Marroquinos pressionam pela libertação de Brahim Saadoun, condenado à morte por separatistas ucranianos

19

Uma sentença de morte contra um cidadão marroquino emitida por um tribunal em uma região separatista do leste da Ucrânia apoiada pela Rússia desencadeou pedidos de sua libertação de sua cidade natal, em meio a uma resposta silenciosa do governo marroquino.

Brahim Saadoun, que recebeu a cidadania ucraniana em 2020, foi condenado à morte ao lado de dois britânicos na semana passada na autoproclamada República Popular de Donetsk (DPR) depois de ser acusado de ser mercenário.

O jovem de 21 anos, que amigos e familiares disseram ter se juntado ao exército ucraniano após a invasão russa do país, era estudante de engenharia aeronáutica em Kyiv, para onde se mudou em 2019.

As Nações Unidas descreveram a sentença de morte de Saadoun como um “crime de guerra”.

Nos únicos comentários feitos por Rabat sobre o assunto, fontes diplomáticas da embaixada marroquina em Kyiv foram citadas na segunda-feira pela agência de notícias oficial do reino como dizendo que Saadoun foi detido enquanto usava uma farda do exército ucraniano como membro das forças navais daquele país.

Os breves comentários das fontes diplomáticas não identificadas acrescentaram que Saadoun está sendo detido por “uma entidade não reconhecida pelas Nações Unidas ou pelo reino marroquino”.

Apesar do relativo silêncio do governo marroquino, o caso de Saadoun gerou uma reação em seu país natal. Os usuários marroquinos do Twitter se reuniram para o lançamento de Saadoun sob a hashtag #Save_Brahim.

Mas, enquanto pediam sua libertação, alguns marroquinos não apoiaram sua escolha de lutar pelo exército ucraniano.

Mohamed Ouamoussi, um jornalista marroquino, escreveu : “Que Allah esteja com seus pais. Um estudante inteligente que fala cinco idiomas e estava estudando aeronáutica. Ele sofreu uma lavagem cerebral e foi explorado para ser jogado em um campo de batalha no qual não terá ganhos nem interesses em Donbas.”

Amina Bou Ayash, chefe do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), uma entidade marroquina independente que constitucionalmente supervisiona as práticas do governo, pediu na segunda-feira que as autoridades marroquinas intervenham no caso de Saadoun.

No entanto, ela também observou que Saadoun “é um cidadão com dupla cidadania, o que complica as coisas, especialmente porque ele está em solo ucraniano e a cidadania reconhecida é a do país onde reside”.

“O que importa agora e o mais importante é proteger Brahim Saadon onde quer que ele esteja, da sentença de morte, pois ele é um cidadão marroquino”, disse Bou Ayash à mídia local.

O pai de Brahim Saadoun, Taher, disse ao jornal local Hespress que Brahim era um excelente aluno e um “gênio”. Ele argumentou que seu filho deveria ser tratado como um prisioneiro de guerra, e que ele se juntou às tropas ucranianas como tradutor e se rendeu às forças russas em trajes civis.

Ecoando uma posição semelhante, o Centro Marroquino para os Direitos Humanos condenou a sentença de morte, que disse ter sido emitida por um “tribunal militar”, exigindo que o refém fosse devolvido ao Marrocos para ser julgado em sua terra natal.

A organização também atacou o governo marroquino e seu Ministério das Relações Exteriores por seu silêncio, instando o governo a enviar advogados para apoiar Saadoun e a se comunicar com o governo russo para garantir sua libertação.

Saadoun, no entanto, não recebeu apoio unânime de seus compatriotas.

“Ele aprendeu em uma região [Ucrânia] com tensão e conflito como segurar um rifle e lutar, o que representa uma ameaça ao reino”, Soufiane Ben Lazaar, editor-chefe do site de notícias marroquino de língua espanhola Maruecom, disse à Al Jazeera. “Não devemos trazê-lo de volta.”

FONTE: Al Jazeera

Subscribe
Notify of
guest

19 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Moisés
Moisés
1 ano atrás

É um caso diferente.
O sujeito tem dupla cidadania.
É mercenário e não é.

Nilton L Junior
Nilton L Junior
Reply to  Moisés
1 ano atrás

Moisés isso depende de qual unidade o sujeito estava, se estava com os simpatizantes da raça pura então ele esta fdd.

Nilson
Nilson
Reply to  Nilton L Junior
1 ano atrás

Meio difícil acreditar que um árabe estivesse entre simpatizantes de raça pura, heim?

