A Liderança e o Cinema: ‘Um Domingo Qualquer’ (1999)

‘A liderança é a capacidade de mobilizar outras pessoas para alcançar objetivos comuns e compartilhar resultados desejados’
Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)
Este artigo trata da liderança, mais especificamente, da sua relação com o cinema. A prática da liderança consiste em influenciar pessoas, de tal modo que, possamos conquistar sua confiança, respeito e lealdade. Os filmes do gênero drama, que permanecem exercendo um grande fascínio sobre o público em geral, são caracterizados por relacionamentos difíceis, emoções intensas e, principalmente, pelo fator psicológico dos personagens. A liderança pertence ao campo das ciências humanas.
Um Domingo Qualquer (“Any Given Sunday”) retrata o mundo do futebol profissional norte-americano e, em especial, a importância da liderança na gestão da equipe do “Miami Sharks”, quando o líder se coloca entre seus liderados. O filme é um drama esportivo, que foi dirigido pelo icônico cineasta Oliver Stone. O longa acompanha a trajetória da equipe num ambiente competitivo, estressante e com marcantes desentendimentos. Nesse sentido, podem prejudicar a performance da equipe na NFL (“National Football League”).
Tony D’Amato (Al Pacino) é o veterano treinador fictício do “Miami Sharks”. Ele é um líder experiente, que se coloca entre os jogadores. Dessa forma, busca identificar os problemas do grupo para manter a equipe coesa, apesar de estar desmotivado. O filme também evidencia a atuação do vaidoso jogador Willie Beamen (Jammie Foxx), cujo crescimento na carreira e perfil individualista gera conflitos no grupo.
Ao mesmo tempo é ele quem volta a motivar a equipe quando as vitórias voltam a acontecer. O filme com 3 horas de duração é bastante realista no que se refere aos altos e baixos dos jogadores, da comissão técnica e dirigentes da equipe. Aborda também a gigantesca pressão que os negócios exercem no mundo esportivo. Os “Sharks” chegam aos “playoffs” da competição, mas o ambiente do vestiário não é dos melhores. Ainda existem desavenças e pressão por vitórias.
Assim sendo, Tony D’Amato (Al Pacino) faz um emocionante discurso, que desperta nos jogadores o famoso “sangue nos olhos” para disputar as partidas decisivas. O líder eleva a auto-estima dos jogadores. A valorização da responsabilidade de cada jogador, da cooperação e da união estão presentes nas vibrantes palavras do treinador. O líder nasce e cresce com o grupo, fazendo parte dele.
“Você descobre que a vida se joga aos poucos. O futebol americano também. Porque nos dois jogos, na vida e no futebol, a margem de erro é tão pequena; que meio passo antes, ou depois, e você não consegue; meio segundo antes, ou depois, e você não agarra. As polegadas que precisamos estão por todo lado ao nosso redor. Estão em cada oportunidade do jogo, em cada minuto, em cada segundo. Neste time lutamos por essa polegada” – Al Pacino, trecho do discurso no filme “Um Domingo Qualquer”.
- Filme: Um Domingo Qualquer (1999)
- Diretor: Oliver Stone
- Atores Principais: Al Pacino, Cameron Diaz, Dennis Quaid, James Woods e Jamie Foxx
- Disponível em: Amazon Prime Video e Apple TV
SITES CONSULTADOS
- https://www.administradores.com.br/artigos/um-domingo-qualquer-quando-o-lider-se-coloca-entre-seus-liderados
- https://www.treasy.com.br/blog/peter-drucker/
- https://tv.apple.com/br/movie/um-domingo-qualquer/umc.cmc.39kdx86eu67g7e3e2e2pos81s
- https://www.youtube.com/watch?v=53BH-97yWhU Trailler Legendado
Rápida análise comparando “Um Domingo Qualquer” (Any Given Sunday, 1999) com o cenário atual da política nacional e as sanções norte-americanas contra o Brasil.
1. Liderança em crise e disputa de protagonismo
No filme, o técnico veterano (Tony) tenta manter a ordem enquanto é pressionado por interesses comerciais e pelo surgimento de novos jogadores.
No Brasil, há algo semelhante:
• O governo tenta manter uma retórica de soberania e independência, mas enfrenta pressões externas (como as sanções dos EUA) e internas (crise política, desconfiança, conflitos de poder).
• Existe uma disputa entre “velha política” e “nova política”, mas sem uma transição clara ou harmônica que mostre ao país saídas além do populismo.
As sanções dos EUA, focadas em setores estratégicos (aço, carne, combustíveis, máquinas), mostram que os “donos do jogo” internacionais estão sinalizando os limites do campo. Assim como a dona do time no filme pensa no lucro e no mercado, os EUA usam as sanções como ferramenta para proteger seus próprios interesses e colocar o Brasil “no banco” quando convém.
2. Economia e interesses corporativos acima do coletivo
No filme, a saúde dos jogadores é ignorada em nome do espetáculo e do lucro. O jogo vira um negócio, não mais um esporte.
A política brasileira também é tratada como um jogo corporativo. As relações internacionais não são mais pautadas apenas por diplomacia, mas por interesses geopolíticos e comerciais estratégicos.
