• Ministérios com pastas focadas em investimento, comércio e assuntos internacionais receberam ordens de proibição de telefone no mês passado, dizem fontes
  • Acredita-se que as medidas visam eliminar riscos de segurança nacional percebidos em dispositivos de telecomunicações fabricados por uma empresa dos EUA

Vários ministérios chineses disseram aos funcionários para pararem de usar os iPhones da Apple no trabalho, citando riscos à segurança nacional em meio ao aumento das tensões geopolíticas com os Estados Unidos, segundo várias pessoas familiarizadas com o assunto.

As ordens foram entregues em agosto a funcionários de ministérios cujas pastas estão focadas em investimento, comércio e assuntos internacionais, de acordo com cinco fontes distintas com conhecimento da situação.

As medidas foram entendidas como tendo como objetivo eliminar os riscos percebidos à segurança nacional decorrentes do uso de dispositivos de telecomunicações fabricados por uma empresa dos EUA, disseram as fontes.

Acredita-se que uma proibição semelhante esteja em vigor há anos para alguns órgãos governamentais, mas a ordem mais recente ampliou essa proibição.

Os funcionários desses ministérios têm até o final deste mês para mudar para outras marcas de telefones para uso profissional, disse uma fonte.

O South China Morning Post apurou que as restrições ao uso do telefone não foram impostas a todos os ministérios.

O pedido visa apenas o iPhone, projetado na Califórnia, e não envolve outros smartphones de marcas estrangeiras, segundo as fontes.

O iPhone da Apple também é o único smartphone fabricado no exterior com uma participação de mercado dominante na China, de acordo com os dados mais recentes do rastreador do mercado de tecnologia Counterpoint Research. De acordo com os dados, o iPhone detinha 17,2% do mercado chinês – o mesmo que a fabricante chinesa de telefones Oppo, e apenas ligeiramente atrás da chinesa Vivo.

Proibições semelhantes foram impostas por Washington e seus aliados aos dispositivos de telecomunicações chineses. A administração Biden proibiu equipamentos eletrônicos das gigantes tecnológicas chinesas Huawei e ZTE desde novembro de 2021 com o objetivo de “proteger o povo americano das ameaças à segurança nacional que envolvem telecomunicações”.

Desde novembro, muitos países ocidentais tomaram medidas para proibir o TikTok, propriedade da gigante tecnológica chinesa ByteDance, dos dispositivos do governo federal, devido a preocupações de que os dados dos utilizadores americanos pudessem ser entregues ao governo chinês se Pequim obrigasse a empresa a fazê-lo.

A decisão de Pequim sobre o iPhone, que não foi tornada pública, ocorre em meio a crescentes disputas com Washington sobre comércio, tecnologia e espionagem.

Em Julho, o Ministro da Segurança do Estado, Chen Yixin, apelou a medidas mais rigorosas para “defender proativamente” contra espiões para fortalecer a segurança nacional e a liderança do Partido Comunista, citando os riscos de um ambiente global imprevisível.

Não é a primeira vez que Pequim impõe restrições à tecnologia estrangeira por questões de segurança nacional.

Há dois anos, Pequim proibiu o fabricante americano de automóveis elétricos Tesla de entrar em instalações governamentais e complexos militares, alegando receios de espionagem – embora a Tesla tenha negado repetidamente que os seus carros sejam usados para espionagem.

A proibição da Tesla ainda está em vigor, segundo fontes.

Pequim também reforçou os quadros jurídicos para reforçar a segurança nacional, incluindo a introdução de legislação para garantir que os dados recolhidos na China permaneçam no seu território.

Uma nova lei antiespionagem que entrou em vigor em julho proíbe ataques cibernéticos contra o governo para obter dados e informações “relacionadas à segurança e aos interesses nacionais” sem permissão.

E a legislação de cibersegurança exige que as empresas estrangeiras armazenem os dados dos utilizadores no país desde 2017, deixando estas empresas sem outra opção senão cumprir se quiserem manter o acesso ao gigante mercado consumidor da China.

A Apple hospeda dados de usuários chineses em um data center localizado na província de Guizhou, no sudoeste, desde 2018.

Em 2021, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação emitiu um projeto de regulamentação exigindo que todos os veículos inteligentes armazenem dados recolhidos na China dentro das suas fronteiras. A Tesla abriu um data center em Xangai no mesmo ano.

