Natuza NeryDE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto começa a revelar pessimismo em relação à visita de Barack Obama, neste final de semana, e reclama da resistência dos EUA em discutir temas de interesse do Brasil, apesar do discurso corrente de implantar um novo capítulo nas relações entre os dois países.

Segundo a Folha apurou, a declaração de um funcionário da Casa Branca, publicada na edição de ontem do jornal, ajudou a “azedar” o clima pré-visita. Mike Froman, vice-conselheiro de segurança nacional de Obama, afirmou que a “viagem é fundamentalmente a respeito da recuperação econômica e exportações americanas”.

Nas palavras de um integrante da Presidência, trata-se de um visão utilitarista dos EUA sobre o Brasil, principalmente diante da preocupação da presidente Dilma Rousseff com o deficit comercial brasileiro em relação ao mercado americano — US$ 7,731 bilhões em 2010, em dados do Ministério do Desenvolvimento.

O desânimo foi reforçado pela informação de que o mandatário não iria a um jantar que Dilma havia sugerido no Palácio da Alvorada.

A equipe que negocia os termos do encontro oficial comunicou que Obama gostaria de deixar Brasília rumo ao Rio de Janeiro no fim da tarde de sábado, não por volta das 20 horas, como inicialmente pensado. Até segunda ordem, o evento se transformou em um rápido encontro de despedida.

Representantes da diplomacia brasileira, porém, evocam outro tipo de visão. Consideram que a chegada do presidente da mais importante economia do planeta em menos de três meses de governo já é, por si só, um “êxito”.

Apesar da contrariedade entre não diplomatas, o Itamaraty não faz reparos à lista de acordos e termos de cooperação que sairá da visita.

Dilma, embora reconheça o simbolismo da visita, tem dito a assessores que desejava ver do parceiro sinalizações mais concretas de aproximação. Na pauta de seus sonhos, o apoio à campanha brasileira por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

À medida que as negociações avançavam, multiplicavam-se as críticas no Planalto. Um interlocutor palaciano argumenta que os EUA tentam vender seus caças F18, mas dizem não aos aviões da Embraer.

Afirma que os americanos desejam entrar na indústria do pré-sal e cooperar na área energética, mas não discutem as tarifas à importação do etanol brasileiro.

Nas reuniões preparatórias, ministros relembram o financiamento de US$ 10 bilhões que a China concedeu à Petrobras no passado.

Um acordo para tratar de uma futura e gradativa eliminação da exigência de vistos a visitantes brasileiros nos EUA não deve sequer entrar nas conversas oficiais.

FONTE: Folha de São Paulo

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Vader
13 anos atrás

De novo a viagem na maionese do Brasil com assento permanente no CS da ONU. Precisam avisar pro MAG et caterva que querer não é poder. Pra se ter assento no CS da ONU precisa ter antes de mais nada ARMAS. Em quantidade e de qualidade. Em suma, precisa-se ser dono do próprio nariz. Quanto ao resto aguardemos. É um começo de relação, após as estrepulias dos bolivarianos do governo anterior, e todo começo é delicado; há que se ter paciência de lado a lado. Agora, querer relacionar a venda de STs por SHs é ridículo. Falta de se colocar… Read more »

Observador
Observador
13 anos atrás

Volta e meia, vem à baila esta idiotice de assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Se alguém acha que vamos ter apoio dos EUA para uma vaga depois das bobages feitas sobre Honduras, Irã e outros episódios bisonhos da diplomacia brasileira, pode esperar sentado. Por causa disto (a busca pela vaga permanente no CS) se deixa de lado outros temas muito mais importantes para negociação do que isto e se faz burradas históricas como o reconhecimento da China como economia de mercado, destruindo nossa índustria, em troca da promessa de apoio dos chineses a vaga permanente no CS… Read more »

Antonio M
Antonio M
13 anos atrás

E o Cabral diz que vai pedir a tal indicação, baseado nos critérios utilizados para a Índia. Esse politicóide não sabe que a Índia possui armamentos nucleares? Sem falar de sua grande força convencional por causa de seus atritos com vizinhos? E ainda, sendo membro do CS o país precisa desembolsar uma quantia muito maior de $$$ para a ONU e em caso de envio de tropas, o país membro é obrigado a cumprir a determinação da ONU seja onde for a região do conflito no planeta?!?! E mal conseguimos fazer o trabalho no Haiti e atender as catastrofes naturais… Read more »

Rodrigo
Rodrigo
13 anos atrás

Faz até sentido o Cabral solicitar o assento..

A polícia do RJ, tem mais operacionalidade que as FFAA

KKKKKKKKKKKK

Estou sentindo falta do Marinho.

Cade ele?

Wagner
Wagner
13 anos atrás

Obama devia responder:
” Vc colocaria uma criança no comando de um navio ??”

Vader
13 anos atrás

Antonio M disse: 17 de março de 2011 às 14:58 “Ele pensa que ser membro do CS é ficar apenas discursando no seguro palanque da ONU em Nova York mesmo” A mediocridade e a estupidez de nossa classe política é simplesmente deprimente; coisa de fazer gringo urinar nas calças de tanto rir. Americanos, russos, chineses, ingleses e franceses, quando lêem essas coisas, devem pensar mesmo que somos todos aborígenes da Idade da Pedra Lascada… Não é só o Sérgio Cabral que acha isso não, a politicalha nacional inteira pensa assim… Que vergonha. Pobre Brasil, um povo estúpido, conduzido pelas guampas… Read more »