Os Planos de Invasão dos EUA para a América Latina, 1919-1945

Os fuzileiros navais dos EUA chegaram ao Haiti em julho de 1915 e permaneceram por dezenove anos
DO “COLOR” AO “RAINBOW”: O Planejamento Estratégico dos EUA para a América Latina, 1919-1945
Por John Child*
Inter-American Defense College – 1979
Introdução
Uma série de documentos recentemente desclassificados nos Arquivos Nacionais fornece evidências marcantes da mudança no pensamento estratégico militar dos Estados Unidos, afastando-se das abordagens intervencionistas unilaterais do século XIX e início do século XX para as abordagens bilaterais adotadas na Segunda Guerra Mundial, no âmbito multilateral da Política da Boa Vizinhança.
É também significativo notar que, apesar do impulso multilateral dessa Política da Boa Vizinhança, promulgada pelo presidente Roosevelt e pelo Departamento de Estado dos EUA, os Departamentos Militares dos EUA — Guerra e Marinha — não fizeram quaisquer provisões para planos estratégicos multilaterais na Segunda Guerra Mundial.
Mas mesmo enquanto os planejadores militares dos EUA se preparavam para a cooperação bilateral com aliados latino-americanos na guerra, eles continuaram a elaborar e atualizar planos unilaterais de intervenção e invasão de países-chave da América Latina caso as abordagens cooperativas falhassem.
Este artigo examina a transição do militarismo dos EUA do unilateralismo para o bilateralismo em suas abordagens à América Latina, empregando como documentos primários tanto os planos unilaterais de uma nação — os planos “Color” — quanto os mais amplos planos da Segunda Guerra Mundial “Rainbow”. A interação de três conceitos estratégicos básicos será primeiro avaliada como um contexto para esses planos.
Conceitos Estratégicos
Em linhas gerais, a mudança nos planos estratégicos refletiu a transição de um conceito unilateral do século XIX (o “Lago Americano”) para um conceito bilateral do início da Segunda Guerra Mundial — a “Esfera de Quarto”. Um terceiro conceito, enfatizando o multilateralismo — “Defesa Hemisférica” — também esteve presente, mas era principalmente uma ideia diplomático-política que não encontrou reflexo em planos estratégicos concretos dos EUA (Child, 1976).
O conceito unilateral do Lago Americano, que não incluía qualquer planejamento militar cooperativo com qualquer uma das nações latino-americanas, seja individualmente ou em conjunto, foi a expressão da estratégia primária dos EUA em relação à América Latina desde os tempos do Destino Manifesto até a chegada da Política da Boa Vizinhança em 1933, quando o multilateralismo político-diplomático forçou o abandono dessa abordagem unilateral.
A estratégia do Lago Americano concebia os interesses dos EUA na América Latina quase exclusivamente em termos do Caribe, que era visto como um “Lago dos EUA” ou o “Mediterrâneo dos EUA”. Sob a visão geopolítica marítima do Almirante Mahan e de Theodore Roosevelt, os recursos, a diplomacia, os investimentos e as intervenções dos Estados Unidos concentraram-se na Bacia do Caribe e no “flanco vulnerável” dos Estados Unidos.
O conceito da Esfera de Quarto expandiu o Lago Americano geograficamente para abranger um perímetro defensivo que se estendia do Alasca até as Galápagos, do Saliente Brasileiro até Newfoundland. Desenvolvido no final da década de 1930, a ideia da Esfera de Quarto representava o alargamento do perímetro defensivo militarmente realista para os Estados Unidos continentais, à luz de duas realidades tecnológicas e geopolíticas da Segunda Guerra Mundial:
- A linha foi estendida até as Galápagos porque aeronaves japonesas operando a partir daquele ponto, ou de locais ainda mais próximos, poderiam representar uma ameaça direta ao Canal do Panamá.
- O Saliente Brasileiro foi incluído por causa de sua proximidade (cerca de 1.600 milhas) de Dakar, na África Ocidental, então uma colônia francesa. Quando a França caiu em 1940, todas as ex-colônias se tornaram potenciais bases nazistas, e aquelas na África Ocidental eram vistas como uma ameaça direta ao extremo leste da América do Sul, a cabeça de praia lógica para um movimento contra o flanco vulnerável dos Estados Unidos.
Deve-se notar que o conceito da Esfera de Quarto foi desenvolvido em um momento em que as políticas dos EUA para a América Latina eram governadas pela Política da Boa Vizinhança multilateral, a implementação da Esfera de Quarto não poderia se apoiar em abordagens unilaterais. Para obter as bases necessárias para ancorar os pontos-chave do perímetro da Esfera de Quarto — México, Equador e Brasil — os Estados Unidos, idealmente, deveriam firmar acordos bilaterais especiais com esses países centrais da Esfera de Quarto. No entanto, como veremos a seguir, os departamentos militares dos EUA continuaram a planejar invasões unilaterais, especificamente contra Brasil e México, caso as abordagens bilaterais fracassassem.
O terceiro conceito estratégico envolvia a ideia multilateral de “Defesa Hemisférica”. Baseada nos ideais coletivos de Bolívar e na Política da Boa Vizinhança, essa concepção defendia que todo o hemisfério, e não apenas a Esfera de Quarto, deveria ser defendido, e que todas as nações do hemisfério tinham a responsabilidade e o papel de participar dessa defesa coletiva.
