Relações China-EUA: Xi Jinping se encontra com Blinken e pede aos EUA que sejam parceiros e não rivais para o ‘sucesso mútuo’

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O Presidente chinês Xi Jinping pediu aos EUA que sejam parceiros da China e não que “diga uma coisa e faça outra” quando se encontrou com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Pequim na sexta-feira. “Este ano marca o 45º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e os Estados Unidos… os dois países devem ser parceiros, não rivais”, citou a emissora estatal CCTV Xi dizendo.

“[Os dois países] devem alcançar sucesso mútuo, não prejudicar um ao outro; devem buscar pontos em comum enquanto reservam diferenças em vez de competição acirrada; devem ser verdadeiros em suas palavras e resolutos em suas ações, em vez de dizer uma coisa e fazer outra.”

Xi instou os EUA a verem o desenvolvimento da China de forma positiva para que as relações bilaterais pudessem ser estabilizadas.

“Já disse muitas vezes que a Terra é grande o suficiente para que a China e os Estados Unidos possam se desenvolver juntos e prosperar independentemente. A China gostaria de ver um Estados Unidos confiante, aberto, próspero e em desenvolvimento. Esperamos que os Estados Unidos também possam ter uma visão positiva do desenvolvimento da China”, disse ele.

“Só quando esse problema fundamental for resolvido… as relações China-EUA poderão realmente se estabilizar, melhorar e avançar.”

Xi observou que os dois países fizeram alguns “progressos positivos” em vários campos desde seu encontro cara a cara com o presidente dos EUA, Joe Biden, em São Francisco, em novembro, mas disse que havia espaço para “maiores esforços” nos problemas que permaneciam não resolvidos.

O encontro segue as discussões de nível de trabalho de Blinken na sexta-feira com o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, que alertou os Estados Unidos de que eles não devem cruzar quaisquer linhas vermelhas sobre soberania, segurança ou desenvolvimento, ou arriscar uma espiral descendente nas relações.

Wang fez as observações enquanto os dois se acomodavam em uma longa discussão cobrindo diferenças, do comércio às tensões no Estreito de Taiwan, no Mar da China Meridional e na rivalidade tecnológica de suas nações. Esta é a segunda viagem de Blinken à China em um ano, enquanto Pequim e Washington tentam estabilizar os laços antes de uma crucial eleição presidencial na América e em meio a preocupações sobre questões internacionais críticas. Blinken chegou a Pequim na tarde de quinta-feira depois de visitar Xangai.

VÍDEO: Ascensão e Queda dos Impérios

O ministro das Relações Exteriores da China disse a Blinken que os laços bilaterais haviam geralmente se estabilizado, com maior cooperação e diálogo após o encontro Xi-Biden em novembro, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China. No entanto, o ministério disse que “fatores negativos” estavam se acumulando, incluindo a supressão irracional do legítimo direito de desenvolvimento da China e desafios constantes aos interesses centrais da China.

“Se a China e os Estados Unidos aderirem ao caminho correto de estabilidade e progresso, ou repetirem a espiral descendente, é uma questão importante diante dos dois países, testando a sinceridade e a capacidade de ambos os lados”, disse Wang.

Ele disse que as atitudes, a posição e a demanda da China foram consistentes, e Pequim estava comprometida com um relacionamento bilateral estável, saudável e sustentável.

“A demanda da China tem sido consistente, sempre defendendo o respeito pelos interesses centrais de cada um, e os Estados Unidos não deveriam interferir nos assuntos internos da China, suprimir o desenvolvimento da China ou pisar nas linhas vermelhas da China quando se trata dos interesses de soberania, segurança e desenvolvimento da China”, disse Wang.

Blinken, que está em Pequim na última etapa de uma visita de três dias à China, respondeu que a “diplomacia cara a cara” era necessária para avançar com a agenda estabelecida pelos líderes em novembro.

“Avançar na agenda que nossos presidentes estabeleceram requer diplomacia ativa… mas também para garantir que sejamos o mais claros possível sobre as áreas onde temos diferenças, pelo menos para evitar mal-entendidos, para evitar erros de cálculo”, disse Blinken, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA.

O Departamento de Estado sinalizou antes da viagem que a reunião provavelmente se concentraria no apoio da China à invasão da Ucrânia pela Rússia e, segundo o Wall Street Journal, alguns bancos chineses poderiam ser sancionados e retirados do sistema financeiro global. A China tem repetidamente dito que “defenderá resolutamente” seu direito “inviolável” de comerciar com a Rússia.

As tensões comerciais intensificadas pairavam sobre as conversas depois que Biden na semana passada pediu a triplicação da taxa tarifária existente sobre o aço e o alumínio chineses. O escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) também anunciou o lançamento de mais uma investigação da Seção 301 sobre os setores marítimo, logístico e de construção naval da China.

Durante sua estadia em Xangai, potência econômica da China, Blinken também levantou preocupações sobre “práticas não mercantis” com o principal oficial da cidade, Chen Jining.

