AH-64E Apache

O governo da Coreia do Sul decidiu abandonar seu ambicioso plano de adquirir mais 36 helicópteros de ataque AH-64E Apache, após o Parlamento sul-coreano reduzir drasticamente o orçamento do programa de 10 bilhões de won (US$ 7,28 milhões) para apenas 300 milhões de won (US$ 218 mil) em orçamento suplementar aprovado no último dia 4 de julho. Os recursos remanescentes deverão ser realocados para outros projetos, efetivamente encerrando o negócio avaliado em cerca de 4,7 trilhões de won (US$ 3,43 bilhões).

O parlamentar Yoo Yong-won, do partido governista People Power Party, confirmou o corte orçamentário e afirmou que as chances de cancelamento definitivo do programa aumentaram substancialmente. Segundo Yoo, a decisão reflete uma mudança estratégica nas Forças Armadas sul-coreanas, que desde maio vêm considerando sistemas alternativos, incluindo soluções integradas entre aeronaves tripuladas e não tripuladas, em vez de seguir adiante com a aquisição dos Apaches.

A revisão do programa começou em outubro de 2024, após preocupações surgidas durante a guerra na Ucrânia, onde helicópteros russos foram repetidamente derrubados por drones e sistemas portáteis de mísseis ucranianos. O alto comando militar sul-coreano passou a questionar se fazia sentido destinar cerca de 70% do orçamento de modernização do Exército exclusivamente aos helicópteros Apache, em um cenário de guerra cada vez mais moldado por armas autônomas e tecnologia de drones.

Isso ocorreu apesar da aprovação prévia, em agosto de 2024, do Departamento de Estado dos EUA para a possível venda, que incluía 36 helicópteros, sistemas de armas, mísseis Hellfire, Joint Air-to-Ground Missiles (JAGM) e suporte logístico. O pacote, estimado em US$ 3,5 bilhões, tinha como objetivo fortalecer a capacidade de defesa de um importante aliado dos EUA no Indo-Pacífico.

A guinada sul-coreana acompanha tendências vistas nos EUA, onde o Exército americano está aposentando antecipadamente alguns modelos Apache e redirecionando investimentos para sistemas avançados de drones, como o Gray Eagle. Para Yoo, essa transição representa um “movimento positivo”, em linha com as exigências de guerras contemporâneas.

O cancelamento dos Apaches foi apenas parte de um corte mais amplo de 87,8 bilhões de won em programas de defesa previstos no orçamento suplementar. Entre os projetos afetados estão a modernização do sistema científico de vigilância na fronteira, radares móveis de longo alcance, morteiros autopropulsados de 120 mm e pistolas para operações especiais. A Administração do Programa de Aquisição de Defesa (DAPA) atribuiu os cortes a questões técnicas e contratuais.

Atualmente, a Coreia do Sul já opera 36 helicópteros Apache adquiridos em 2017. O custo do lote adicional, porém, subiu significativamente, saltando de 44,1 bilhões de won por unidade no primeiro lote para 77,3 bilhões de won no segundo. Autoridades militares já vinham manifestando reservas sobre a aquisição, especialmente à luz das vulnerabilidades dos helicópteros observadas no conflito ucraniano.

Embora o programa esteja praticamente cancelado neste momento, analistas não descartam que ele possa voltar à pauta caso haja pressão do governo dos EUA, sobretudo se a administração Trump retomar sua estratégia de exigir maiores investimentos em defesa por parte de aliados.

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Wagner Figueiredo
Wagner Figueiredo
1 mês atrás

Aí o pessoal começa a aposentar os “helis” de ataque, e o Brasil fica perdido omo sempre..não adquiriu nada e agora fica na dúvida pra onde ir…só aqui mesmo!!!

Joao
Joao
Responder para  Wagner Figueiredo
1 mês atrás

De onde tirou isso???
Diminuir a quantidade de He Atq não é deixar de tê-los…
O BR não está perdido em absolutamente nada disso…
Comentário bizarro…

José Joaquim da Silva Santos
José Joaquim da Silva Santos
1 mês atrás

Esse é outro meio que vai ficar pra escanteio após a ‘democratização’ dos drones, até os EUA já cancelaram um projeto de heli de reconhecimento/ataque recentemente.

adriano Madureira
adriano Madureira
Responder para  José Joaquim da Silva Santos
1 mês atrás

Aquele bonitão da Bell?

Joao
Joao
Responder para  José Joaquim da Silva Santos
1 mês atrás

Não vai mesmo…
Só não precisa o quanto tinha.

Nativo
Nativo
1 mês atrás

A guerra da Ucrânia realmente se tornou um divisor de águas no combate moderno.
Assim como as potências militares de verdade.
espero que por aqui os nossos líderes militares, também estejam atentos aos novos paradigmas que se apresentam.