O conceito de defesa hemisférica era militarmente irrealista e foi defendido pelo Departamento de Estado dos EUA como o aspecto militar essencial de uma abordagem diplomática, política, econômica e cultural unificada para a solidariedade hemisférica favorecida pela Política da Boa Vizinhança na Segunda Guerra Mundial.
Esse conceito foi institucionalizado na forma da Junta Interamericana de Defesa, de caráter multilateral, criada para fins políticos simbólicos, apesar da forte oposição dos Departamentos de Guerra e da Marinha dos EUA. Assim, nenhum plano estratégico multilateral dos EUA foi registrado durante a Segunda Guerra Mundial; apenas no início da Guerra Fria, nos anos 1950, o papel da Junta Interamericana de Defesa foi expandido para incluir uma função de planejamento estratégico.
A Natureza do Planejamento Estratégico de Contingência
Antes de explorar algumas das implicações dos planos “Color” e “Rainbow” para o hemisfério, seria prudente examinar a natureza do planejamento estratégico de contingência. Historicamente, os estados-maiores militares dedicam esforços substanciais, em tempos de paz, ao planejamento para todos os cenários estratégicos concebíveis (e alguns inconcebíveis) e contingências estratégicas. Esses planos de contingência devem ser categorizados da seguinte forma:
— aqueles planos puramente acadêmicos, totalmente divorciados da realidade política ou militar. Frequentemente produto da imaginação excessivamente fértil de um oficial de estado-maior subempregado, eles servem para estimular o pensamento e exercitar equipes subordinadas. Não devem ser levados a sério como evidência de intenções estratégicas.
— aqueles que lidam com eventualidades possíveis, mas altamente improváveis. Os militares sentem necessidade de planejar para essas contingências “por via das dúvidas”, mas todos os envolvidos reconhecem que não refletem um pensamento estratégico realista.
— aqueles que, de fato, respondem a contingências possíveis ou prováveis. Tipicamente, representam uma resposta a cenários diplomáticos reais ou prováveis e são elaborados com muito mais detalhes do que as duas categorias anteriores. Esse tipo de planejamento de contingência tende a refletir preocupações estratégicas reais tanto do ponto de vista militar quanto diplomático.
Uma ressalva adicional é necessária antes de categorizar e descrever os planos “Color” para o hemisfério: o planejamento de contingência é um processo separado e distinto das decisões políticas e diplomáticas de implementar tais planos, seja em parte ou em sua totalidade. Os planos “Color” para o hemisfério podem, portanto, ser classificados.
Na primeira categoria, “puramente acadêmica”, o melhor exemplo é a Coalizão Vermelho-Laranja de 1928 (USWDGS, 1928), uma situação de “pior cenário” em que o Estado-Maior do Departamento de Guerra foi solicitado a avaliar um cenário em que os Estados Unidos lutassem sozinhos em quatro frentes contra uma coalizão de: “Vermelho”, Grã-Bretanha e Canadá; “Laranja”, Japão; e “Verde”, México. Uma situação mais difícil e irreal para os Estados Unidos dificilmente poderia ser imaginada — e esse era precisamente o propósito dessa abordagem de “pior cenário”.
Na categoria “altamente improvável”, há dois exemplos de dois tipos diferentes:
- O plano de 1919 para invadir o Canadá (Washington Post, 1975) é típico desses planos dirigidos contra amigos e estrategicamente vizinhos vitais. A natureza historicamente amigável das relações entre os EUA e o Canadá tornava essa contingência altamente improvável, mas o simples fato de que um Canadá hostil representaria um grave perigo para os Estados Unidos tornou necessário que estrategistas militares elaborassem tal plano.
- Os Planos “Roxos” de 1927-1930 (USWDWPD, 1927b; 1928a; 1928b; 1930a) para intervenção em cada país da América do Sul. Embora as nações sul-americanas dificilmente pudessem ser consideradas “vizinhas” no mesmo sentido estratégico que o Canadá, foram identificadas contingências políticas possíveis que poderiam exigir uma intervenção militar dos EUA na América do Sul (ver discussão detalhada de “Roxo” abaixo). Deve-se observar que os “Roxos” não eram altamente detalhados ou desenvolvidos, e a contingência parecia muito menos provável do que a intervenção no “Lago Americano”.
Na categoria de “possível ou provável” dos planos de contingência “Color”, podemos citar (ver Figura 2):
— “Plano Especial Tan”, 1924-1938, para intervenção em Cuba sob a Emenda Platt “devido a condições financeiras insatisfatórias, a distúrbios internos ou a condições insalubres em Cuba” (USWD-WPD, 1930b: 1).
— “Plano Estratégico Gray”, 1927-1936, para intervenção em vários países da América Central e do Caribe (USWPWPD, 1927a; 1931a; 1931b; 1931c).
— Plano Color “White” (“Plano Básico de Guerra: Departamento do Canal do Panamá”), 1924-1941 (USAPCD, 1924; 1941). Algumas partes e revisões deste e dos planos associados para o Panamá permanecem classificadas e, portanto, indisponíveis.
— “Plano Especial Green”, para operações contra o México, datando da década de 1920 até 1940.
O “Plano Geral de Guerra Mexicano” de 1919
O principal precursor dos planos “Color” das décadas de 1920 e 1930 parece ter sido o “Plano Geral de Guerra Mexicano” de 1919. As principais características desse plano foram (USWDWPD 1919: 1) proteção dos interesses dos EUA ao longo da fronteira mexicana; apreensão dos campos petrolíferos de Tampico e dos campos de carvão ao sul de Eagle Pass; e bloqueio dos principais portos mexicanos e o corte da ferrovia Pan-Americana próximo à fronteira guatemalteca. As características secundárias do plano incluíam um avanço ao sul a partir da fronteira entre os EUA e o México ao longo das várias linhas ferroviárias e a substituição da força de invasão dos EUA por uma força policial nativa sob controle norte-americano.
