China dá as boas-vindas a dezenas de estados africanos para conferência de segurança enquanto busca um papel maior no continente

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  • O Ministério da Defesa chinês disse que o evento, com a participação de quase 50 países, terá como foco a Iniciativa de Segurança Global do presidente Xi Jinping
  • Pequim concentrou-se na manutenção da paz, no contraterrorismo e no treino no continente, à medida que procura apresentar-se como uma alternativa aos EUA

A China acolhe responsáveis da defesa de quase 50 países africanos numa conferência de segurança, enquanto Pequim procura expandir a sua presença e reforçar os laços com o continente, no meio da sua rivalidade com os Estados Unidos.

De acordo com o Ministério da Defesa chinês, o terceiro Fórum de Paz e Segurança China-África centrar-se-á na Iniciativa de Segurança Global (GSI) do Presidente Xi Jinping, que estabelece os princípios políticos de Pequim para gerir conflitos e manter o mundo em paz.

O fórum, que decorre até sábado, contará com a participação de responsáveis de segurança da União Africana e da maioria dos seus Estados-membros, disse o ministério.

Grande parte do compromisso de segurança da China com as nações africanas envolve manutenção da paz, contraterrorismo, antipirataria, ajuda humanitária e educação militar.

Ao abrigo da sua política declarada de não interferência, Pequim absteve-se de envolver diretamente as suas tropas em conflitos locais.

“Para mim é lógico e esperado que a China teste a sua GSI primeiro na África, onde estão os seus principais contingentes de forças de manutenção da paz, incluindo forças de combate, até recentemente no Mali e ainda no Sudão do Sul”, disse Jean-Pierre Cabestan, professor emérito que se concentra nos laços China-África na Universidade Batista em Hong Kong.

Ele disse que alguns países não estavam satisfeitos com o papel da França no combate ao terrorismo em duas ex-colônias, Mali e Burkina Faso, acrescentando: “A China está aproveitando a ocasião para propor outro tipo de assistência militar e de segurança: não mercenários, mas treinamento e armas, dispositivos de segurança e segurança através do desenvolvimento.”

A China também tem interesse na segurança africana, dados os seus extensos investimentos no continente e o grande número de empresas e trabalhadores chineses que trabalham em infra-estruturas e outros projetos, alguns dos quais foram mortos ou raptados por insurgentes.

Nos últimos três anos, houve uma série de golpes de Estado no Sahel, a região diretamente ao sul do Sahara, que resultou na derrubada de governos no Burkina Faso, na Guiné, no Mali, no Sudão e, mais recentemente, no Níger.

Pequim também enquadrou a sua cooperação em segurança com a África como uma alternativa à presença dos EUA no continente e fez críticas veladas às sanções ocidentais impostas a funcionários africanos por violações dos direitos humanos e corrupção.

No entanto, não se espera que a China ajude a negociar uma solução para o golpe que derrubou o presidente democraticamente eleito do Níger, Mohamed Bazoum, no mês passado.
Cabestan disse que o golpe embaraçou Pequim, que via Bazoum como um amigo, mas não apoiaria qualquer intervenção militar, incluindo uma da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas).

A CEDEAO ameaçou com uma ação militar depois de a junta nigerina ter ignorado o prazo para restaurar o governo de Bazoum no início deste mês.

Em vez disso, a junta formou o seu próprio gabinete e propôs um plano de transição de três anos que a CEDEAO rejeitou.

Cabestan disse: “Portanto, a China está pressionando por uma solução diplomática, ao mesmo tempo que contata as autoridades militares nigerianas para garantir a segurança dos seus cidadãos e interesses neste país, que continua a ser a sua prioridade”.

O Fórum de Paz e Segurança China-África, que se reuniu anteriormente em 2019 e no ano passado, é uma das muitas conferências de segurança realizadas no âmbito da GSI, que visa dar a Pequim um papel maior na governação global e dar uma voz mais alta ao chamado Sul Global.

FONTE: South China Morning Post

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Emmanuel
Emmanuel
10 meses atrás

A china entrando na África com os dois pés e os dois braços.
No futuro, o maior prejudicado nem será a Rússia, mas a França.

Todo castigo pra __________________

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Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Emmanuel
10 meses atrás

Serão os europeus, de modo geral, já que vão perder uma fonte de commodities a preço de banana pra suas indústrias.

Jose
Jose
Reply to  Willber Rodrigues
10 meses atrás

O europeu como conhecemos está fadado a deixar de existir por conta de suas políticas de natalidade, ou melhor pela falta delas, eles resolveram ostentar bandeiras que impossibilitam a própria existência, aliás já estão deixando de existir, há regiões na Bélgica onde mais de 30% já são de imigrantes, os europeus estão passando de colonizadores a colonizados e de uma forma que não restará nem traço do DNA.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
10 meses atrás

Chineses são expertos.
Viram que há um vácuo de poder na Africa, já que Europa e EUA sempre c….. e andaram pra esse continente, e estão ocupando esse nicho, justamente o continente que promete ser o próximo foco de economia mundial.

Magaren
Magaren
10 meses atrás

Não imaginava que a dança das cadeiras das potencias aconteceriam tão cedo levando em consideração que o ultimo império desmanchou há 30 anos.

Enquanto a EU e EUA estão se degladiando na europa contra a russia a China está trucando na africa.

L G1e
L G1e
10 meses atrás

A China tem 3 trilhões de dólares de reserva para gastar. Se não gastar logo os EUA aplica sanções e bloqueia esse dinheiro.

Ciclope
Ciclope
Reply to  L G1e
10 meses atrás

Sabe porquê sanções contra a Rússia e a ainda mais a China, não terão efeito? Eles estão iniciando a desdolarizacão nas transações comerciais entre os países do BRICS, aposto que não irão usar o sistema suift nas transações. Assim o controle de movimentação financeira será independente dentro do bloco, assim como as transacções comerciais. Aí me pergunta, e daí? Eu te respondo, o importante é a capacidade de produção e não o controle da transação comercial. Exemplo, o Brasil vende minério de ferro e comida para a China que nos vende celular, computador, trens, navios e armas. E o mesmo… Read more »

Gabriel BR
Gabriel BR
10 meses atrás

Meus parabéns ao Presidente Xi Jinping !

Luiz
Luiz
10 meses atrás

Com fé em Deus o império Yanque desmoronara o mais rápido possível, antes que eles acabem com a paz mundial.

Klaus
Klaus
Reply to  Luiz
10 meses atrás

EDITADO:
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