Washington acusou a China de prejudicar os interesses das empresas americanas através de concorrência desleal e capacidade de produção excessiva, mencionando a possibilidade de impor tarifas adicionais sobre bens chineses como veículos elétricos.

FONTE: South China Morning Post

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fjuliano
fjuliano
9 dias atrás

Como todos os outros impérios na história, os EUA só largam o osso depois de largar todas suas bombas em um ou vários lugares do mundo. O cenário só muda se o conflito for interno e esse país se desfazer de dentro para fora. E é uma possibilidade que até mesmo a ficção já captou: estrelando Wagner Moura em um cinema perto de vc.

AMBAR
AMBAR
Reply to  fjuliano
7 dias atrás

O filme é chatinho e os EUA, mesmo considerando os conflitos internos só se desfariam internamente pelos desastres financeiros e externamente por conta de sua arrogância. Eles querem falar ao mundo como donos e patrões enquanto suas dívidas crescem. USA quando acordar, não levanta mais.

Bispo
Bispo
9 dias atrás

O Presidente chinês Xi Jinping pediu aos EUA que sejam parceiros da China e não que “ 𝙙𝙞𝙜𝙖 𝙪𝙢𝙖 𝙘𝙤𝙞𝙨𝙖 𝙚 𝙛𝙖ç𝙖 𝙤𝙪𝙩𝙧𝙖”.

Chamou de mentirosos , diplomaticamente.

A China confia no que os EUA acordam assim como na existência de gnomos.

Last edited 9 dias atrás by Bispo
Comte. Nogueira
Comte. Nogueira
Reply to  Bispo
9 dias atrás

O presidente chinês sequer pegou na mão do americano para a foto. E é visível o constrangimento no rosto do Blinken.

Last edited 9 dias atrás by Comte. Nogueira
AMBAR
AMBAR
Reply to  Comte. Nogueira
7 dias atrás

Bendito seja Xi Jimping por sua proverbial paciência; bendito seja o fígado do Xi Jimping por suportar a presença “diplomática” americana sem vomitar.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
9 dias atrás

Passaram as últimas décadas tentando sancionar componentes vitais pra China, como fabricação de chip’s, instigaram seus aliados a fazer o mesmo, e só depois de finalmente perceberem que, a médio e longo prazo, o resultado é inócuo, que vem com esse papo de “pô, deixa disso, bora conversar…”

“A China tem repetidamente dito que “defenderá resolutamente” seu direito “inviolável” de comerciar com a Rússia.”

China: vai lá, me sanciona por isso, quero ver…

Carlos
Carlos
Reply to  Willber Rodrigues
8 dias atrás

Não estás equivocado? Não será “passaram as últimas décadas a copiar tudo o que investigamos e descobrimos como se o direito à propriedade intelectual não existisse”? Produzir a mais baixo preço porque não gastam em estudos, investigações e pesquisas, mas o que existe agora são as grandes empresas a deslocarem-se onde possam produzir a baixo preço mas sem ninguém a copiar, agravando mais a má situação económica chinesa. Mais um tempo e o que iremos ver é a China a negociar com a Rússia e com mais ninguém, e passarem o tempo a pedir descontos uns aos outros, tal como… Read more »

Wagner
Wagner
Reply to  Carlos
8 dias atrás

China investe 4,01 % do pib em seu sistema de educação. Seu corpo acadêmico é 100 % nativo, diferente dos EUA que prefere pagar bilhões para imigrantes intelectuais ao invés de investir no próprio estadunidense. Comparação extruxula e contraproducente.

Carlos
Carlos
Reply to  Wagner
8 dias atrás

Sabes onde se formou aquele que é considerado o pai dos semicondutores em Taiwan? Sabes de onde é originário o CEO da Google? Sabes quem é o pai do programa espacial da NASA? Sabes quem são os membros (alguns são estrangeiros) da comissão para a Inteligência Artificial de Biden? Para os EUA basta que saibam e queiram trabalhar que os EUA pagam bem e dão-lhes todas as condições. Quantos Prémios Nobel foram atribuídos a norte-americanos? Sabes quantas são as universidades norte-americanas no topo? E no Brasil? Será que é melhor juntar maçãs sãs e maças podres no mesmo cesto ou… Read more »

Wagner
Wagner
Reply to  Carlos
7 dias atrás

O efeito colateral do abandono da educação pública começou a chegar, EUA sendo atropelado pela China.

Carlos
Carlos
Reply to  Wagner
7 dias atrás

Então espera sentado para não te cansares

Jose
Jose
Reply to  Wagner
5 dias atrás

Wagner sem defender nenhum dos lados mas o próprio governo chinês paga para milhares de chineses estudarem nos EUA e não deve ser só pelo Mickey, e quanto a queda na qualidade da educação que você citou tem mais relação com a doutrinação marxista a qual não é exclusividade dos americanos não, basta olhar nossas universidades para entender, mas lá é menos responsabilidade do governo ainda já que a educação em quase sua totalidade é paga.

Iran
Iran
Reply to  Carlos
2 dias atrás

Meu caro, tudo que escreveu é completamente fora da realidade.

