Crescente influência militar da China na África preocupa os Estados Unidos, diz chefe do AFRICOM

O aumento expressivo da presença militar chinesa na África, por meio de treinamento de oficiais, vendas de armas e auxílio militar, tem gerado preocupação no alto comando militar dos Estados Unidos, que vê sua influência no continente ser gradualmente erodida. O alerta foi feito pelo general Michael Langley, comandante do Comando dos EUA para a África (AFRICOM), durante a Conferência dos Chefes de Defesa Africanos, realizada na capital do Quênia na última semana.
Langley destacou que a República Popular da China está replicando, em escala crescente, programas de treinamento semelhantes ao IMET (International Military Education and Training), mecanismo norte-americano que oferece formação militar e civil por meio de bolsas a países parceiros. “Eles [a China] estão tentando imitar aquilo que fazemos melhor com o IMET”, declarou o general.
Avanço estratégico chinês
A China tem reforçado sua iniciativa de segurança global com promessas robustas. No último ano, durante o Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), o presidente Xi Jinping prometeu treinar 6.000 militares africanos até 2027 e convidar 500 jovens oficiais ao país. Apenas no mês passado, Pequim recebeu quase 100 militares africanos de 40 países para treinamentos, como parte de uma estratégia de aprofundamento das relações de defesa com o continente.
Além do treinamento, o pacote chinês inclui a doação de 1 bilhão de yuans (cerca de US$ 139 milhões) em assistência militar. A China também está se consolidando como fornecedora de armas de baixo custo, especialmente para estados frágeis no Sahel, como Nigéria, Burkina Faso e Níger, onde os EUA e a França vêm sofrendo reveses diplomáticos e expulsões.

Reação americana e perda de influência
A resposta norte-americana, segundo Langley, passa por vincular segurança a acordos comerciais, como no caso da República Democrática do Congo, onde Washington se comprometeu a apoiar o fim da guerra no leste do país em troca de acesso a minerais estratégicos. No entanto, especialistas alertam que a postura isolacionista dos EUA e cortes em programas de ajuda militar têm prejudicado sua posição na África.
“O IMET formou milhares de militares africanos ao longo dos anos, mas a redução do financiamento prejudicou sua continuidade”, afirmou David Shinn, ex-embaixador dos EUA na Etiópia e professor da Universidade George Washington. Em contraste, a China tem ampliado exponencialmente o número de oficiais africanos treinados em seu território, o que preocupa Washington por causa da possível formação de uma nova geração de líderes militares alinhados a Pequim.
Tensões no Sahel e reposicionamento estratégico
A deterioração das relações com governos liderados por juntas militares no Sahel, como Niger e Burkina Faso, evidenciam o desgaste da imagem ocidental. Em ambos os países, tropas americanas e francesas foram expulsas — em parte devido a uma “postura condescendente”, segundo autoridades locais. Para analistas, esse vácuo está sendo preenchido pela China, que se apresenta como alternativa pragmática e de longo prazo.
“A China está comprometida com o continente em um nível que os EUA e a Europa não têm conseguido manter. Ela oferece armas, treinamento e investimentos sem impor condições políticas”, afirmou Liselotte Odgaard, pesquisadora do Hudson Institute.
Segundo ela, os países africanos, especialmente os mais frágeis, estão interessados em armamentos acessíveis e soluções rápidas, algo que os chineses têm fornecido com eficiência.
Disputa de longo prazo
Apesar dos reveses, analistas como David Shinn afirmam que nenhum dos dois atores — China ou Estados Unidos — deve recuar em seus esforços. Ambos reconhecem que o treinamento militar é uma poderosa ferramenta de influência estratégica sobre as elites militares africanas, que desempenham papéis centrais em seus governos e políticas de segurança.
“Pode haver perdas pontuais, mas o interesse em moldar a segurança africana continuará. O desafio agora é saber se Washington vai aumentar novamente seu investimento nesse campo”, concluiu Shinn.
A competição geoestratégica entre Pequim e Washington na África está em plena aceleração — e o campo de batalha é cada vez mais dominado não por tanques ou soldados, mas por aulas, simuladores, acordos logísticos e diplomacia militar.
FONTE: South China Morning Post
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Um oferece infraestrutura em troca de commodities, outro oferece apenas lições de moral e “valores ocidentais”.
Dificil escolher né?
Na verdade, um é ruim, o outro é pior ainda.
Se a África acha ruim como são os negócios com os europeus, e tem razão em reclamar (quanto mais no passado, pior é a coisa – e aí você tem de olhar a coisa pela perspectiva da época), os chinesesvtem sido muito piores. Os investimentos não são de graça e os contratos, suas sanções e indenizações são leoninos, diria crocodilianos.
O não cumprimento de cláusulas contratuais junto aos chineses tem levado a perdas das garantias: terras, portos e outros ativos.
https://www.youtube.com/watch?v=hQDXxhz1TJA&t=83s
Há um monte de gente, por diferentes motivos, a justificarem algo do mesmo como diferente.
Mas: ferrovias para lugar nenhum, aeroportos vazios, estradas sem tráfego. Depois o perdão da dívida. Sem nada em troca.
Recomendo esse vídeo da Bloomberg.
https://youtu.be/_-QDEWwSkP0?si=2eFPnOdd2CivyHnz
Até para os analistas americanos, a armadilha da divida é um mito
A infraestrutura a ser construída na china leva sim a muitos lugares, os aeroportos terão muitos passageiros, e as estradas terão tráfego.
Se depender de EUA e Europa, a África ficará pela eternidade sem ter nada disso, mas com muita lição de moral e discurso vazio, que não resolvem o problema de ninguém.
