Relação Brasil-Bolívia azedada
Senador boliviano da oposição na embaixada brasileira e corintianos presos são pendências com o vizinho
Fabio Murakawa
A condução do caso de um senador de oposição asilado há dez meses na embaixada brasileira em La Paz e a prisão de 12 torcedores do Corinthians na Bolívia deixaram o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota sob pressão. Essas pendências, que o Brasil não consegue resolver com o vizinho, podem levar o país à constrangedora situação de ficar sem embaixador em um importante parceiro político e comercial na região.
Patriota será sabatinado hoje em Brasília por parlamentares na Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado. Na pauta da audiência estão temas como as relações com a Venezuela, que terá eleições presidenciais em dez dias, com o Paraguai, suspenso do Mercosul após a deposição do ex-presidente Fernando Lugo e que elege um novo governante em 21 de abril, além de temas corriqueiros da política externa brasileira.
O ministro, no entanto, deverá receber uma enxurrada de questionamentos sobre a relação do Brasil com a Bolívia, conformada por uma agenda repleta de temas negativos que ganharam um grande reforço após a morte de um menino de 14 anos – atingido por um sinalizador de navio atirado por um torcedor do Corinthians durante uma partida contra o San José na cidade boliviana de Oruro, no último dia 20 de fevereiro.
Fontes brasileiras com acesso ao inquérito dos torcedores presos disseram ao Valor ter “convicção” da inocência dos 12 acusados. Além da confissão de um menor de idade, de que teria feito o disparo e que conseguiu voltar ao Brasil, há imagens analisadas por peritos que mostram que sete deles estavam olhando para o campo ou tocavam instrumentos de percussão no momento do disparo. Outros cinco detidos estavam fora do estádio. Dois torcedores foram indiciados por homicídio doloso e outros dez por cumplicidade. Todos continuam em prisão preventiva na Bolívia, enquanto a polícia conclui as investigações.
Nas últimas semanas, políticos e a meios de comunicação brasileiros começaram a ligar os dois casos, do senador e dos torcedores. E a pressionar o Itamaraty por uma postura mais dura em relação ao governo boliviano. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), visitou a Bolívia na semana passada e disse ter voltado “convicto de que os corintianos presos em Oruro são reféns, e que o governo boliviano quer fazer uma barganha política com o Brasil”, em troca de um eventual recuo na concessão de asilo ao senador.
Fontes do governo brasileiro, no entanto, dizem não haver nenhum indício de que isso esteja acontecendo – apesar de uma delas afirmar que “o governo boliviano não mexeu um dedo para nos ajudar” a agilizar os processos contra os corintianos. Além disso, o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, disse ao Valor não haver possibilidade de o Brasil recuar na concessão do asilo. “A decisão já está tomada”, afirmou.
Patriota tenta evitar que casos como o dos corintianos e o do senador Roger Pinto – asilado há dez meses na Embaixada do Brasil – contaminem as relações com a Bolívia. Segundo o Valor apurou, ele orientou a embaixada a tocar a agenda bilateral normalmente e a não se pronunciar sobre o senador. O país vizinho, com suas importantes reservas de gás natural, é um parceiro estratégico do Brasil, que consome 75% das exportações do produto boliviano. Além disso, ambos os governos têm cooperação mútua em temas como o narcotráfico e o contrabando na fronteira entre os dois países.
Mas a atuação do embaixador Marcel Biato no episódio que culminou com a concessão, pela presidente Dilma Rousseff, de asilo o senador Roger Pinto, enfureceu o governo boliviano. A ponto de, durante encontro com Patriota em Cochabamba no mês passado, o ministro da Presidência boliviano, Juan Ramón Quintana, ter pedido ao colega brasileiro que trocasse o chefe da missão diplomática, segundo apurou o Valor. Após os encontros de Patriota com Quintana e com Morales, em fevereiro, a embaixada brasileira foi totalmente alijada do caso, que está sendo tratado por diplomatas em Brasília.
Pinto chegou à embaixada brasileira em 28 de maio de 2012, dizendo-se vítima de perseguição política nos 22 processos judiciais que tem contra si. O cerco contra o senador começou a apertar depois que ele entregou um dossiê ao governo acusando altas autoridades bolivianas, entre as quais o ministro Quintana, de envolvimento com o narcotráfico. Com base em documentos enviados pela embaixada, Dilma decidiu conceder asilo político ao senador. Mas o presidente Morales, cujos auxiliares diretos já se referiram publicamente a Biato como “porta-voz de bandidos”, se nega até hoje a emitir um salvo-conduto para que Pinto deixe a embaixada sem ser preso.
