Uma hierarquia das potências

Além da definição do conceito de poder (potência), é possível estabelecer uma hierarquia entre os Estados, em função de sua vontade e de suas capacidades de ação na cena internacional. Esta classificação apenas pode ser estabelecida para um período pré-definido, porque as capacidades dos Estados nunca são fixadas no tempo, e os elementos do poder evoluem, parecendo alguns menos importantes em certos períodos que noutros.

Potências mundiais ou superpotências

Tratam-se de Estados que têm capacidade e o interesse em agir de modo universal. Aliás, nenhuma questão importante de ordem internacional poderá ser resolvida sem seu acordo.

Durante o período da Guerra Fria (1945-1989), o mundo parecia dominado por duas potências maiores, que eram qualificadas de superpotências: EUA e URSS. O poderio desses dois Estados baseava-se, antes de tudo, no seu potencial diplomático-militar e na sua vontade de se envolver nos assuntos do mundo. Com o fim da URSS em 1991, os Estados Unidos mantêm-se como os únicos que podem ser qualificados de potência mundial. A URSS caiu e a Rússia, devido às suas particulares dificuldades econômicas, não pode ainda pretender a esse estatuto.

Grande potências ou potências médias

O concurso das grande potências, consideradas as suas capacidades, pode ser, em certas ocasiões, indispensável à resolução dos problemas internacionais. Ao contrário das potências mundiais, a sua intervenção nem sempre requerida. As potências médias não se interessam em todas as questões, nem por todos os espaços.

É o que se passa com a França, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que conserva uma influência tradicional na África, mas cuja ação no continente latino-americano é mais limitada. O mesmo se passa com a Alemanha e o Japão, que pelas suas capacidades financeiras e comerciais asseguram, em nível internacional, um papel importante nesses dois domínios. Em contrapartida, no plano militar, o Estado não intervém, a não ser em operações conjuntas com outros países. Quaisquer destes exemplos bastam para mostrar a heterogeneidade desses países, que são classificados de potências médias.

Potências regionais

O termo potências regionais remete para uma esfera de capacidade e de influência numa lógica de proximidade. Pelas suas capacidades, estas potências são muito diversas. Algumas são muito populosas, outras dispõem de capacidades militares desenvolvidas. No entanto, faltam-lhes elementos essenciais à potência, em particular no domínio da economia. Isso não as impede, entretanto, de dispor de uma influência predominante nos problemas regionais. O Egito, Índia, Paquistão e Brasil, podem ser qualificados de potências regionais.

As pequenas potências

Esta categoria comporta o conjunto dos outros Estados que, pelas suas capacidades limitadas, são vulneráveis, particularmente do ponto de vista de sua segurança. Se o princípio da soberania poderá protegê-los de toda influência externa, nem sempre isso acontece. Através de alianças, esses Estados podem reduzir a sua vulnerabilidade e repelir certas potências demasiado hegemônicas. Entre os cento e oitenta e cinco Estados membros das Nações Unidas, a maior parte pertence a esta categoria de pequenas potências.

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João Curitiba
João Curitiba
14 anos atrás

Para se saber se um país é potência ou não, independente de uma das 4 classificações aqui mostradas, precisamos observar: 1) Ele é forte no comércio exterior? 2) Ele tem influência sobre outros países? 3) Possui empresas instaladas no exterior? 4) Ele ajuda financeiramente outros países? 5) Lidera missões da ONU? 6) Seu povo tem qualidade de vida? 7) Possui forças armadas bem aparelhadas? 8) Possui independência tecnológica? 9) É forte na pesquisa e desenvolvimento? 10) É hostilizado por povos de outros países? Se um país preencher todos estes requisitos, então ele é uma superpotência. A medida que os itens… Read more »