Rogério
Rogério
Reply to  Nilson
1 ano atrás

Pra vc ver o nivel do argumento!!

Moisés
Moisés
Reply to  Nilson
1 ano atrás

Na Segunda Guerra, os alemães tinham diversas unidades SS formados por estrangeiros, inclusive da Bósnia (Handschar), Albânia (Skanderbeg) e muitos milhares de soldados judeus alemães.

Rogério
Rogério
Reply to  Moisés
1 ano atrás

Judeus disfarçados né? Pq se desconfiassem virava cinzas. Já nesse caso é dupla cidadania mesmo, se fossem racistas como alegam não aceitariam alguem de semita.

Francisco
Reply to  Rogério
1 ano atrás

Caro Rogério para ser bucha de canhão pode ter certeza que aceitariam sim.

Nilson
Nilson
Reply to  Moisés
1 ano atrás

Sim, inclusive unidades de países ocupados. Era uma forma de as SS aculturarem os ocupados, além de ajudar no esforço de guerra. Isso não prejudicava a pureza dos nazistas, que tinham uma “gema” muito forte, podiam “enganar” outros povos impuros (impuros no entendimento deles, não no meu, lógico). Mas não creio que essa seja uma estratégia dos neo nazistas, pois hoje são uma minoria que está tentando se firmar como movimento, ainda não tem a possibilidade de “aculturar” impuros.

Nilton L Junior
Nilton L Junior
Reply to  Nilson
1 ano atrás

Marrocos é formados por várias etnias ao norte da Africa com influência Árabe e incorporaram muitos da cultura deles após serem revertidos ao Islam, agora com certeza de ingênuo não tinha nada, ainda mais quem pretendia ser engenheiro e se misturar com a gentalha do azov.

Nilo
Nilo
Reply to  Nilton L Junior
1 ano atrás

Relatos incidentes envolvendo tiros de radicais neonazistas ucranianos pelas costas em soldados regulares ucranianos se tornaram mais frequentes em áreas de operações militares. Em virtude de ações como unidades ucranianas em preparação de fogo para um ataque das tropas russas perto de Novomikhailovka na República Popular de Donetsk, com cerca de 30 militares do 25º Batalhão da 54ª Brigada Mecanizada da AFU decidirem depor as armas e se render, de militares ucranianos que ocupavam uma fortaleza perto de Zvioroferma pedirem a um comando da unidade russa via rádio para cessar  fogo e fornecer um corredor de saída. ..posso cair, posso… Read more »

Moisés
Moisés
Reply to  Nilton L Junior
1 ano atrás

E por falar em mercenários, as últimas informações dão conta de que são cerca de 2.500 soldados cercados em Severodonestsk, sendo 600 deles mercenários.
Acho que eles caíram em uma armadilha criada pelos russos naquele contra-ataque que ficaram alardeando.

Nilton L Junior
Nilton L Junior
Reply to  Moisés
1 ano atrás

Puts deve gente ai pela Bélgica pensando o tamanho da m que pode sobrar pra eles.

Mafix
Mafix
Reply to  Moisés
1 ano atrás

Fez uma conta fake nova com foto agora ?

Rogério
Rogério
Reply to  Mafix
1 ano atrás

tem tb o X. Assemany, perfil com foto, aumetaram o orçamento do bunker, kkkkkkkkkk

Realista
Realista
1 ano atrás

Será que ele não pensou nisso antes de ir defender outro pais ? ou ia morrer na guerra ou na prisão .

Francisco
1 ano atrás

Escolhas e as suas consequências.

Maurício.
Maurício.
1 ano atrás

Se ele tiver uma oportunidade de ser julgado por um tribunal realmente isento, se for tudo dentro das leis, se tudo ocorrer dentro de um legítimo processo legal, e se não tiver um show televisionado em cima do caso, tudo vai correr bem para esse marroquino, Saddam Hussein que o diga…

Wellington Jr
Wellington Jr
1 ano atrás

Ele não pode ser considerado mercenário se tem cidadania emitida antes da guerra. Como Houve uma mobilização nacional mesmo cidadãos com dupla cidadania acabam pegos nessa rede e tendo de ir em combate. Outra coisa que pesa é que essas repúblicas não são oficiais, não seguem o direito internacional e no que rege a a carta das nações unidas o julgamento do é totalmente ilegal. Mas é aquele caso pra libertar ele os marroquinos tem de falar com a Rússia.

Varg
Varg
1 ano atrás

Violação de direitos humanos por um tribunal de exceção. Não há diferença nenhuma para os ditos “tribunais do tráfico” nas comunidades carentes brasileiras.