Com relação a este último ponto, o plano previa que o Exército regular mexicano entraria em colapso após um curto período de operações ativas. Após esse colapso, a principal ameaça às tropas de ocupação dos EUA seria a guerra de guerrilhas e o banditismo. Para enfrentar essa ameaça, o plano previa a criação de uma força policial mercenária mexicana. Como afirmava o memorando de 1919 sobre o plano:
“O período de operações ativas será curto, em comparação com o período de operações de guerrilha. A dissolução precoce das tropas temporárias é altamente desejável. É testemunho de todos os bem familiarizados com o caráter mexicano que qualquer número de mexicanos pode ser contratado para lutar contra qualquer um e por qualquer um que regularmente os pague e alimente. O soldado mexicano será mais barato e mais eficiente contra o banditismo do que o americano, e o custo pode ser mais facilmente cobrado ao governo mexicano. Além disso, pode ser estabelecido um Exército que não será antiamericano e que poderá, por muitos anos no futuro, exercer sobre o governo mexicano uma influência favorável aos Estados Unidos.” (USWDWPD, 1919: 4).
Os Planos “Color”, 1920-1940
PLANO “VERDE” (MÉXICO)
O “Verde” foi o mais detalhado e desenvolvido de todos os planos “Color” para o hemisfério (ver Figura 3). A versão final de 1940 tem mais de vinte centímetros de espessura e contém instruções detalhadas para todas as unidades militares de apoio e subordinadas, incluindo destacamentos separados tão distantes geograficamente quanto Vermont e Massachusetts (USWDGS, c1935: 33).
Em conceito, os vários planos “Verde” eram muito semelhantes ao Plano Geral de Guerra Mexicano de 1919 e envolviam três fases (USWDWPD, 1940: 1-2):
Fase 1: Proteção da fronteira terrestre sul dos EUA. Esta era uma fase defensiva utilizando apenas tropas regulares e não envolvia cruzar a fronteira. Unidades da Marinha dos EUA forneceriam proteção a refugiados dos EUA e de outros estrangeiros em diversos portos mexicanos em ambas as costas do México.
Fase 2: Ocupação de cabeças de ponte e portos marítimos. Se a situação se deteriorasse e o presidente assim determinasse, a Marinha dos EUA ocuparia um ou mais portos mexicanos (Veracruz, Tampico, Mazatlán, Acapulco). O Exército tomaria pontes e cabeças de ponte através do Rio Grande e substituiria a Marinha dos EUA na função de ocupação portuária.
Fase 3: Ocupação parcial ou geral do México. Isso exigiria a mobilização da Guarda Nacional dos EUA e previa um ou mais avanços para dentro do México em direção à Cidade do México ao longo dos seguintes eixos: de Acapulco, Tampico, Veracruz, El Paso–Ciudad Juárez e a área Eagle Pass–Laredo–Brownsville.
PLANO “TAN” (CUBA)
O histórico interesse dos Estados Unidos em Cuba deu origem a outro plano detalhado e específico — o “Tan” — cujo propósito foi declarado em 1924, sem eufemismos, como “Intervenção em Cuba”. Em 1928, a justificativa havia sido elevada para: “estabelecer um governo estável e eficiente em Cuba, com ou sem apoio militar” (USWDGS, c1935: 2).
A premissa básica do “Tan” era que condições financeiras insatisfatórias, desordem interna ou condições insalubres em Cuba exigiriam uma “intervenção amigável pelos Estados Unidos sob a Emenda Platt” (USWDWPD, 1930b: 1). No entanto, mesmo após a revogação da Emenda Platt em 1934, os planejadores estratégicos dos EUA continuaram a elaborar planos para a ocupação unilateral de Cuba. O último “Tan” arquivado nos Arquivos Nacionais é datado de 1938, quatro anos após a revogação.
PLANO “WHITE” (CANAL DO PANAMÁ)
O primeiro plano “White” para a defesa do Canal do Panamá data de 1924, e existem sete revisões principais até 1941, nos Arquivos Nacionais (USWDGS, 1942a).
O plano “White” de 1941, também chamado de “Plano Básico de Guerra: Departamento do Canal do Panamá”, lista uma série de ameaças ao canal (USAPCD, 1941): sabotagem, bombardeio aéreo (a partir de porta-aviões ou aviação terrestre); ataques vindos do território panamenho; ataques no exterior; bombardeio de navios; grandes ataques coordenados; e uma combinação de todos esses cenários.
PLANO “GRAY” (AMÉRICA CENTRAL E CARIBE)
Os planos “Gray” do final da década de 1920 e da década de 1930 previam a intervenção dos Estados Unidos nesses países do Caribe e da América Central e Caribe não cobertos por outros planos “Color” de um único país (isto é, México, Cuba e Panamá).
O primeiro plano “Gray” foi aprovado em 23 de março de 1927 (USWDWPD, 1927a) e previa um bloqueio naval apoiado por um desembarque inicial de 500 a 5.000 homens da Marinha, seguido por uma força do Exército de não mais que uma divisão. Não se contemplava declaração de guerra, já que “este é um plano no qual nossas forças operarão para proteger os interesses americanos e, muito provavelmente, em apoio a uma facção nativa reconhecida pelos Estados Unidos” (USWDWPD, 1927a: 1).
