RIO – Preocupação com a Rocinha existe, mas o Exército, que vai cuidar este ano da segurança da Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, já não encara o tráfico de drogas como seu inimigo número um, como era há duas décadas, durante a Rio 92, quando a cidade vivia uma onda de violência. Com a pacificação das principais favelas cariocas, resultado da expansão das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o medo, agora, é de ações terroristas e crimes cibernéticos, como os recentes ataques de hackers a páginas eletrônicas do governo brasileiro e de bancos do país.

O Exército prevê segurança máxima no ar, no mar e em terra. Haverá bloqueios perto dos locais de eventos, com proibição do uso do espaço aéreo; vigilância nos aeroportos do Rio e de São Paulo; pente-fino nas estradas federais e estaduais e monitoramento de embarcações próximo à costa. Instalações estratégicas, como a usina nuclear de Angra dos Reis, a Reduc e complexos de abastecimento de água, luz e gás, serão vigiadas. As lagoas de Jacarepaguá – nas imediações do Riocentro – serão tomadas pelas forças de segurança. Além disso, mergulhadores da Marinha já estão prontos para inspecionar até cascos de embarcações na Baía de Guanabara.

General da pacificação comandará esquema

O controle de toda a segurança da Rio+20 será feito de um salão no Comando Militar do Leste (CML), no Centro. À frente das operações estará o general Adriano Pereira Júnior, oficial que participou do processo de pacificação dos complexos da Penha e do Alemão. A partir de 4 de junho, funcionará no CML o Centro de Coordenação de Operações de Segurança, com a presença de representantes das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e de todos os setores de segurança do estado e do município.

Em comparação com outros grandes eventos na cidade, a novidade será a instalação de um Centro de Monitoramento Cibernético, que terá agentes especializados em acompanhar movimentações suspeitas na internet e rastrear seus autores. O grupo também vai proteger informações trocadas por chefes de estado.

Os detalhes do esquema de segurança ainda estão sendo traçados, mas é certo que a mobilização de soldados terá discrição bem maior que há 20 anos. As Forças Armadas planejam um aparato mais “limpo”, como explicou o coronel Saulo Chaves dos Santos, chefe de Comunicação Social do CML:

– Blindados serão usados e vamos empregar aeronaves e mais de dez mil homens e mulheres. Teremos atiradores de elite, forças especiais, grupos antiterror e helicópteros. Mas, se população vai ver isso tudo, é outra história. A ideia é usar a máxima segurança sem atrapalhar a rotina da cidade.

Efetivo terá aumento de 33% em relação à Rio 92

Apenas o Exército deve mobilizar dez mil homens e mulheres. Outros dois mil virão da Marinha e cerca de 800, da Força Aérea, além de agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e das polícias Civil e Militar do Rio. Contando com guardas municipais e soldados do Corpo de Bombeiros, o efetivo total poderá chegar, em alguns dias, a 20 mil homens. Um aumento de 33% em comparação ao aparato militar usado há 20 anos, durante a Rio 92.

– Não temos históricos de ações terroristas no país, mas, quando assumimos o compromisso de sediar um evento dessa magnitude, importamos preocupações. Cada delegação estrangeira apresenta uma particularidade – diz o delegado Victor Cesar Santos, da Polícia Federal, que também cuidará da segurança do evento.

A Rio+20 – que será realizada de 13 a 22 de junho – marcará os 20 anos da realização da Rio 92. São esperados 120 chefes de estado. O Riocentro sediará uma reunião de cúpula. A segurança do evento será estendida à Arena HSBC, na Barra; à Quinta da Boa Vista; ao Píer Mauá e ao Aterro do Flamengo. A organização estima que cerca de 50 mil pessoas serão credenciadas. Os gastos com o aparato, segundo o Ministério da Defesa e o Comando Militar do Leste, deverão chegar a R$ 150 milhões.

Estarão mobilizados 300 especialistas das unidades antiterror do Exército e da Marinha. A sede do Comando de Operações Táticas deverá ser transferida de Brasília para o Rio. Homens treinados para defesa de ataques químicos e bacteriológicos ficarão em estações de descontaminação. Para escapar do trânsito do Rio, chefes de estado terão a opção de se locomover pelo ar. No Riocentro, serão instalados três helipontos.

Existe planejamento até para um colapso na segurança pública do estado – como uma paralisação geral das polícias Civil e Militar. Segundo uma nota do Ministério da Defesa, “a força de contingência prevê o emprego das tropas numa eventual necessidade de reforçar a segurança pública”. O CML tem capacidade de mobilizar, em caráter de urgência, 14 mil homens.

Vigilância até no mar

As lagoas de Jacarepaguá – nas imediações do Riocentro – também estão no planejamento do Exército: elas serão tomadas pelas forças de segurança. Além disso, mergulhadores da Marinha estarão prontos para inspecionar até os cascos das embarcações que circularão pela Baía de Guanabara.

Mil

Todas as forças de segurança deverão empregar até 20 mil homens durante a Rio+20, conferência que acontecerá em junho. Um aumento de 33% em comparação ao aparato usado há 20 anos, durante a Rio 92. Só o Exército mobilizará dez mil militares.

Ligados na rede

Uma novidade do esquema de segurança será a instalação de um Centro de Monitoramento Cibernético, no qual agentes especializados vão monitorar toda movimentação suspeita na internet. O grupo também vai proteger o trânsito de informações trocadas pelos chefes de estado.

FONTE: Yahoo! Notícias / Agência O Globo

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