Após a visita de Patriota à Bolívia, a vida ficou mais dura para o senador. Ele teve o número de visitas restritas a quatro – uma filha, um advogado e dois outros parentes -, agravando a situação de seu confinamento. Além disso, o governo brasileiro sugeriu a criação de uma comissão bilateral para avaliar os processos contra Pinto, o que deu margem à interpretação de que o Brasil poderia voltar atrás na concessão do asilo. “Meu pai responde a 22 processos em diferentes Departamentos [Estados] e agora só pode ver um de seus advogados”, afirmou Denise Pinto, filha do senador. “Estamos muito preocupados, e me parece absurdo que um ministro [Patriota] venha de tão longe para fazer isso.”
Quanto ao embaixador Biato, ele está oficialmente de férias e não deve retomar o posto na embaixada – ou, pelo menos, não permanecerá por muito tempo. Segundo Nunes, porta-voz do Itamaraty, o embaixador, nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está próximo de completar três anos no cargo e uma troca seria natural, apesar de ele poder permanecer por até cinco anos no posto.
Um eventual novo embaixador teria que ser aprovado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado. Mas seu presidente, o senador Ferraço, afirma ser “inapropriado nomear um novo embaixador sem que a situação dos corintianos e de Roger Pinto esteja resolvida”. Se sua posição for seguida pelos colegas, o Brasil pode ser representado na Bolívia por um encarregado de negócios, o que significaria na prática um rebaixamento nas relações bilaterais.
FONTE: Valor Econômico, via resenha do EB
Deus me livre dessa gente… os corintianos continuam presos (= reféns), por incúria, incompetência e falta de vontade política.
Acresce a desmoralização do Itamarati que não tem nenhum poder de pressão.
Com o roubo da nossa refinaria o cocalero se impôs…
Falar o quê? É o fundo do poço da indigência que tomou conta do Itamaralívia sob a doutrina PeTralha. Fosse qualquer serviço diplomático minimamente patriota do mundo e no mínimo já teria chamado o embaixador para consultas. Fosse um serviço diplomático de um país sério, e já teria ameaçado cortar relações institucionais. Fosse um país verdadeiramente patriota e no mínimo já teria cortado relações comerciais, em troca da libertação dos compatriotas presos, e da vinda para o Brasil do asilado político. Fosse nos EUA, um dos poucos país do mundo que presa por seus cidadãos ao ponto de ir buscá-los… Read more »
Che, seria o singelo caso de trocar 120 bolivianos irregulares extraídos do trabalho escravo em confecções exploradas por bolivianos mesmo em São Paulo; a cada dia de demora seriam acrescidos mais 10 índios até a insustentabilidade da situação, no mínimo.
Esse tipo de fato, além de força e vergonha na cara, patrioticamente exige reciprocidade!
Mas que paisinho acabamos sendo…
Azedou agora por conta dos “mano”?
A refinaria tomada à força: nada; a legalização dos carros roubados: nada; a plantação de coca na fronteira: nada.
A Bolívia está para o Brasil petralha assim como a Coréia do Norte está para a China. Um “aliado ideológico estratégico” que recebeu “apoio” demais e se tornou um “problema”.
Alguém viu a China falar QUALQUER COISA sobre as manobras e preparações norte americanas e sul coreanas pra atacar a Coréia do Norte? Não né? Pois é.
Gente, uma coisa é uma coisa… a outra coisa… vocês já sabem… O caso dos curintianos não tem nada a ver com diplomacia… eles estão presos porque houve um crime… houve uma morte… nem a polícia daqui engoliu aquela história do menor que atirou o foguete… (vejam só, um menor que não responde pelos seus atos, pois pelo nosso código penal e código civil é um “incapaz”) Crime cometido em pais estrangeiro, contra um estrangeiro, só pode ser julgado pela lei estrangeira, e sendo essa omissa, aí sim a justiça brasileira pode (querendo) indiciar e julgar os infratores… Assim como… Read more »
Almeida: em tese… MAS também não vistas a CN metendo a mão com a China, vistes? A primeira metida ela perde a mão, enquanto por aqui, em terras petistas…
Em tempo… não coloquem “x” na palavra estrangeiro, que fica chato….
Ribeiro:
Um, apenas um, disparou o foguete. E há doze detidos.
Noossa a direitada tá indignada… Um político de direita e corrupto boliviano com 22 processos em toda Bolívia pede asilo e o governo do PT tem de brigar com um estado amigo e ideologicamente aliado ??? Tem um monte de gente sem noção para criticar aqui para meu ver. Os corintianos então, defender “mano de organizada” vocês estão passando do ridículo político no desejo de criticar o governo atual. QUALQUER cidadão sabe que quando se está no exterior se está sujeito as leis do país que se encontra. Os manos “nós somos um bando de lôco” estão pagando pela sua… Read more »
“…estado amigo e ideologicamente aliado “? Só se for da corja do PT. Do BRASIL é que não é. Para variar, falta foco aos nossos diplomatas. São dois assuntos menores, sem nenhuma importância para o nosso país. Primeiro, não se deve perder tempo defendendo bandido. Logo na primeira vez que a televisão mostrou os “mano” presos, deu para ver o que são. Qualquer cidadão honesto, ficaria indignado, ficaria aos prantos, teria um infarto. Mas os “mano” não; estavam na maior tranquilidade, parecia que curtiam férias em um resort, ao invés de estarem em uma cadeia. Um inclusive é o presidente… Read more »
Este governo petralha transformou nossa política externa em motivo de piada.
