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Fiódor Lukianov, cientista político

Não tem nada de estranho no fato de a Rússia ter colocado mísseis balísticos móveis “Iskander” nas fronteiras da União Europeia. Os dirigentes russos tantas vezes prometeram instalá-los em resposta ao sistema de defesa antimíssil da Europa, de modo que isso estava para acontecer em algum momento.

A discussão sobre a segurança europeia deprime. O mundo muda. AEuropa se torna periferia estratégica. Na Ásia Oriental, uma série de contradições amadurecem. A declaração de Pequim sobre a zona de controle de defesa área no mar da China Oriental causou rebuliço na região e além. A península da Coreia está em constante tensão e preparação para guerra. O que dizer sobre o Oriente Médio, onde de repente pode se iniciar a reconstrução de fronteiras – Síria, Iraque e adiante por todos os lugares.

Nesse contexto, a Rússia e a ONU continuam a franzir a testa um para o outro e a trocar gestos simbólicos. E eu arrisco supor que nem mesmo os mais convencidos falcões do Pentágono ou da Praça Arbatskaia estão em posição de imaginar que a Europa arderá em um conflito armado com a participação de grandes potências.

Aliás, por isso mesmo tão tranquilamente, sem olhar nas possíveis consequências, se põem a agir – seja ao colocar o sistema de defesa antimíssil americano na Europa ou a resposta russa de instalar mísseis balísticos ao longo da zona de responsabilidade da Aliança. Sendo o confronto real, pensariam cem vezes antes.

Aos estrategistas militares e profissionais, é típico olhar para o passado. Eles se preparam para guerras que conhecem, e veem o inimigo com que já se acostumaram. A Rússia, pelo menos, faz isso honestamente. Os EUA o faz, camuflando uma nostalgia de Guerra Fria com a ameaça mitológica de mísseis iranianos.

Mas a arena mundial do século 21 está em outro lugar, no Oceano Pacífico. Isso significa dizer que os Iskanderes vão ameaçar os inimigos apenas simbolicamente. As possibilidades reais têm que ser intensificadas no Extremo Oriente, para que pelo menos se lembrem de nós lá.

Fiódor Lukianov é presidente do Conselho de Política Externa e de Defesa

Publicado originalmente pelo Kommersant

FONTE: Gazeta Russa (adaptação do Forças Terrestres)

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Alfredo Araujo
Alfredo Araujo
10 anos atrás

“E eu arrisco supor que nem mesmo os mais convencidos falcões do Pentágono ou da Praça Arbatskaia estão em posição de imaginar que a Europa arderá em um conflito armado com a participação de grandes potências.”

Traduzindo…
Os dois lados precisam justificar os investimentos em defesa, e provocações entre antigos inimigos ainda é uma forma eficaz de o fazer.

Augusto
Augusto
10 anos atrás

Outro off-topic

Bolide RBS-70 é a defesa antiaérea escolhida para a Copa, pelo exército: http://tecnodefesa.com.br/materia.php?materia=1464

Oganza
Oganza
10 anos atrás

Augusto…

Notícia fantástica… DALHE SAAB

Só falta vir os RBS-23 BAMSE.

Sds.

Oganza
Oganza
10 anos atrás

No post…

Isso é pura cortina de fumaça…

PanEurasiana na área. Ainda bem que eles não se intenderam, ainda mais com uma rota do Ártico configurando-se em realidade.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
10 anos atrás

O urso russo está com gases…