O “inimigo” não era considerado uma ameaça significativa:
“A força inimiga não será numerosa — em geral variará entre 3.000 e 5.000. Sua disciplina será comparativamente fraca e sua inteligência média, baixa. Não terão concepção de combate moderno e não oferecerão oposição organizada em força.” (USWDWPD, 1927a: 1)
No final de 1931, “pareciam existir certos indícios de agitação nos países ao sul”, e o “Gray” recebeu uma grande revisão (USWDWPD, 1931b) para incluir um planejamento conjunto mais cuidadoso entre o Exército e a Marinha. O Plano Especial Gray revisado de 28 de outubro de 1931 (USWDWPD, 1931c) previa operações em um ou mais dos seguintes países da América Central e Caribe: Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, El Salvador, Haiti e República Dominicana.
As pequenas interposições ou intervenções gerais que envolviam uma ocupação completa do país antecipada pelo “Gray” poderiam se tornar operacionais devido a um ou mais dos seguintes fatores (USWDWPD, 1931c: 1):
-
- Localização estratégica: isto é, proximidade com nosso próprio território, com o Panamá e com os propostos canais da Nicarágua, e com as linhas de comunicação entre eles.
- A Doutrina Monroe e o Corolário Roosevelt associado a ela.
- Importantes e crescentes interesses comerciais, financeiros e econômicos dos Estados Unidos nos países dessa região.
- Direito geral, sob o direito internacional, de proteção da vida e da propriedade de nossos cidadãos em países incapazes ou não dispostos a fornecer tal proteção por conta própria.O plano “Gray” de 1931 listou e analisou as forças inimigas em maior detalhe do que a versão de 1927 e, sob o “inimigo” nicaraguense listado em uma nota de rodapé, os 68 oficiais do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA que treinavam a Guarda Nacional da Nicarágua (USWDWPD, 1931c: 2), presumivelmente considerados o “inimigo” do Exército dos EUA, seriam evacuados antes do início das operações de combate ativo.
PLANO “PURPLE” (AMÉRICA DO SUL)
Como indicado anteriormente, no final da década de 1920 os planos “Purple” foram elaborados para a invasão pelos EUA de cada país da América do Sul, exceto Paraguai e Bolívia, que, por serem países sem litoral, foram considerados separadamente, já que não poderiam ser invadidos sem atravessar o território de um terceiro Estado.
Os planos “Purple” eram mais um exercício conceitual e intelectual do que planos operacionais. Eram relativamente breves, rigidamente controlados e não incluíam planejamento detalhado para unidades subordinadas. Sua duração também foi curta: a diretriz de planejamento foi escrita no final de 1927; os planos do Exército e de Teatro (isto é, de coordenação conjunta Exército-Marinha) foram elaborados em 1928, e a última entrada no arquivo é um comentário ponderado de um oficial de inteligência em 1930.
Para cada país da América do Sul, o propósito básico do “Purple” era tomar uma área estratégica importante, geralmente a capital, e “mantê-la até o resultado de um bloqueio naval” (USWDWPD, 1928b: capa; 3).
Devido às longas distâncias em relação aos Estados Unidos e ao tamanho da maioria dos países sul-americanos, não havia provisão para ocupação ou para o estabelecimento de forças policiais nativas sob controle norte-americano, como havia ocorrido nos planos “Color” para o México, América Central e Caribe.
País | Área a ser tomada e mantida | Local provável de desembarque | Operações prováveis |
---|---|---|---|
Argentina | Buenos Aires | La Plata | Avançar via ferrovia (R.R.) sobre Buenos Aires. |
Brasil | Rio de Janeiro | Copacabana e Cabo da Gávea | Ocupar terreno elevado ao Norte e Noroeste do desembarque. |
Chile | Valparaíso | Baía de Quintero | Avançar ao Sul sobre Valparaíso. |
Colômbia | Barranquilla – Puerto Colombia | Puerto Colombia | Avançar via ferrovia (R.R.) sobre Barranquilla. |
Equador | Guayaquil | Baía de Santa Elena | Avançar sobre Guayaquil via Chongón. |
Peru | Callao – Lima | Magdalena del Mar e Chorrillos | Avanço direto sobre Lima e Callao. |
Uruguai | Montevidéu | Oeste do Rio Carrasco | Avançar para terreno elevado ao Norte de Montevidéu. |
Venezuela | La Guaira – Caracas | Entre Macuto e La Guaira | Avançar sobre Caracas via ferrovia (R.R.) e trilhas. |
O memorando de 1927, que direcionava a preparação do plano “Purple” do Exército, listava algumas das contingências que poderiam exigir intervenção dos EUA na América do Sul, tais como a aplicação da Doutrina Monroe, o maltrato de cidadãos americanos e o problema de Tacna-Arica entre Chile e Peru, no qual os Estados Unidos tinham papel de garantidor (USWDWPD, 1927b).
O foco limitado do “Purple” em capitais e portos-chave pode ser visto no resumo da Tabela 1 (USWDWPD, 1928b: 3-4).
O “Purple” incluía uma breve avaliação do “inimigo” (isto é, as forças militares de cada país sul-americano) e concluía que a maior ameaça vinha das forças armadas da Argentina e do Chile, cuja eficiência de combate foi classificada como “boa”. O Brasil e o Uruguai foram listados como “razoáveis” (fair), enquanto a eficiência de todos os demais foi considerada “baixa” (USWDWPD, 1928b: 1).