FONTE: South China Morning Post

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Fernando Botelho
Fernando Botelho
7 meses atrás

O Brasil deveria fazer o mesmo e forçar nossos políticos/juízes a usarem produtos da Positivo.

Brincadeiras a parte, me impressiona que isso não tenha ocorrido mais cedo.

Wagner
Wagner
Reply to  Fernando Botelho
7 meses atrás

Positivo e Mutlaser é 100% chines rsrsrsr

Vitor
Vitor
7 meses atrás

Melhor destimo é a lata lixo.

Maurício.
Maurício.
7 meses atrás

Nada mais justo, os EUA proibiram empresas como a Huawei e ZTE de atuarem no mercado americano, é a China jogando o jogo americano, simples assim. E depois ainda tem um pessoal que vem falar do tal livre mercado…rsrsrs

Zezão
Zezão
Reply to  Maurício.
7 meses atrás

“Nada mais justo, os EUA proibiram empresas como a Huawei e ZTE de atuarem no mercado americano, é a China jogando o jogo americano, simples assim.” Nada mais justo? Oras, milhões de aparelhos iPhones são fabricados na China, que gera, caso não saiba, milhares de empregos para os chineses e contribui com bilhões de dólares em receitas para a China, mas quantos smartphones da marca Huawei e ZTE eram fabricados nos EUA antes da proibição? Zero, repito, zero! Logo, cadê à justiça aí? Os EUA tem um déficit comercial de quase 400 bilhões de dólares com a China e o… Read more »

Maurício.
Maurício.
Reply to  Zezão
7 meses atrás

Os iPhones são fabricados na China porque os EUA querem, os EUA não são concorrentes da China? Então porque continuam lá? Não tem santos aqui não, os americanos querem lucrar com a mão de obra barata chinesa e os chineses lucram fabricando os aparelhos, simples assim. No mais, fica aí acreditando no tal livre mercado, e pelo visto, tu está mais indignado com a China do que os próprios americanos, que continuam a usufruir da mão de obra barata chinesa…rsrsrs.

Sequim
Sequim
Reply to  Maurício.
7 meses atrás

Meu caro, pra muita gente o “livre mercado” é o novo Papai Noel: um ser mítico, bonzinho, infalível e justo com todos , quando na verdade o tal do “livre mercado” nada mais é do que a extensão da atuação política dos Estados. Não é à toa que quem mais defende o “livre mercado” são os EUA, que ainda são a potência dominante.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Sequim
7 meses atrás

Livre Mercado não existe. Pronto.
Isso é história dr moleque que assiste coach no Youtibe e braba ser “neoliberal”, sendo que nem eles mesmos sabem direito o que é isso.
E os EUA, que “dizem” ser o exemplo do “neoliberalismo”, disso não tem nada.

Bispo
Bispo
7 meses atrás

O novo celular 5G da Huawei pode quebrar as pernas da Apple ,comercialmente.

Há relatos que estão vendendo como pão quente.

Sendo a China o maior mercado Apple fora dos EUA, seria prudente não fabricarem muitos iPhones 15.

Alexandre Costa
Alexandre Costa
7 meses atrás

Estou surpreso por eles não terem feito isso antes. Me parece meio óbvio o procedimento.

Alecs
Alecs
7 meses atrás

Ué, mas eles não são os super, ultra, mega produtores de chips e vão quebrar as empresas ocidentais? Deve ser fakenews kkkkk Matéria para agradar os torcedores do Otanistão!
Ps: Modo irônico.

Bispo
Bispo
Reply to  Alecs
7 meses atrás

A máquina mais avançada (5nm para baixo) para “imprimir” os chips é holandesas.

Os EUA boicotaram a venda dessa máquina para a China.

Carlos Campos
Carlos Campos
7 meses atrás

No brasil, continuamos sendo espionados por todos

Wagner
Wagner
7 meses atrás

O mundo desenvolvido sempre foi assim,protecionismo como politica de estado, “Livre mercado” nao existe no dicionário comercial dos grandes países que conseguiram chegar na fronteira do conhecimento. “Empreendedorismo” palavra muito usada por econocoach de You Tube eles gosta do eufenismo liberdade economica, onde na cabeça dos coach paraiso fiscal é sinonimo de desenvolvimento.

Wagner
Wagner
Reply to  Wagner
7 meses atrás

Os coach chega ao fundo do poço quando compara um cidadão que vende cafezinho para sobreviver que esse cidadão sobrevivente chegará ao nivel do Elon Musk ( Esse que sem a verba do EUA seria mais um do mito de garagem)