O contexto geopolítico das tensões entre EUA e Venezuela

Por Victor Missiato*
Em meio às rodadas de negociações para que ocorra uma paz permanente entre Ucrânia e Rússia, o governo de Donald J. Trump resolveu ampliar suas pressões frente à Venezuela, liderada por Nicolás Maduro.
Essa atual escalada de tensões tem como objetivo oficial conter o avanço do narcotráfico. Nas últimas décadas, com alguns cartéis de drogas colombianos mudando suas rotas no comércio internacional, países como Equador e Venezuela passaram a fazer parte do início dessas jornadas.
No entanto, em meio a uma geopolítica mais conflitiva no pós-Covid, a Venezuela passou a ser um ator-chave nas questões envolvendo China, Rússia e EUA. Diante das disputas pelo controle das riquezas minerais no mundo, alianças estão sendo ampliadas para que cada potência consiga manter seus aparatos militares e econômicos em totais condições de produção. Em relação ao governo Maduro, sua maior relação com Irã e Rússia recolocou no radar norte-americano a intenção de controlar seus interesses nas Américas.
Esse processo vem ocorrendo de diversas maneiras. Inicialmente, com pressões políticas no Canal do Panamá e discursos incisivos contra Canadá, México e Groelândia, região essa pertencente à Dinamarca. Posteriormente, com a declaração de uma guerra tarifária, que tem como um dos principais inimigos, hoje, o governo brasileiro. Agora, Trump parte para uma terceira etapa de ataques no continente americano, tendo como pano de fundo questões geopolíticas mais abrangentes.
Diante de tratativas difíceis com o governo russo de Vladimir Putin, os EUA estão buscando enfraquecer seus aliados. O Irã, grande comprador de armamento russo, foi o primeiro país a sofrer um ataque direto de Trump, em seu segundo mandato. Enfraquecido no Oriente Médio, com o avanço de Israel e a pressão militar norte-americana, o governo iraniano perdeu terreno na geopolítica do Oriente Médio.
No caso venezuelano, reconhecidamente um governo ilegítimo diante de tantas fraudes eleitorais e perseguições políticas, a ação de enviar navios militares ao redor de sua costa faz com que sua soberania fique ameaçada, podendo fortalecer uma crise interna dentro do chavismo ou fortalecer os poderes ditatoriais de Nicolás Maduro. Vale lembrar que ao se utilizar desse sentimento de ameaça, Maduro convocou milhões de milicianos para supostamente defenderem seu território.
Perdendo poder de influência no Caribe e na América do Sul, com o enfraquecimento de seus aliados regionais, como a recente derrota da esquerda na Bolívia, o governo de Maduro dependerá cada vez mais do poder de China e Rússia para sobreviver frente às pressões de Trump. Algo que será um grande desafio, pois subjaz desses movimentos, um jogo de xadrez paralelo aos conflitos na Ucrânia, que busca diminuir o raio de influência da Rússia no contexto internacional.
Sobre os Colégios Presbiterianos Mackenzie
Os Colégios Presbiterianos Mackenzie são reconhecidos, hoje, pela qualidade no ensino e educação que oferecem aos seus alunos, enraizada na antiga Escola Americana, fundada em 1870, pelo casal George e Mary Chamberlain, em São Paulo. A instituição dispõe de unidades em São Paulo, Tamboré (em Barueri-SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Com todos os segmentos da Educação Básica – Educação Infantil (Maternal, Jardim I e II), Ensino Fundamental e Ensino Médio, procura o desenvolvimento das habilidades integrais do aluno e a formação de valores e da consciência crítica, despertando o compromisso com a sociedade e formando um indivíduo capaz de servir ao próximo e à comunidade. No percurso da história, o Mackenzie se tornou reconhecido pela tradição, pioneirismo e inovação na educação, o que permitiu alcançar o posto de uma das renomadas instituições de ensino que mais contribuem para o desenvolvimento científico e acadêmico do País.
