De pai para filho

Denis Lapin, comandante de regimento russo, é homenageado pelo seu pai, o general Alexander Lapin, no dia em que as tropas se retiravam do norte da Ucrânia

O general Alexander Lapin, comandante do Distrito Militar Central da Rússia, homenageou o seu filho, um oficial que liderou a malsucedida ofensiva contra os ucranianos na região de Sumy e Chernihiv. No dia em que o canal de TV Zvezda transmitiu a história sobre a homenagem, o exército russo estava se retirando das regiões de Chernihiv e Kiev.

A partir de interceptações telefônicas do Serviço de Segurança da Ucrânia e das histórias dos militares russos, essas tropas enfrentaram as más condições do equipamento , o suprimento insuficiente do exército e as perdas durante a ofensiva nas direções de Kiev e Chernihiv nos primeiros dias do guerra.

“Parabéns do fundo do meu coração, pela firmeza, coragem e bravura. Parabéns”, disse o general energicamente. “Eu sirvo a Rússia”, respondeu baixinho o oficial condecorado. Seu uniforme parecia um pouco mais surrado e um pedaço de fita vermelha estava colado em sua manga direita. A cerimônia foi realizada em algum lugar na “perto de Chernihiv”. Para conduzi-la, o general Lapin chegou pessoalmente ao território da Ucrânia.

O autor desta história no canal de TV Zvezda disse que a Ordem da Coragem, a medalha “Pela Coragem”, a Ordem “Por Mérito à Pátria”, a Medalha Zhukov foram concedidas pelo comandante das tropas do Distrito Militar Central (TsVO) aos militares que mostraram coragem e heroísmo durante a libertação dos assentamentos na área de Chernihiv”.

O homenageado, o tenente-coronel Denis Aleksandrovich Lapin do exército russo, que possui 36 anos e é filho do general Alexander Lapin. Denis Lapin está no comando do 1º Regimento de Tanques de Guardas, que faz parte da Divisão de Fuzileiros Motorizados Taman, conhecida desde a Segunda Guerra Mundial. Esta é a unidade militar nº 58198. A Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia nomeou o 1º Regimento de Tanques entre as unidades que participaram da invasão.

A julgar pelas informações disponíveis sobre Lapin Jr., o pai sempre teve a oportunidade de cuidar da carreira do filho. Lapin Sr. nos anos 2000 serviu primeiro como chefe de Estado-Maior e depois como comandante da 20ª Brigada de Fuzileiros Motorizados da Guarda estacionada em Volgogrado. Lapin Jr. também foi registrado no mesmo apartamento com ele por algum tempo.

Foi em Volgogrado, muito provavelmente, que Lapin Jr. começou sua carreira militar: em 2009, ele (ou seu xará completo) recebeu uma carta de agradecimento do chefe de Volgogrado – pelo “exemplo desempenho do dever militar, aumentando a autoridade e prestígio do serviço militar.” Este homônimo mais completo de Lapin Jr. no posto de tenente comandou então uma companhia de tanques de um batalhão blindado.

Seis anos depois, em 2015, ele já estava no comando de um batalhão de tanques da mesma 20ª brigada, que era então comandada por Lapin Sr. (na época já chefe de gabinete do Distrito Militar do Leste).

“Para realizar o exercício perfeitamente, a tripulação precisa cumprir três minutos. Dispare o primeiro tiro em até 20 segundos e acerte todos os alvos, e o tanque – não mais que 2 projéteis”, comentou Denis Lapin sobre os exercícios no relatório da filial local da All-Russian State Television and Radio Broadcasting Company.

Em 2016, o nome de Lapin Jr. foi mencionado no departamental “Estrela Vermelha”. Lá ele falou sobre uma “nova técnica tática” – “carrossel de tanques”.

O serviço GetContact, que mostra como o número do assinante é registrado por seus conhecidos, reflete a trajetória de Denis Lapin: alguém o listou como capitão, alguém como major, e alguém já o conhece como tenente-coronel.

Unidade histórica

O 1º Regimento de Tanques de Guardas é o sucessor histórico da 1ª Brigada de Tanques, comandada pelo marechal Mikhail Katukov durante a Grande Guerra Patriótica. Foi essa formação que conquistou a primeira grande vitória sobre o exército de tanques de Heinz Guderian em 1941 e depois se destacou durante a defesa de Moscou.

O capitão Tagiev, que estava dirigindo pela Praça Vermelha no ano passado, acabou em cativeiro ucraniano em março de 2022. Em um vídeo postado pelas forças de segurança ucranianas no Youtube em 13 de março, o capitão Rasim Tagiyev diz que serve como comandante de companhia na unidade 58198.

Ele chama o tenente-coronel Denis Lapin seu comandante. Já em cativeiro, Tagiyev disse que em 24 de fevereiro cruzou a fronteira russo-ucraniana à frente de uma coluna de cerca de 30 tanques.

Segundo o preso, até a fronteira com a Ucrânia, o comando disse aos militares que se tratava apenas dos exercícios. Quando os tanques cruzaram a fronteira, a comunicação com o comando foi perdida e os tanqueiros perceberam que estavam em guerra.

FONTE: BBC russa