o “GBADEX-LADEX 2024” é um exercício de defesa aérea que, pela primeira vez, inclui sistemas de combate a drones.
Especialistas em defesa antiaérea e combate a drones, provenientes dos quatro esquadrões de defesa terra-ar (EDSA) localizados em Avord, Saint-Dizier, Istres e Mont-de-Marsan, reuniram-se para treinar cenários de ameaça aérea de alta intensidade na base aérea 133 em Nancy-Ochey.
Sob o comando e controle tático do Centre de Management de la Défense dans la 3e Dimension (CMD3D), os sistemas de armas de defesa antiaérea incluem um pelotão de Crotale NG e outro de Mamba SAMP/T, operando em cooperação com um sistema anti-drone, composto por sistemas pesados e leves.
No dia 20 de novembro, o exercício foi aberto à imprensa francesa e internacional. Foram realizadas 15 simulações de ataques contra o sistema de defesa terra-ar montado ao redor da base aérea, que abriga a 3ème escadre, equipada com aviões Mirage 2000D renovados.
Os vetores aéreos utilizados pela “força vermelha” incluíram aeronaves lentas DR400 (representando drones), helicópteros Gazelle do 1º Regimento de Helicópteros de Combate (RHC), além de Mirage 2000-5, Mirage 2000D e Rafale. A equipe de defesa terra-ar estava equipada com caças de defesa aérea, geralmente usados além do raio de alcance dos mísseis.
Apresentação do exercício pelo comandante da BAAC
- Desdobramento e coordenação de um sistema terra-ar em camadas múltiplas
- Slide da coletiva de imprensa de 14 de novembro.
Os equipamentos
Os sistemas de defesa aérea
O Centre de management de la défense dans la 3e dimension (CMD3D) é o elemento central de coordenação para todos os operadores da 3ª dimensão. A Armée de l’Air et de l’Espace possui seis CMD3Ds, assim como o Exército. Eles integram pelotões SAMP/T, Crotales NG e equipamentos do Exército. Os CMD3Ds estão conectados a todos os operadores da 3ª dimensão via o sistema Link 16, conhecido como JRE.
O Link 16 distingue dois tipos de plataformas:
- Plataformas C2 (Comando e Controle): Participam no desenvolvimento de uma imagem tática comum (E3F AWACS, E-2C Hawkeye, porta-aviões, etc.).
- Plataformas não-C2: Funcionam apenas como “sensores” e “armas” para as plataformas C2, sob cujo controle realizam suas missões (M2000D, RAFALE, MAMBA).
O sistema de armas terra-ar de médio alcance (SAMP/T)
O sistema de armas terra-ar de médio alcance SAMP/T Mamba oferece uma forte capacidade contra uma ampla gama de ameaças aéreas (aeronaves, drones, mísseis balísticos). Ele é composto por até seis módulos lançadores terrestres (MLT), um módulo de radar e identificação (MRI) e um módulo de engajamento (MDE).
O subsistema de controle de fogo, fornecido pela Thales Air Systems, inclui o módulo de radar para detecção e rastreamento de alvos, com radar Arabel X-band e sistema de identificação amigo/inimigo. O alcance de engajamento é de até 100 km. A Força Aérea Francesa possui quatro esquadrões de defesa terra-ar equipados com oito seções (4×2):
- EDSA 5/900 « Barrois » na base aérea 113 de Saint-Dizier
- EDSA 12/950 « Tursan » na base aérea 118 de Mont-de-Marsan
- EDSA 01/950 « Crau » na base aérea 125 de Istres
- EDSA 0/950 « Sancerre » na base aérea 702 de Avord
Como parte dos 5 bilhões de euros destinados ao fortalecimento da defesa aérea, a Lei de Planejamento Militar 2024-2030 prevê a aquisição de 12 sistemas Mamba NG para substituir os 8 mais antigos. Os primeiros 8 serão entregues entre 2025 e 2030, e os outros quatro antes de 2035. O sucessor do SAMP/T utilizará o radar Ground Fire 300, da Thales, e o míssil Aster 30 B1 NT (Block 1 Nouvelle Technologie).