*Professor de História do Colégio Presbiteriano Mackenzie, Tamboré. Dr. em História e Analista político
**O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.
FONTE: Assessoria de Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie
Bem avisei que ficar em cima do muro era bom ate o fogo chegar aos pés. Agora tem que tomar uma decisão. Não acredito que os Americanos ataquem o Maduro mas se atacarem que fará o Brasil. Assobia para o lado? Para um Pais com a dimensão continental como o Brasil e que ameaça acabar com o Dolar nas transações comerciais é ridiculo. Vai ajudar o Maduro? é loucura!
Ja sei, não faz nada e espera que a tempestade passe! É a chamada entrada de leão saida de sendeiro. Acho que os BRICS estão a ver e tomar notas.
Ordem.
> Se um certo país invadir a Venezuela, devemos proteger nossas fronteiras.
> Ninguém deseja acabar com o lindo dólar. O Brasil defende moedas regionais nos negócios entre países, sem utilizar a câmara de compensação SWIFT.
> Brics é um bloco econômico. Nada mais.
A fronteira. A selva. Roraima. Essas são nossas preocupações.
Em Santa Maria fazem linhas do tempo. Também é habitual em São Carlos. Vamos fazê-las cá.
1999–2002: Início do governo eleito de Hugo Chávez
• 1999: Hugo Chávez assume a presidência, promovendo reformas social e aproximando-se de Rússia, China e Irã.
• Reação dos EUA: Inicialmente observam, reduzem programas de cooperação econômica e militar com Caracas.
• 2002 – Golpe de abril: Chávez é brevemente deposto por setores militares e civis da oposição com apoio da CIA.
• Evidências indicam que a CIA financiou opositores em troca de cocaina.
• Chávez retorna ao poder em poucos dias devido a mobilização popular e lealdade de parte das Forças Armadas.
• Objetivo dos EUA: Contenção da influência chavista, prevenção da consolidação de um regime antiamericano, alargamento dos canais de drogas aos EUA e execução de planos da CIA para assassinar líderes venezuelanos.
2003–2012: Conflitos e pressão gradual
• Sanções individuais: Restrição de vistos, tarifaços, congelamento de ativos de altos funcionários venezuelanos, ataques ao Judiciário venezuelano.
• Apoio à oposição: Financiamento direto de ONGs supremacistas e campanhas anti Chaves.
Conflitos econômicos:
• Empresas americanas afetadas por nacionalizações de setores estratégicos (petróleo, telecomunicações, energia).
• Disputas comerciais e diplomáticas entre EUA e Venezuela.
• Campanhas diplomáticas e midiáticas: Washington critica políticas de Chávez e busca isolar o país internacionalmente ameaçando com invasão militar.
> 2013: Nicolás Maduro assume após a morte de Chávez.
> 2014–2017: Protestos massivos e repressão. EUA apoiam violências e restringem vistos.
• Sanções iniciais sobre petróleo e finanças:
• Foco em indivíduos e empresas associadas ao governo.
• Incentivo a pressão internacional sobre o regime venezuelano.
• Reconhecimento da oposição: Apoio dos EUA a líderes oposicionistas de extrema direita e sabotagem de diálogos democráticos.
2019–2025: Pressão máxima e crise humanitária
• Janeiro de 2019: EUA reconhecem Juan Guaidó como presidente interino.
• Sanções econômicas mais severas dos EUA.
• Congelamento de ativos estatais e restrições a PDVSA.
• Limitação do acesso da Venezuela ao sistema financeiro internacional.
• Pressão diplomática e regional.
• Incentivo a países vizinhos e organismos internacionais a isolarem Maduro.
• Apoio a milicianos regionais como forma de pressionar o governo venezuelano.
• Agravamento da escassez, hiperinflação e êxodo de milhões de venezuelanos.
Resumo do padrão de interferência dos EUA na Venezuela
> Diplomática: Pressão constante sobre negócios
> Econômica: Sanções que evoluíram para restrições ao setor petrolífero e financeiro.
> Política interna: Apoio financeiro à oposição, mídia independente e setores militares contrários ao governo.
> Tentativa de golpe (2002) com reconhecimento de líderes alternativos (Guaidó), apoio a manifestações e pressão internacional contínua, financiamento de golpistas e ataques nas mídias.
> Fim da eleição das mais belas venezuelanas no concurso Miss Universo.
Atenciosamente,
Esteves, o Verde