Em termos das forças amigas necessárias para cumprir a missão do “Purple”, o plano estimava que o seguinte seria necessário (USWDWPD, 1928b: 2):
— Argentina, Chile e Brasil: seis divisões de infantaria cada;
— Uruguai e Peru: três divisões de infantaria cada;
— Todos os outros países: duas divisões de infantaria cada.
O último item no arquivo do plano “Purple” nos Arquivos Nacionais é um extenso memorando de 1930, contendo comentários reflexivos sobre o “Purple” pelo Tenente-Coronel Charles Furlong, um oficial de inteligência designado à Divisão de Planos de Guerra do Exército (USWDWPD, 1930a).
O Coronel Furlong aparentemente tinha um conhecimento abrangente da história, economia, geografia e cultura da América Latina e destacou os fatores psicológicos e econômicos que complicariam enormemente o alcance dos objetivos do “Purple”. Ele alertou que as nações sul-americanas eram autossuficientes em necessidades básicas e que “nenhum dos países da América do Sul poderia ser derrotado por inanição” (USWDWPD, 1930a: 2).
Ele advertiu que o fator psicológico era de importância crucial e que, devido ao orgulho e à tenacidade sul-americana, a tomada de um único porto ou cidade teria poucas chances de dobrar essas nações à vontade dos EUA, como o “Purple” previa.
O Coronel Furlong usou seu conhecimento da história sul-americana, no caso argentino, para notar o destino das invasões britânicas de Buenos Aires em 1806 e 1807, traçando paralelos óbvios com o plano “Purple” e alertando que, apesar da superioridade militar britânica em termos tradicionais, eles foram desmoralizados (e eventualmente derrotados) pela resistência tenaz da população civil de Buenos Aires (USWDWPD, 1930a: 3, 5-6).
Desde o início do planejamento do “Purple”, todos estavam cientes da extraordinária sensibilidade política desses planos. Um memorando de agosto de 1928, encaminhando o primeiro rascunho do “Purple”, advertia:
“Se de alguma forma vazasse a informação de que o Departamento de Guerra está preparando um plano de guerra desse tipo, isso teria um efeito extremamente negativo em nossas relações com esses países e anularia grande parte do trabalho que foi realizado no sentido de cultivar sua amizade.” (USWDWPD, 1928a).
Quase 40 anos depois, em 1967, uma revisão conjunta de desclassificação feita pelos Departamentos de Estado e Defesa recomendou que esses planos permanecessem classificados, não por razões militares, mas por causa de “possíveis consequências políticas adversas” (USAAG, 1967). O “Purple” só foi finalmente desclassificado em 1973.
Os Planos “Rainbow” da Segunda Guerra Mundial
No final da década de 1930, os Departamentos de Guerra e Marinha dos EUA gradualmente abandonaram os antigos planos unilaterais e intervencionistas de país único, conhecidos como planos “Color”. Eles passaram a adotar uma abordagem mais global de planejamento estratégico, contida em uma série de planos conhecidos como “Rainbow”, que estabeleceram a estrutura para a estratégia dos EUA na Segunda Guerra Mundial.
Os planos “Rainbow” (Conn e Fairchild, 1960; USJCS, 1952; USWDGS, 1940) tinham muito menos sensibilidade política do que os antigos planos “Color” e foram analisados em literatura aberta e não classificada já em 1960.
Em novembro de 1938, a Junta Conjunta do Exército e da Marinha dos EUA foi instruída a iniciar estudos para planos apropriados dos EUA diante do aumento do poder e das ambições expansionistas da Alemanha, Itália e Japão (USJCS, 1952: Capítulo VI, 36, 55). Essa diretriz resultou nos quatro planos “Rainbow” iniciais. Seus detalhes estão além do escopo do nosso interesse aqui, mas é significativo notar suas implicações para a cooperação militar hemisférica:
- “Rainbow” 1, 2 e 3 envolveram a defesa do hemisfério ocidental apenas até a Latitude 10° Sul (aproximadamente o “saliente” do Brasil) e, portanto, incorporaram o conceito estratégico da “Esfera de Quarto” discutido anteriormente.
- “Rainbow” 4 incluía todo o hemisfério ocidental e previa o envio de tropas dos EUA para o sul da América do Sul, se necessário. Assim, representava o conceito mais amplo de “Defesa Hemisférica”.
Nenhum dos quatro planos iniciais “Rainbow” reconheceu qualquer necessidade de cooperação militar com as nações latino-americanas, além da provisão de bases necessárias. Estas incluíam: Natal, Recife, Belém e Bahia no Brasil; Guayaquil e as Ilhas Galápagos no Equador; o Golfo de Nicoya e a Ilha de Cocos na Costa Rica; e vários aeródromos na Nicarágua, Honduras e Guatemala.
Como será destacado na discussão sobre as abordagens dos EUA em relação ao México e ao Brasil, os aspectos unilaterais dos planos “Color” não foram completamente abandonados, mesmo com o advento dos “Rainbow”, já que planos unilaterais especiais “Color” para esses dois países-chave foram mantidos durante os anos de guerra.
O impacto dramático dos primeiros sucessos alemães e as subsequentes primeira e segunda reuniões da Consulta dos Ministros das Relações Exteriores do Hemisfério, realizadas em 1939 e 1940, respectivamente, levaram os planejadores estratégicos dos EUA a colocar uma ênfase renovada nos problemas da defesa do território continental dos EUA e do hemisfério. As prioridades estratégicas ficaram claras (Conn e Fairchild, 1960: 159-160):
- primeiro, os Estados Unidos continentais (a “cidadela”);
- em seguida, a Zona do Canal do Panamá (“a área estratégica mais importante do Hemisfério Ocidental”);
- e, em terceiro lugar, o saliente nordeste do Brasil, cuja defesa era necessária para negar acesso ao Eixo em caso de um ataque a partir de Dakar, na África Ocidental.
