No dia 18 de maio de 1944 começou a deportação do povo tártaro que vivia na Criméia, gerando limpeza étnica e genocídio cultural de cerca de 190  mil tártaros que ali vivam. As autoridades soviéticas promoveram ao longo de três dias uma ordem direta do líder soviético Joseph Stalin de mandar os tártaros da Crimeia para o Cazaquistão. Nesses três dias, o Ministério do Interior da União Soviética usou trens de gado para deportar principalmente mulheres, crianças e idosos. Eles eram uma das várias etnias submetidas à política de transferência populacional de Stalin.

A deportação foi oficialmente apresentada como punição coletiva pela alegada colaboração de alguns tártaros da Criméia com a Alemanha nazista, mas a deportação fazia parte do plano soviético para obter acesso ao Estreito de Dardanelos e adquirir território na Turquia, onde os tártaros tinham parentes étnicos turcos, ou para remover minorias das regiões fronteiriças da União Soviética.

Quase 8.000 tártaros da Criméia morreram durante a deportação e dezenas de milhares morreram posteriormente devido às duras condições do exílio. A deportação dos tártaros da Criméia resultou no abandono de 80.000 famílias e 360.000 acres de terra. Seguiu-se uma intensa campanha de desestatização para tentar apagar os vestígios remanescentes da existência dos tártaros da Crimeia.

Os tártaros da Criméia permaneceram na Ásia Central por várias décadas até a perestroika no final dos anos 1980, quando 260.000 tártaros retornaram à Crimeia. Seu exílio durou 45 anos. As autoridades soviéticas não ajudaram em seu retorno nem os compensaram pelas terras que perderam. A Federação Russa nunca forneceu reparações , compensou os deportados por perda de propriedade ou abriu processos judiciais contra os perpetradores do reassentamento forçado. A deportação e subsequentes esforços de assimilação na Ásia representam um período crucial na história dos tártaros da Criméia.

A Crimeia foi anexada pela Rússia m 1783 como parte da expansão do império russo. Com a ocupação, muitos tártaros fugiram para a Turquia, onde possuíam afinidade regiliosa e cultural. Desde então a região, que era ocupada em sua quase totalidade por povos de origem tártara, passou a ser povoada por russos que migravam para lá com o apoio do governo de Moscou. Nova onda migratória de tártaros ocorreu durante a Guerra da Crimeia (1853-1856). Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, os tártaros representavam menos de 20% da população da Crimeia. Quarenta anos depois, eles eram menos de 2%.

Entre 2015 e 2019, a deportação de maio de 1944 foi formalmente reconhecida como genocídio pela Ucrânia, Lituânia, Letônia e Canadá.