Verdade, os chineses são péssimos. Bom mesmo são as sanções dos americanos, que geralmente se dão por destituição da liderança política do país alvo, morte dos líderes, instituição de um governo local alinhado a ideologia deles, e instalação de bases militares.
Sem contar o patrocínio a ditaduras militares corruptas e guerras civis.
“O não cumprimento de cláusulas contratuais junto aos chineses tem levado a perdas das garantias: terras, portos e outros ativos.”
Como VOCÊ mesmo disse: quebra contratual e não pagamento.
Se estava no contrato e a “parte que assina” sabia disso, e não conseguiu honrar seus compromissos acordados, então, sem choro.
Não vejo nenhuma “maldade” aí.
Nenhuma maldade e muito menos sem outras intenções!!! vamos analisar de forma bem simples, você sabendo que uma pessoa não tem a mínima condição financeira para pagar um empréstimo, mas ainda assim você empresta, contudo, essa mesma pessoa que quer emprestar e não vai conseguir pagar possui um bem que lhe interessa (que você quer) para dar como garantia, qual é o seu real objetivo ao emprestar esse dinheiro?
Cara, esse exemplo que você deu se aplica perfeitamente a qualquer banco ou agiota BR…
Melhor ainda se aplica com perfeição ao FMI e a seus empréstimos.
E aí?
Mostre no meu comentário onde defendo bancos, agiotas, FMI ou outro, a questão aqui é só mostrar que muitos e de forma muito desonesta querem colocar os chineses como os salvadores de algo, o que não são mesmo, aliás ao que tudo indica em breve muita coisa vai cair por agua abaixo no que diz respeito a chineses, assim como está acontecendo com os eurobambis.
Bixo, vamos botar os pingos nos “is” aqui:
Chinês não faz o quem fazem na Africa e AL por “serem bonzinhos”. Eles tem interesses no que fazem. Ponto.
Mas se o país que assina o contrato o fez, é porque ele não tem condições de fazer isso sozinho.
Cabe a quem concorda e assina o contrato, fazer com que esses interesses TAMBÉM os beneficiem.
Fazer com que essa infra-estrutura construída pelos chineses também tragam dividendos a seu país e ao desenvolvimento de sua região.
Essa infra-estrutura poderia ser feita / financiada pela Europa / EUA, aumentando seu “soft-power” nessas regiões, mas ambos deixaram a oportunidade passar.
Então, se você não faz, não pode reclamar de outra fazer em seu lugar.
“Mostre no meu comentário onde defendo bancos, agiotas, FMI ou outr(…)”
Realmente, não defendeu. Mas só chamei atenção como, curiosamente, seu exemplo se adequa perfeitamente aos exemplos que citei acima.
E não vejo ninguém preocupado com isso…
Com o devido respeito que não demonstrou ter “Bixo” devem ser os seus e os do seu meio….
1- figura de linguagem. Se você é fragil e se ofendeu, lamento, não tenho nada com isso;
2- agora debata, e diga que o que eu disse acima está errado e, se está, os motivos.
Se os tiver, obviamente…
Só não trato com gente desse meio, daqui a pouco vai mandar um “salve” se é que me entende!!!
Tudo, vou me referir ao “floquinho de neve” de forma mais informal, satisfeito?
Ops, formal*
É falso que os contratos chineses exigem entregar terras ou infraestrutura.
E isso acontece por incompetência das grandes potências ocidentais e também do Brasil, que deveria exercer influência cultural e ser um grande fornecedor de armas, ter parcerias militares e econômicas com os países africanos banhados pelo Atlântico Sul.
Exato.
Deveríamos ter um soft-power voltado pra países africanos banhados pelo Atlântico.
Mas não temos.
A “Amazonia Azul”, aquela bobagem que a MB adora propagar, será um “novo Mar da China” em breve. Fica vendo.
Já disse uma “penca” de vezes:
Não existe vácuo de poder.
Durante décadas, EUA e Europa simplesmente c…. e andaram pra África.
A China começou a “pegar o lugar” desse vácuo com exportações de armas, também aproveitando o vácuo do mercado de armaa da região que era da URSS, depois disso, passou pra empréstimos, infra-estrutura, e aí vai.
Se você não fizer, outro irá em seu lugar.
Não existe vácuo de poder.
Ah sim, e a AL se encaminha, mesmo que timidamente, pro mesmo destino…
A gente sabe que a influência do Mundo Ocidental nos países periféricos é calamitosa, mas acho que é cedo demais para dizer que a China é boazinha. Lembrem-se que no “quintal” deles o assédio do hard power de Pequim é constante. Que o digam Vietnã, Filipinas e Indonésia.
A China está fazendo o que os EUA não fizeram.
Se pegarmos a montanha de dinheiro que os EUA gastaram fazendo guerra nos diversos países que ele invadiu, investindo nos mesmos países, eles teriam um retorno muito maior em soft power, e teriam, como desejam, alastrado a “cultura ocidental” por todos os países. Mas eles preferiram o caminho das armas. O vídeo que o Galante postou exemplifica bem isso.
Os chineses oferecem aquilo que os africanos precisam, equipamento mais acessível sem exigir em troca entregar recursos naturais de mão beijada.
Se o Brasil tivesse um projeto de país, poderíamos ao menos crescer nossa influência nos países africanos de língua portuguesa, Moçambique, Angola, timor-leste.
Há um trabalho sendo feito na república centro-africana com militares do cigs treinando tropas africanas para o combate. Mas me refiro a uma participação maior, por exemplo no apoio militar a Moçambique que vem lutando contra o ISIS há um bom tempo.
Além claro, de investir nesses países, com empresas brasileiras participando de obras e concessões.
Parabéns a China, viu a oportunidade perfeita de aumentar sua influência na região. Não há vácuo de poder!
Só não querem perder seus quintais simplesmente isso.