Uma preocupação estratégica específica surgiu da cláusula de “não transferência” da Segunda Reunião de Consulta, que previa a necessidade de ação preventiva para ocupar as possessões britânicas, francesas e holandesas no hemisfério ocidental, e esforços foram dedicados em meados de 1940 para desenvolver tais planos (USJCS, 1952: Capítulo IX, 26, 40).
Na época de Pearl Harbor, os departamentos militares dos EUA já haviam desenvolvido uma clara e forte preferência pela abordagem da Esfera de Quarto (Quarter Sphere), baseada em avaliações estratégicas realistas e na dura constatação de que recursos muito limitados tornavam impossível para os Estados Unidos defender ou ajudar todo o hemisfério. O abandono pelos EUA do Cone Sul, implícito na abordagem da Esfera de Quarto, foi considerado lamentável, mas aceitável para Washington.
Os Estados Unidos, dado que os militares argentinos despertavam pouca simpatia entre os planejadores estratégicos norte-americanos. Houve alguma preocupação (USOSS, 1941) entre os planejadores da Marinha dos EUA de que o abandono do Cone Sul pudesse dificultar o acesso ao Estreito de Magalhães caso o Canal do Panamá fosse fechado, mas isso não tinha importância imediata suficiente para justificar o afastamento do conceito de Esfera de Quarto (Quarter Sphere).
Planos Especiais na Segunda Guerra Mundial
Como observado anteriormente, a série de planos “Rainbow” substituiu os antigos planos unilaterais “Color” no final da década de 1930. No entanto, “Rainbow” não impediu que os departamentos militares dos EUA desenvolvessem uma nova série de planos voltados para nações-chave no hemisfério. Estes serão considerados da seguinte forma: planos unilaterais e bilaterais para o Brasil e o México; outros planos para a América do Sul; planos para a América Central e o Caribe.
Planos Unilaterais e Bilaterais para o Brasil
Inicialmente, a abordagem estratégica dos Estados Unidos para o Brasil se baseava na necessidade de negar bases no norte do Brasil ao Eixo (USDS, 1941). Posteriormente, a abordagem se baseou no valor dessas mesmas bases como parte de uma rota de suprimentos para o Norte da África, bem como na contribuição dessas bases nas batalhas navais e submarinas do Atlântico Sul.
Idealmente, a aquisição dessas bases deveria ser obtida por meio de um acordo diplomático com o governo brasileiro. No entanto, os planejadores estratégicos norte-americanos também se prepararam para outras contingências. Já em janeiro de 1939, Sumner Welles levantou no Comitê Permanente de Ligação Estado-Guerra-Marinha a possibilidade de uma derrubada do regime Vargas inspirada pela Alemanha, seguida de uma invasão através do estreito Dakar-Natal no Atlântico (USSLC, 1939: 4). Pouco depois, a Marinha dos EUA empregou esse cenário em seu Fleet Problem Exercise XX no outono de 1939 (Abbazia, 1975: 33).
O cenário de um golpe fascista no Brasil foi formalizado tanto no plano da Marinha chamado “Pot of Gold” quanto no plano do Exército chamado “Lilac”. O plano “Pot of Gold” foi elaborado em maio de 1940 e previa o envio imediato de 10.000 homens (Exército e Fuzileiros Navais) por via aérea para o nordeste do Brasil, a fim de apoiar as forças do governo brasileiro em caso de tal golpe. Esse destacamento inicial deveria ser complementado por uma força expedicionária de 100.000 homens por via marítima. A Marinha também interromperia as linhas de comunicação alemãs através do Atlântico (USJCS, 1952: Capítulo IX, 27-28).
O plano “Lilac” do Exército, também conhecido como “Operations Plan for the Northeast Brazil Theater”, detalhava o problema de forma mais ampla. O plano partia do pressuposto fundamental de que as bases no nordeste do Brasil eram vitais para os Estados Unidos. O plano básico “Lilac” continha duas variantes baseadas em dois cenários divergentes (USAGH, 1941):
- Sob a “Assumption A”, o governo Vargas permanecia no poder e não se opunha à ocupação norte-americana das bases no nordeste. O “inimigo” se limitava às forças nazistas na África Ocidental.
- Sob a “Assumption B”, o governo brasileiro resistiria à força contra a ocupação norte-americana das bases. Assim, os Estados Unidos lutariam contra dois poderes hostis: Alemanha e Brasil.
Em fevereiro de 1942, o plano suplementar “Lilac-Rio Sector” (também chamado de “Lilac-RS”) foi aprovado e ampliado em relação ao “Lilac” de 1941, para incluir o golpe pró-Alemanha e a retirada do governo deposto de Vargas para a área Natal-Recife (USAGH, 1942).
A missão dos EUA seria tomar as bases do nordeste, proteger o governo Vargas na região e iniciar operações ofensivas contra as forças armadas brasileiras, assistidas pelas potências do Eixo, avançando em direção ao sul até o Rio de Janeiro. Calculava-se que o reduto do Eixo se estenderia do Rio até os estados de São Paulo e Minas Gerais, uma vez que esta era a região de maior concentração de pessoas de origem alemã (ver Figura 4).
