Quando o helicóptero tocou o solo na periferia da cidade de Bengazi, logo nas primeiras horas d amanhã de sexta-feira, os homens do SAS sabiam que estavam entrando em uma situação volátil.

Incumbidos de escoltar um diplomata ao encontro com lideranças da rebelião líbia e criar condições para ajuda humanitária, eles não esperavam uma recepção tão hostil.

A posição do governo britânico, abertamente contra as ações do coronel líbio Muammar Gaddafi, e os diálogos com a oposição líbia, deveriam tornar a “visita” algo consensual.

No entanto, a maneira como ocorreu o desembarque- na calada da noite, totalmente armados, com explosivos, mapas e vestindo uniformes negros – fez muito pouco para não assustar a população local.

Os sete integrantes do SAS e o oficial do MI6 pousaram cerca de 20 milhas a oeste de Bengazi, e testemunhas locais disseram que tiros de advertência foram disparados assim que eles chegaram. Enquanto os soldados procuravam abrigo nas proximidades, um grupo da milícia local rapidamente cercou os militares britânicos, questionando-os quem eram e o que queriam.

Procurando evadir-se de uma situação que ficava mais tensa a cada momento, eles disseram que não estavam armados e o cenário só piorou com a descoberta dos armamentos.

Sabendo que a missão estava comprometida, os militares não ofereceram resistência e foram presos.

Algemados e levados para uma base militar em Bengazi, eles foram bem tratados e até mesmo puderam entrar em contato com autoridades britânicas na Líbia.

Na medida em que a notícia humilhante da captura deles se espalhou, os contatos diplomáticos começaram a surgir. Richard Northern, o embaixador britânico na Líbia, teve a sua conversa com um líder rebelde gravada enquanto negociava a liberação dos militares.

A gravalação, transmitida pela TV estatal líbia, mostrou o diplomata implorando pela libertação do grupo, dizendo que todo o caso não passava de um mal entendido e solicitando intervenção da oposição.

Northern disse que o grupo era uma força avançada que procurava contactar as forças anti-Kadafi e estabelecer ajuda humanitária.

Ele também informou que o grupo procurava por acomodações durante a visita.

” Entendo que houve um mal entendido e que eles foram pegos por grupos armados que se preocuparam com a presença deles e quem eles eram,” disse.

“Espero perguntar ao senhor Jalil (Mustafa Abdel Jalil, ex-ministro da justiça do governo de Kadafi e agora um dos líderes da revolução) se ele pode intervir para resolver a questão.”

O porta-voz de Jalil disse ao embaixador que o Reino Unido cometeu um grande erro na maneira como os militares chegaram.

“Eles cometeram um grave erro ao chegarem de helicóptero em um descampado”, ele disse.

Sua visão encontrou eco em outros rebeldes em Bengazi, que ficaram surpresos com a forma com que as forças britânicas chegaram.

Jalil Elgallal, membro do comitê revolucionário em Bengazi, disse: “Ninguém aqui foi informado da chegada, este fato é bastante peculiar e não entendemos porque eles decidiram agir desta maneira.”

Uma outra fonte rebelde disse: “Se esta é uma delegação oficial, por que vieram em helicópteros? Por que não dizer simplesmente que estavam a caminho e solicitado permissão para pousar no aeroporto?’ Existem regras para essas coisas.”

No domingo pela tarde a crise havia sido amenizada com a liberação dos soldados e o confisco do armamento.

Assim que os militares foram resgatados pela fragata HMS Cumberland, que atracou em Bengazi rapidamente e rumou para Malta, o Ministro da Defesa britânico ainda se perguntava, o que aconteceu de errado.

FONTE: The Telegraph

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Forças Terrestres

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