Emmanuel
Emmanuel
9 dias atrás

Xi pensando: “o que eu estou fazendo ao lado desse idi…”

fjuliano
fjuliano
Reply to  Emmanuel
9 dias atrás

Exatamente, uma imagem vale mais q mil palavras: a cara dele é de “tenha dó eu aqui com esse demente”.

Paulo Sollo
Paulo Sollo
9 dias atrás

O vídeo inserido na matéria é bem interessante porque demonstra claramente que, com todos os altos e baixos no seu percurso, a China sempre se manteve surfando entre o meio e o alto da onda do poder global ao longo de séculos, na verdade nos últimos 5 mil anos. Eles não são amadores nem tampouco uma nação jovem com pouco mais de 500 anos de existência, derivada de outros povos, com raízes culturais relativamente recentes e com curta experiência de dominância, como é o caso dos eua. O maior problema dos eua ao meu ver é que eles sustentaram sua… Read more »

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Paulo Sollo
9 dias atrás

A China chegou aonde chegou com paciência e visão a longo e muito longo prazo. Eles pensam nos próximos 50 a 100 anos, e o que acontece hoje, foi planejado por eles a décadas e décadas atrás. Pra ocidentais, acostumados a ver, no máximo, alí na esquina´´ e no imediato, é difícil ter esse tipo de visão que eles tem. O Brasil é um excelente exemplo disso: quais pensamentos estratégicos de longo prazo temos? É por isso que eu não aposto que a China tentará resolver a sua questão com Taiwan de maneira militar, e nem a curto e médio… Read more »

No One
No One
Reply to  Paulo Sollo
9 dias atrás

Quantas banalidades de quem sequer conhece um pouco da história do continente asiático, no máximo repete os chavões dos antiocidentais ou a propaganda do PCC.

Mig25
Mig25
Reply to  No One
9 dias atrás

Quem repetiu banalidades e chavões foi você. “Antiocidentais, propaganda do PCC..” bla bla bla. Só faltou a clássica “comunista come criancinhas…”.ele expôs argumentos muito coerentes, você não expôs qualquer argumento, somente frases prontas que estamos cansados de ler. E realmente, é fato que os EUA impõe sua dominância muito pela força, ameaças, intervenções, sanções. São dezenas de exemplos, basta se esforçar um pouco e procurar.

Last edited 9 dias atrás by Mig25
Nilton L Junior
Nilton L Junior
Reply to  Mig25
8 dias atrás

Se falar em think tanks o cara vai achar que é bebida por isso a argumentação fica no campo do chavão.

Carlos
Carlos
Reply to  Paulo Sollo
8 dias atrás

“Não são amadores nem tampouco uma nação jovem” a negação de uma negação é uma afirmação, uma frase mal concebida porque o correto seria “Não são amadores tampouco uma nação jovem” Mas em relação ao tema não te podes esquecer do Império Mongol e confundires com o Império da China, que nunca foi maior do que é agora a China, a não ser uma pequena porção de terra na qual se inclui a cidade de Vladivostok que era chinesa. Também não te podes esquecer que foi na China que o papel foi descoberto e o fogo de artificio, mas foram… Read more »

AMBAR
AMBAR
Reply to  Carlos
7 dias atrás

Pois é, a China aproveitou suas grandes descobertas para desenvolver-se e não para escravizar o mundo. Você mesmo admite que foram os europeus que tomaram as grandes descobertas chinesas e fizeram o que fizerem em nome do “progresso” tendo, inclusive, quase destruido a civilização chinesa pelo vício do ópio. Observe bem o que v. disse e perceba a história de um modo mais abrangente antes de acusar a China do “pecado” de desenvolver-se por seus próprios méritos, a despeito dos exploradores ímpios e desonestos do ocidente.

Carlos
Carlos
Reply to  AMBAR
7 dias atrás

Em primeiro aconselho-te um regresso à escola para saberes interpretar o que está escrito e digo-te mais uma, à mil anos não havia tratados nem direitos de autor a defender, atualmente existem para defesa de todos e atualmente qual foram as invenções chinesas? A guerra do ópio começou em 1839. Em 1557 os chineses autorizaram os portugueses a estabelecerem-se permanentemente em Macau, e a guerra do ópio envolve comerciantes britânicos e nessa época não havia leis contra o consumo de ópio. Na época de Mao a China copiava todo o armamento fornecido pela URSS, e exemplos de cópias de produtos… Read more »

Iran
Iran
Reply to  Carlos
2 dias atrás

Grandes feitos dos europeus, de fato, mas agora me explique como isso muda o crescimento anual de 7% da China, e de menos de 1% das nações mais ricas da Europa.

AMBAR
AMBAR
Reply to  Paulo Sollo
7 dias atrás

Comentário “supimpa”!

lucena
lucena
9 dias atrás

Comparando as diplomacias chinesa com a americana … seria como se comparássemos … duas luvas … uma é de pelica e a outra … é de couro cru… é impressionante como as coisas caem vertiginosamente.
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António Rodrigues
António Rodrigues
Reply to  lucena
9 dias atrás

Tem toda a razão, só que estão tentando roubar a Luva um do outro.