A dimensão da preocupação dos EUA em garantir acesso ao nordeste do Brasil fica claramente ilustrada em um memorando de junho de 1940, que sugeria uma série de medidas que os Estados Unidos deveriam estar preparados para usar a fim de alcançar esse objetivo:
Linhas de ação para obter acesso às áreas vitais.
a. Por meio da diplomacia. … Desde que o preço não seja muito alto, a admissão por esse meio representaria uma grande vitória para os EUA. Esse caminho deve ser explorado ao máximo e sem demora.
b. Subsidiando o regime existente. Antes de recorrer à pressão política ou econômica, deve-se considerar cuidadosamente a possibilidade de obter acesso por meio de certos acordos que melhor servissem aos nossos interesses. (…) Se conseguirmos acesso por esse meio, devemos proceder discretamente para organizar o Brasil de forma que atenda aos nossos interesses militares e econômicos por muitos anos. (…) Se o regime existente não concordar com esses arranjos, um golpe poderia ser organizado, que poderia ser sincronizado com pressão política direta e a intervenção das forças armadas.
c. Pressão política acompanhada de força. Se as linhas de ação descritas em “a” e “b” acima falharem, devemos recorrer à pressão política e à ação direta para obter acesso à área vital [USWDGS, 1941].
PLANOS UNILATERAIS E BILATERAIS PARA O MÉXICO
No início da Segunda Guerra Mundial, a improbabilidade de uma relação militar estreita entre os Estados Unidos e o México, somada ao fato de que as principais preocupações estratégicas norte-americanas estavam voltadas para o saliente brasileiro, fez com que os planejadores estratégicos dos EUA prestassem relativamente pouca atenção inicial ao México. A estratégia de guerra dos EUA em relação ao México estava ligada ao conjunto geral dos planos “Rainbow” da Esfera Quarteirão, com alguns aspectos especiais causados pela proximidade geográfica do México com os Estados Unidos. A longa linha costeira da Baixa Califórnia foi considerada um possível alvo japonês e, à medida que a ameaça japonesa aumentava, também crescia o interesse dos EUA por Baja (Conn e Fairchild, 1960: 356-358).
No Caribe, a ameaça dos submarinos alemães aumentava o valor de bases navais e aéreas em solo mexicano, especialmente as de Cozumel. Outra consideração foi o desejo dos EUA de controlar uma cadeia de bases no México para manter um corredor aéreo sobre a terra até o Canal do Panamá. Como no caso do Brasil, os Estados Unidos também estavam profundamente interessados em obter matérias-primas estratégicas e em projetar um símbolo da Política da Boa Vizinhança. Um fator adicional, que não estava presente nas relações entre EUA e Brasil, era o interesse norte-americano na mão de obra mexicana, especialmente no Sudoeste.
Do lado negativo, os departamentos militares dos EUA não tinham ilusões sobre a capacidade das forças armadas mexicanas de travar guerra fora de suas fronteiras (USSLC, 1942).
A incerteza quanto ao grau de cooperação mexicana provavelmente contribuiu para o contínuo interesse dos EUA em planos unilaterais para ações ofensivas no México. O antigo plano de cor “Green” — bloqueio de fronteiras, bloqueio de portos e um possível avanço até a Cidade do México — foi atualizado em 1940 (USWDWPD, 1940) e não foi declarado obsoleto até 1946. Assim, mesmo quando a cooperação militar entre o México e os EUA esteve em seu ponto mais próximo durante a Segunda Guerra Mundial, os planejadores militares dos EUA ainda estavam preparando possíveis contingências unilaterais.
A Marinha dos EUA estava interessada em obter acesso a portos mexicanos, tanto para as necessidades imediatas da Segunda Guerra Mundial quanto para arrendamentos de longo prazo. O Chefe de Operações Navais, em meados de 1940, considerou o impacto de tomar esses portos sem o consentimento mexicano:
“Caso o México não coopere na defesa do hemisfério, as Forças Navais dos EUA seriam prejudicadas na proteção do Pacífico Ocidental, sem os portos mexicanos. Provavelmente teríamos que usar as bases desejadas com ou sem o consentimento do México. Tal ação poderia pesar contra nós no relacionamento com outros Estados latino-americanos” [USN, 1940].
O progresso no desenvolvimento de planos estratégicos para a defesa bilateral México-EUA foi atrasado por duas considerações (USAFS, 1942a; 1942b): objeções dos EUA a colocar tropas norte-americanas sob o comando de oficiais mexicanos quando em território mexicano e objeções mexicanas à presença de tropas dos EUA em seu território. Este último problema era particularmente delicado, dadas as sensibilidades e memórias históricas do México, mas a presença militar dos EUA era considerada essencial pelos planejadores militares norte-americanos como apoio terrestre às numerosas bases aéreas e navais usadas no corredor aéreo para o Panamá e às estações de detecção de aeronaves na Baixa Califórnia.
Vários subterfúgios engenhosos foram sugeridos e empregados em algum momento: os militares dos EUA não usariam uniformes nem portariam armas; seriam designados como adidos assistentes; constariam da folha de pagamento da Pan American Airways (Conn e Fairchild, 1960: 345-359; JMUSDC, 1941, 1942).
Outros Planos para a América do Sul
ARGENTINA
Os arquivos do National Archives não revelam planos estratégicos dos EUA envolvendo a Argentina durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, os planejadores militares norte-americanos viam a Argentina com desconfiança durante o conflito, e essa suspeita está amplamente refletida em inúmeros memorandos e relatórios contidos no Departamento de Estado, no Office of Strategic Services e em registros militares nos Arquivos Nacionais.