• As sanções norte-americanas mostram que o Brasil é visto como peça secundária no tabuleiro econômico global, principalmente ao se afastar dos interesses dos EUA em temas como energia, alimentos tecnologia militar, pretensas soberanias marítimas, Brics e Israel.
• O conflito entre Brasil e EUA lembra a disputa entre o treinador e a diretoria do time no filme: um lado fala de valores e soberania, o outro fala de números e poder.
3. Improviso e falta de preparo na nova geração
O personagem Willie Beamen representa certa juventude: talento bruto, mas sem preparo político nem maturidade. Falta inteligência emocional.
Na política atual, muitos dos líderes (tanto no Brasil quanto no mundo) estarão surgindo como “outsiders”, mas a falta de experiência e visão estratégica está custando caro principalmente devido a não formação técnica, acadêmica e intelectual.
O Brasil tenta reagir às sanções com improviso, declarações inflamadas e alianças improvisadas (como acordos com países alternativos), mas ainda sem uma estratégia clara de longo prazo. É como o quarterback que faz jogadas arriscadas sem ter um plano de jogo consolidado.
4. O discurso do vestiário e o espírito de sobrevivência
No final do filme, há o famoso discurso do vestiário, onde Tony fala sobre lutar “polegada por polegada”. É um chamado à união e à resiliência.
No cenário atual, o Brasil também está nesse momento:
• Ou se reorganiza internamente vencendo o corporativismo e entende o jogo global, ou continuará sofrendo sanções, retaliações e isolamento.
• A sobrevivência política e econômica vai depender de habilidade para negociar e jogar o “jogo sujo” das potências globais, mas sem perder a base social, econômica e apoio popular.
Reflexão
“Um Domingo Qualquer” é sobre um time à beira do colapso tentando se reinventar.
O Brasil hoje está em situação parecida: pressionado por forças internas e externas, com um jogo político e econômico cada vez mais duro e sem tempo para amadorismo.
As sanções dos EUA são um aviso: o Brasil está sendo testado como um jogador que talvez tenha passado dos limites…como o anúncio da construção da ferrovia transpacífico, ao lidar com supremacistas. Ou o Brasil se ajusta ao jogo cada vez mais sujo ou fica no banco.
O mundo caminha de volta às crises do passado quando parecia que iria encontrar soluções para a fome e a pobreza e essa ainda é a expectativa do ultrapassado e narcisista Lula.
1. Crise da Democracia Liberal
Desde 2008, com a crise financeira global, os modelos tradicionais de democracia começaram a perder força. As pessoas passaram a desconfiar das instituições, dos políticos e dos processos formais. Espaço aberto para líderes autoritários, racistas, nacionalismos e populismos.
2. Polarização e Redes Sociais
As redes sociais criaram bolhas e extremismos. Hoje, quem grita mais, ganha espaço. O debate moderado perdeu força. O algoritmo prefere o conflito. O medo e a coação tomaram conta do comportamento humano.
3. Guerra Econômica e Tecnológica
Estamos num cenário de guerra comercial, com sanções, bloqueios e brigas por recursos estratégicos. Isso leva os países a adotarem medidas mais fechadas, menos diplomáticas. Cada um pensa em proteger seu quintal e endurecer as regras.
4. Ascensão dos BRICS e medo do Ocidente
Os EUA e a Europa reagem ao crescimento de países como China, Rússia, Índia e Brasil com medidas que parecem comerciais, mas são também geopolíticas. As sanções recentes ao Brasil fazem parte desse jogo: “Se você sair do meu script, eu aperto o cerco.”
O Brasil está num dilema. Quer se afirmar como potência regional, mas está sendo puxado para esse mundo mais duro e fechado.
• Autocracia do mercado: Nem sempre é um ditador clássico, às vezes é o poder econômico e militar impondo regras.
• Autocracia política: Em vários países, inclusive no Brasil, há tentativas de controlar o Judiciário, a imprensa e Forças Armadas.
• Autocracia social: Pessoas cansadas de crise aceitam mais facilmente governos duros, que prometem “botar ordem”.
Estamos entrando num ciclo de fechamento, parecido com o período entre guerras (décadas de 20 e 30), quando houve crise econômica, ascensão de líderes autoritários, aumento do nacionalismo, genocídios, aumento da pobreza, contestação de soberanias e destruição de fronteiras.
Vamos recordar que soberania não trata somente da defesa da autodeterminação e das fronteiras físicas mas também de impor o pensamento e o comportamento, vide a atual importância religiosa na condução política dos Estados Unidos e Brasil.
O jogo do mundo ficou bruto. A bola agora é de ferro, e as regras estão sendo reescritas por quem grita mais alto. O tempo não é de ingenuidade, é de visão estratégica. Quem entende o campo, sobrevive. Quem acha que ainda é só um jogo bonito, fica para trás.
Lideres de vestiário e líderes de torcida precisam de suportes técnicos. Joel Santana dizia;
– Vamos jogar o jogo!
Atenciosamente,
Esteves, o Tosco
Até no cinema o time de Miami na NFL é muito ruim…