Lembrando que este mês foi aniversário dos ataques nucleares a Nagasaki e Hiroshima, o ForTe, ao invés de apenas publicar uma nota sobre a data, preferiu mostrar aos leitores a alternativa: a invasão do Japão pelos aliados, conhecida como Operation Downfall.

A Operação Downfall consistia de duas partes: Olympic e Coronet, começando em outubro de 1945. A Olympic tinha como objetivo a conquista da parte sul da ilha de Kyushu, no sul do Japão. Programada para logo depois, na primavera de 1946, a Coronet tinha como objetivo a invasão da planície de Kanto, perto de Tóquio, na ilha de Honshu.

Por causa da geografia do Japão, esses objetivos eram óbvios para o Alto Comando Imperial, que planejava uma defesa tenaz da ilha de Kyushu – dependendo do grau de resistência da população civil, baixas nos patamares de dezenas de milhoes eram esperadas.

As considerações primárias dos aliados eram tempo e baixas: como forçar a rendição do Japão o mais rápido possível com o mínimo de baixas dos dois lados. De acordo com a inteligência disponível, no início de 1945 haviam 6 divisões japonesas na ilha de Kyushu, com outras 4 disponiveis para a defesa da ilha e 14 divisoes disponíveis na planície de Kanto.

Olympic

Iniciando o “X-Day” em 1º de novembro de 1945, a Olympic contaria com a maior armada naval da história, incluindo 42 NAe, 24 Encouraçados e 400 Destroyers. 14 divisões americanas faziam parte do assalto anfíbio inicial, com o 6º Exército desembarcando em tres praias diferentes cada uma, com um corpo-de-exercito sendo o I e XI do US Army (Exército dos EUA) e o V Corpo Anfíbio do USMC (Fuzileiros Navais dos EUA) nas praias com os terrenos considerados mais difíceis.

Coronet

Iniciando o “Y-Day” em 1º de março de 1946, a Coronet seria a maior operação anfíbia da história, com 25 Divisões do 1º e 8º Exércitos norte-americanos preparadas para as fases iniciais (a invasão da Normandia, em comparação, teve a participação de 12 divisões).

Já que nenhum plano sobrevive ao primeiro contato, gostaria de mostrar também o plano japonês:

Operacao Ketsugo

O objetivo da liderança japonesa era forçar o maior número possível de baixas e perdas materiais aos aliados, forçando um armistício mais favorável ao país ,ao invés de uma rendição incondicional.

O plano japonês dependia fortemente de Kamikazes, com mais de 10 mil aviões disponíveis em julho de 1945, estimando-se que a tática afundaria mais de 400 navios aliados. Os objetivos seriam os navios de transporte, ao invés das escoltas, que foram alvo em Okinawa.

Já a parte terrestre do plano japonês tinha ênfase nas defesas de profundidade, as mesmas que levaram a altas baixas aliadas em Peleliu, Iwo Jima e Okinawa. Em março de 1945, ao contrário do que a inteligencia alida previu, o Japão possuía 14 divisões na ilha de Kyushu e 3 brigadas blindadas, formando um total de 900 mil homens – sem contar a população civil, que seria utilizada na defesa da ilha. Em agosto de 1945 o Exército Imperial possuía 65 divisões nas ilhas do Japão, com equipamento para 40 delas e munição para somente 30. Sendo assim, a Olympic (como planejada) possuía um relação de forças de 1 para 1 em sua invasão.

O resto da história é de conhecimento geral: após o uso das bombas em Hiroshima e Nagasaki, o Japão se rendeu incondicionalmente, eliminando a necessidade de tal operação e sinalizando o fim do maior conflito da humanidade.

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Baschera
Baschera
14 anos atrás

Olá Marine,

Parabéns, muito boa a matéria.
Eu não sabia que os nipônicos possuiam tantos efetivos ainda disponíveis no final da guerra. Mas acredito que o moral já estava muito baixo. Aos americanos, na minha opinião, com um golpe, mataram dois coelhos: forçaram a rendição incondicional do Japão e largaram na frente dos russos, os quais já se sabia, seriam os próximos adversários, pelo menos ideologicamente falando.

Sds.

claudio/itajai-SC
claudio/itajai-SC
14 anos atrás

Tá uma coisa nova para mim. Gostei da matéria

RoninSnkShit
RoninSnkShit
14 anos atrás

Falando em “americanês”: Ouch!
O Japão iria ser o maior cemitério em céu aberto do mundo!

Flavio
Flavio
14 anos atrás

O número de mortos com as bombas foram com certeza menores que o número de mortos no caso de uma invasão.