O Crotale NG
O Crotale NG (Nova Geração), em produção desde 1990, utiliza o míssil VT-1 com velocidade Mach 3.5, fator de carga de até 35G, alcance de 11 km, ogiva de 13 kg (zona de destruição de 8 m) e altitude máxima de 6.000 m. Apesar do nome, o Crotale NG está próximo da aposentadoria. Dois sistemas MICA VL, adquiridos no ano passado de forma reativa, já foram entregues à Força Aérea Francesa. Eles preenchem a lacuna criada pelo envio de dois sistemas Crotale NG para a Ucrânia no final de 2022.
Combate a drones
O combate a drones na Armée de l’Air et de l’Espace (AAE) é organizado em torno do sistema BASSALT, rifles NEROD e, em menor escala, espingardas. O sistema BASSALT detecta, identifica, classifica e neutraliza ameaças de drones por meio de interferências. Ele incorpora um C2 baseado em inteligência artificial e oferece uma visão global da situação em baixa altitude. É composto por vários subcomponentes instalados ao redor da área a ser defendida. Os operadores desses sistemas pertencem ao EDSA.
Componentes do sistema Bassalt
A força de oposição
*É militar reformado do Exército Francês. Faz reportagens e escreve artigos para revistas e sites de defesa
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Parabéns à França, quase tudo nacionalizado e de excelente nível
Acho que faltou só o Mistral para complementar a defesa de baixa altura/anti-drone.
Além disso bosco, faltou o velho e bom canhão automático, como o guepard ou o mais moderno skynex. Temos visto a importância desses sistemas na Ucrânia, via de regra são mais baratos e ideais para enfrentar ataques de saturação devido a sua alta cadência de fogo.
Sem dúvida.
Os franceses não utilizam canhão na sua AA, mas forçosamente irão ter que adquiri-los em algum momento (além do laser).
Caro Bosco …saberia dizer o quão eficiente é uma metralhadora .50 na defesa de drones a baixa altura? aqueles reparos duplos, algum até quádruplos de metralhadoras dessas que existia na época da 2 guerra e também guerra da Coreia ainda existem?
Rafael,
Se a metralhadora for combinada a um sistema de controle de tiro automático ela é sim muito valiosa contra drones tipo 1 e 2 e nem precisa ser dupla ou quádrupla.
Já se for no “manual” aí acho que apesar de válida é ineficiente.
Entendo…embora a .50 seja um armamento de emprego mais barato que o canhão o que deve encarecer são esses sistemas de controle de tiro que mencionou e se for investir nisso, melhor investir em um sistema com canhão que tem mais opções de munições e melhor alcance….estava lendo que na guerra da Ucrania, a tropa estava usando até escopeta contra drones, faz sentido pois o chumbo abre e satura uma grande área e os drones pequenos são relativamente frágeis….o pessoal vai se adaptando.
No Ocidente métodos de orientação tipo “comando” estão rapidamente caindo em obsolescência.
Hoje os americanos, só para citar um exemplo, possuem apenas dois sistemas, o TOW (míssil antitanque) e o PAC-2 do sistema Patriot, sendo que este adota um sistema semi-ativo terminal.
Outro método que rapidamente está entrando em obsolescência é o “radar semi-ativo” para mísseis AA, sendo substituído por métodos dotados de seeker autônomos (IIR, radar ativo…).
Sem sombra de dúvidas sistemas autônomos são superiores, mas o que me preocupa nesta filosofia é no caso de uma guerra prolongada o custo pode ficar muito alto. As vezes é bom ter algo mais em conta pra complementar estes sistemas.
Claro que sempre dá pra reativar uma linha de produção, mas isso leva tempo.
Era para o Brasil ter capacidades semelhantes, ler uma matéria dessa só me entristece de ver que não temos capacidade nem próxima disso.
Tão dizendo que a defesa antiaerea brasileira é baseada em dois pilares….pilar um é um estilingue e o pilar dois é um sonho….passível de sofrer bullyng na roda de aliados…rs
Interessantíssimo.
Tenho ca para mim, que esse sistema SAMP/T está nos olhos da FAB… quem lembra daquele slide com os F-16, deve ter visto um Patriot na parte inferior. Creio que este esta fora de cogitação… mas esse sistema da MBDA, muito similar ao sistema estadounidense, cairia bem à FAB…