Wilson França
Wilson França
Responder para  Nativo
1 mês atrás

“Líderes militares” e “Brasil” não cabem numa mesma frase.

Joao
Joao
Responder para  Wilson França
1 mês atrás

Nossa…. O Sabichão….

José Gregório
José Gregório
Responder para  Wilson França
1 mês atrás

Oxímoro.

Joao
Joao
Responder para  Nativo
1 mês atrás

Nativo
A Guerra da Ucrânia não é um divisor de águas.
Tem demonstrado a necessidade de novos meios, mas também tem evidenciado como lutar do jeito q o Ocidente luta é eficiente.
A guerra ucraniana tem dado aula de como lutar atabalhoadamente como Rússia e Ucrânia fazem é furada.

José Gregório
José Gregório
Responder para  Nativo
1 mês atrás

Tem que perguntar ao comandante paçoquinha, ele sabe tudo…

Felipe M.
Felipe M.
1 mês atrás

Surrealismo é o nome do “novo normal”.
O Apache é um baita helicóptero. Talvez o melhor helicóptero de ataque do mundo. Mas não existe NADA que possa justificar um helicóptero custar mais do que um caça moderno.
Nesse contrato sul coreano está saindo pelo mesmo valor do nosso contrato dos gripens e, acompanhando as práticas de comércio dos EUA, dificilmente entrega contrapartidas similares ao nosso projeto. Hoje quanto custaria um Gripen sem contrapartidas em um eventual segundo lote para a FAB? Se fosse chutar, diria que, por coerência, descontadas as várias contrapartidas do programa, deveriam custar, no máximo, algo entre U$ 70 mi e U$ 80 mi. O Apache está saindo por quase U$ 100 mi (Cerca de R$ 550 mi).
Em um exercício:
– Uma escola top, padrão EUA, com salas espaçosas e bem equipadas, com refeitório, vestiário, quadra esportiva, campo de futebol etc, para mil ou 2 mil alunos, sairia o que? Chuto que uns R$ 50 mi.
– Um hospital municipal, de média a grande capacidade, pegando como referência um recebem inaugurado próximo de minha cidade, custo, salvo engano, R$ 110 mi.
Pois bem, esse único contrato sul coreano, como referência, significaria:
– 400 escolas, de alto nível, suficientes para atender, ao menos, as 27 capitais, abrangendo 400 mil a 800 mil alunos; ou
– 180 hospitais municipais de qualidade, também suprindo a necessidade das 27 capitais e de mais várias cidades.

Como justifica esse gasto perante a sociedade brasileira? Os sul coreanos justificam com o gordinho na esquina, ameaçando eles dia sim e no outro também, além do dragão chinês no cangote.
Agora, para nós, é completamente injustificável.
São preços praticados que, para nós, é impossível de se pagar na realidade orçamentária brasileira.
A situação das FAs é muito complicada. Precisam de um completo reequipamento, em um mundo cada vez mais turbulento, mas não há a mínima chance de viabilizar orçamento para isso.
Curioso ver que os sul coreanos estão pensando em priorizar seu programa de vigilância de fronteiras. Discutimos bastante isso aqui no Brasil tbm. A necessidade de continuar tentando viabilizar o SISFRON (e o SISGAZ), enquanto se mantinha a dotação dos outros programas.
Acabou que não estamos conseguindo mais avançar na conclusão do SISFRON e SISGAZ, na velocidade que se pensava, e tbm não estamos conseguindo pagar o restante dos programas.
Isso num cenário em que não se consegue nem pensar em como atingir as metas fiscais sem aumentar mais ainda a carga no lombo do povo, que já vive pra pagar tributos.
Ainda bem que os “importantíssimos” fundos eleitoral e partidário e emendas parlamentares se mantém firmes e fortes. Afinal, é o que “mais importa e mais traz retornos” ao nosso querido Brasil.

danieljr
danieljr
Responder para  Felipe M.
1 mês atrás

Vamos ficar sem as escolas e sem os helicópteros, como sempre.

Comenteiro
Comenteiro
Responder para  danieljr
1 mês atrás

Infelizmente é verdade.

Comenteiro
Comenteiro
Responder para  Felipe M.
1 mês atrás

E ainda tomaram tarifas, tarifas e mais tarifas.

Colombelli
Colombelli
1 mês atrás

Assim como ocorre com o CC, o helicoptero não vai ser substituido ou morto pelo drone. Mas o drone vai redefinir a importância e a forma de usar ambos.

Ambos ainda enfrentam a difusão dos atgm e manpads.

É um realinhamento de prioridades.