Andre Luiz
Andre Luiz
14 anos atrás

O numero de inocentes mortos na invasao seria muito menor do que o com uso da bomba

Acho eu, sei la

Deve ter sido horrivel tomar tal descisao, nao queria estar na pele dos planejadores

McNamara
14 anos atrás

Perguntem ao General Le May… Japonês bom é Japonês morto. Se fosse necessário lançariam mais uma, duas , três bombas atômicas, em paralelo com os arrasadores e indiscriminados bombardeios incendiários das B-29, até o Imperador pedir arrego. Era esse o pensamento da época. A invasão, fortemente apoiada pelo General MacArthur, ceifaria a vida de centenas de milhares de militares norte-americanos e devastaria a população civil japonesa. Guerra é isso aí.

massa
massa
14 anos atrás

Independente da bomba atomica, este plano estava totalmente furado, a vitória aliada era certa mas os estrategistas americanos e japoneses esqueceram da União Soviética, antes da rendição japoneses os soviéticos invadiram o norte do Japão pelas ilhas Kurilas(Tishima) e certamente entrariam em Hokkaido (Ilha Norte) e posteriormente em Honshu (Ilha principal), antes dos americanos conseguirem a rendição através de suas tropas de infantaria lideradas pelo Gen. D.McArthur. Provavelmente o que teria acontecido seria um cenário parecido com a Alemanha, uma divisão entre o Japão do Norte (comunista) e do Sul (capitalista) com implicação futura na própria Guerra da Coréia (década… Read more »

WAR
WAR
14 anos atrás

Marine,
Novidade das boas para todos nós. Acho, mesmo, que as bombas A foram um mal menor. E tb que os russos iriam buscar sua parte, até porque tinham tropas “sobrando” e não tinham medo de sacrificá-las.
Mas, e se simplesmente cercassem o Japão até o estrangulamento e rendição final? Eles não tinham (e não tem) recursos naturais. Como manter tropas e povo? Quem sabe uma rebelião contra o governo fascista do imperador ocorresse?
Meras especulações. Parabéns pela matéria!

Musashi
Musashi
14 anos atrás

As caracteristicas econômicas da época eram bem diferentes. A invasão dificilmente ocorreria, não dessa maneira. As percas seriam grandes demais para ambos os lados, e no caso dos EUA, como a guerra ja estava ganha, perder tanto material seria dificilmente compreendido pelos congressistas. Nenhum general ia arriscar.
A geografia das ilhas Nipponicas dificiltam muito a guerra convencional.
A solução diplomatica era o único meio, mas antes era preciso romper o resto de moral Japonesa, a solução encontrada todos sabem.

Mauricio R.
Mauricio R.
14 anos atrás

“…e certamente entrariam em Hokkaido (Ilha Norte) e posteriormente em Honshu (Ilha principal), antes dos americanos conseguirem a rendição através de suas tropas de infantaria lideradas pelo Gen. D.McArthur.”

-Com o que os soviéticos passariam pela US Navy, p/ poder desembarcar em alguma das ilhas, alem das Kurilas???

massa
massa
14 anos atrás

“Com o que os soviéticos passariam pela US Navy, p/ poder desembarcar em alguma das ilhas, alem das Kurilas???” Da mesma forma que passaram do continente para as ilhas Kurilas!!! Além do que, os americanos foram aliados dos sovieticos durante a 2a Guerra Mundial, não faria sentido naquele momento lutarem contra os russos enquanto houvessem um inimigo comum a combater, não é? Muitos historiadores japoneses dizem a mesma coisa. Enfim o final da 2a G.M. houve uma corrida dos aliados pelo botim da guerra, foi assim na Europa, não seria diferente também na Ásia, pois todos (Ref. Fev/1945 Conferência de… Read more »

Marcelo Tadeu
Marcelo Tadeu
14 anos atrás

NADA JUSTIFICA MATAR 200.000 INOCENTES com aquelas bombas. O Japão iria se render mais cedo ou mais tarde, ocorre que os EUA tinham que mostrar ao mundo quem mandava. Vejam o filme “O começo do fim” que conta a história do Projeto Manhattan. A corrida para produzir a bomba A era contra a Alemanha, mas quando os serviços de inteligência divulgaram que os alemães não tinham a bomba, os americanos poderiam ter parado o Projeto. Contra os cientistas , eles continuaram. Vcs sabiam que o Brasil iria enviar soldados para esta invasão tb? Assim como a FAB , que tb… Read more »

Walderson
Walderson
14 anos atrás

Achei muito interessante este post. As justificativas foram as mais diversas. Mas uma coisa que ninguém pensou é que do outro lado – americanos e europeus – tb morreu muita gente inocente, pois Japão e Alemanha não estavam nem aí se estavam bombardeando civis. Penso que não justifica matar civis, mas explica. Os EUA tb evitaram a morte de milhares de soldados deles. É uma defesa correta para qualquer general. Não existe general que não se importe com seus soldados. Tem um outro fato tb: os EUA estavam putos com o Japão desde Pearl Harbour (não sei se se escreve… Read more »

Marine
Marine
14 anos atrás

Marcelo Tadeu, Voce se engana, apesar de ter havido gente que com certeza gostaria que e imaginava que o Brasil se envolve-se nos planos dai a participar da invasao inicial sao outros quinhentos… Pra voce ter uma ideia, os Joint Chiefs of Staff americanos nao queriam quaisquer forcas que nao falassem ingles nessa operacao, basicamente os unicos que seriam aceitos seriam Australia, Ingalterra, Nova Zelandia e Canada tamanha era o efeito complicador e o risco de uma operacao conjunta desse porte. O proprio MacArthur recusou o uso de unidades indianas que tiveram participacao muito mais expressiva do que a nosso… Read more »