Governo que não defende os interesses da nação e de seus cidadãos.
Manter 12 presos sem provas de culpa… é abuso aqui e em qualquer lugar.
Descumprem um tratado do qual são signatérios, desrespeitam o nosso país, nossas instituições e nosso governo não faz nada.
Vai ver é porque não irão ganhar nada $$$ com isso. Pois Petralha só faz alguma coisa se tiver $$$ pra por no bolso, ou se favorecer seu projeto de poder.
Caro Vader concordo plenamente com seus comentários, só esqueceu um detalhe, esses Ptralhas são sócios do índio Boliviano, já dividem umas refinarias, lucros do tráfico e sustentam as Farc’s, para se algo acontecer aqui como por exemplo um 31 de março da vida novamente, estarem mais preparados para tomar o puuudeeer..rsrs
Quanto ao Itamaraty, é como aquela piada de pintor “Vc pinta com meu pinto e o outro responde não pinto com brocha” … rsrsrs
Quanto aos Ptralhas de plantão, vcs não são brasileiros mas sim ptralheiros!
… Eta governinho BROCHA!!!
giltiger disse: 4 de abril de 2013 às 17:44 “Um político de direita e corrupto boliviano com 22 processos em toda Bolívia pede asilo e o governo do PT tem de brigar com um estado amigo e ideologicamente aliado ???” Prezado, este mesmo governo do PT CONCEDEU asilo. Não foi o FHC nem “usamericanu” que concedeu asilo, foi o governo do PT!!! Ora, ou ele concede asilo ou ele não concede! Simples. Agora, se ele concede asilo, deve envidar TODOS os seus esforços para libertar o cara, e não deixar ele morando na embaixada brasileira, como fez com o Zelaya!… Read more »
Caro giltiger: 1) Há uma diferença imensa entre o que aconteceu em Honduras e o que acontece na Bolívia: no primeiro, o cidadão lá se instalou para tentar voltar ao poder e de lá não queria sair de jeito nenhum. Já no segundo caso, o cidadão está é tentando sair de lá após ter feito sérias acusações contra o governo Evo. Quanto ao fato de o mesmo ter um monte de processos… bom, para quem deu asilo à um assassino julgado e condenado em um país democrático, eu não vejo problema nenhum. Você vê? 2) Quando ao fato de estarem… Read more »
bah… na minha teoria que o fórum é como se estivéssemos tomando uma cerveja depois do trabalho… acho que bebi demais, ou perdi alguma coisa do assunto quando fui ao banheiro… Afinal, vamos criticar o governo por defender ou por não defender os manos… Eu acho que eles tem que se virar sozinhos… tem uma investigação, poderão ser julgados e condenados pelas leis da Bolívia… ainda bem que o jogo do curintia não era na China, ou Cingapura… os manos já teriam virado estatística de pena de morte… Vader, pode sim, um crime ter mais de um acusado… o menor,… Read more »
O Petista fala mal da “Direitada” e se esquece que Maluf, Sarney, Collor, Renan Calheiros, etc. estão aliados a eles, e não a “direitada”. Dai fala do “PIG” sem lembrar que a mídia nacional sobrevive do dinheiro estatal, gasto aos montes nos veículos de comunicação que eles afirmam ser opositores do “partido”. Só a Globo recebe mais de 50% de toda verba de comunicação da presidência. Que “inimigo” esse hein? E dai vem querer falar mal dos nacionalistas que defendem os interesses da pátria acima de qualquer ideologia partidária. Nesses casos é melhor nem discutir. Quando um cara começa a… Read more »
Requena disse:
5 de abril de 2013 às 12:22
“Gastar tempo com seguidores de Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif é como dar bom dia a cavalo”
Rapaz, não fala o nome desses vermes não. Não fala que “elis processa”, ahahaha…
Sds.
“Gastar tempo com seguidores de Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif é como dar bom dia a cavalo.”
Rêrêrê.
Gostei.
E para terminar:
Na minha infância “patriota” significava outra coisa do que significa hoje.
“Gastar tempo com seguidores de Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif é como dar bom dia a cavalo.”
Até que eu gostava do Nassif. Não pela sua posição política, óbvio. Seu blog possui bastante variedade cultural
Lembro que certa vez ele teve um arranca-rabo divertidíssimo com o Reinaldo Azevedo e o Diogo Mainardi (esses, outras duas figuraças) e fez até dossiê contra a Veja. Desnecessário dizer que levou um belo processo da Abril. No que deu, não me lembro.