A hostilidade dos Estados Unidos em relação à Argentina durante a Segunda Guerra Mundial surgiu no campo militar de várias maneiras:
- Considerou-se a possibilidade de forçar a Argentina a sair da Junta Interamericana de Defesa (USDS, 1943);
- O Estado-Maior Conjunto dos EUA foi solicitado a avaliar as implicações estratégicas de sanções econômicas contra a Argentina (USJCS, 1944);
- Os britânicos também foram questionados sobre o mesmo tema, mas Churchill respondeu que as consequências para a Inglaterra seriam desastrosas (Churchill, 1944);
- Por fim, aparentemente, alguma forma de ação militar direta chegou a ser contemplada. Uma carta de fevereiro de 1944 do Almirante Leahy ao Secretário de Estado destacou que “na visão do Estado-Maior Conjunto dos EUA, nenhuma ação deveria ser tomada que pudesse exigir o uso da força, já que os meios para tal ação não estão disponíveis” (USN, 1944).
PLANO ESPECIAL PARA CHILE, PERU E VENEZUELA
Um plano especial de 1942 (USWDGS, 1942b) previa que tropas dos EUA fossem temporariamente estacionadas no Chile, Peru e Venezuela para o treinamento de tropas locais no uso de artilharia costeira. Este tipo de armamento foi considerado especialmente importante para a Venezuela.
PLANOS PARA A AMÉRICA CENTRAL E O CARIBE
Em 1941, o antigo plano “Gray” de intervenção unilateral na América Central e no Caribe havia sido definitivamente substituído por uma série de planos bilaterais de “ajude-me”, segundo os quais os Estados Unidos viriam em auxílio desses países, a seu pedido, caso fossem ameaçados por forças do Eixo ou por grupos de quinta-coluna.
O abandono da antiga abordagem unilateral é evidente nesta declaração da base para um desses planos de 1941:
Política dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos empregarão suas forças armadas para ajudar qualquer República a derrotar ataques contra ela por forças armadas de um Estado não americano ou por grupos de quinta-coluna apoiados por um Estado não americano, quando solicitado pelo governo reconhecido da república em questão. Em outros casos, os Estados Unidos empregarão suas forças armadas de acordo com decisões resultantes da consulta interamericana [USACDC, 1941b: 3].
O conceito operacional desses vários planos envolvia a suposição básica de um pedido de assistência por um governo reconhecido. Os Estados Unidos estavam preparados para reagir a tal solicitação com o imediato deslocamento de um Batalhão Paraquedista da Zona do Canal do Panamá, com forças de apoio apropriadas, incluindo vários navios da Marinha e destacamentos de Fuzileiros Navais (USACDC, 1941a).
Conclusões
A pesquisa sobre quase 30 anos de arquivos de planejamento estratégico militar dos EUA, conforme descrito neste artigo, produziu algumas percepções interessantes sobre as mudanças nas abordagens adotadas pelo planejamento militar norte-americano em relação ao hemisfério no período entre o final da Primeira Guerra Mundial e o final da Segunda Guerra Mundial.
Em particular, esses planos documentam a abordagem estratégica unilateral e intervencionista incorporada no conceito do “Lago Americano”; o lento abandono do conceito do “Lago Americano” diante da Política da Boa Vizinhança multilateral; e a adoção de uma abordagem bilateral durante a Segunda Guerra Mundial, melhor descrita como relações bilaterais especiais com os principais países da Esfera de Quarto.
É notável nesse processo de mudança do planejamento estratégico unilateral para o bilateral, que os departamentos militares dos EUA estavam preparados para retornar a abordagens unilaterais e planejavam recorrer a elas caso a abordagem bilateral falhasse em alcançar os objetivos dos EUA nas principais nações da Esfera de Quarto — principalmente Brasil e México.
Também é significativo o fato de que, apesar da adoção político-diplomática do conceito multilateral de defesa hemisférica, os departamentos militares dos EUA não realizaram nenhum planejamento estratégico multilateral na Segunda Guerra Mundial. O órgão multilateral, a Junta Interamericana de Defesa, não teve permissão para desempenhar um papel de planejamento multilateral até a Guerra Fria.
Essas conclusões apoiam a tese básica de que, na Segunda Guerra Mundial, as abordagens militares multilaterais foram simbólicas, superficiais e políticas por natureza e, embora os militares dos EUA tolerassem tais abordagens, o realismo militar ditava que as abordagens bilaterais seriam preferíveis, mas que planos unilaterais estariam prontos para serem utilizados conforme necessário.
REFERÊNCIAS
Abreviações
FRUS: Foreign Relation of the United States (documento anual do Departamento de Estado, identificado adicionalmente por ano e volume).
JBUSDC: Comissão de Defesa Brasil-EUA.
Os documentos utilizados nos Arquivos Nacionais de Washington, D.C., são identificados por arquivo específico, número de entrada (Entry Number), número do grupo de registros (RG) e a designação NA para National Archives (Arquivos Nacionais).
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CHURCHILL, W. S. (1944) Mensagem 552 ao Presidente Roosevelt, Arquivo CCS 091.3 Arg 1-4-44, RG 218, 23 de janeiro, NA.
CONN, S., e B. FAIRCHILD (1960) A Estrutura da Defesa do Hemisfério. Washington, D.C.: Escritório do Chefe de História Militar, Departamento do Exército.
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——— (1928a) Memo for the Chief of Staff, Subject: Special Plan Purple. File AG 358, Entry 282, RG 165, 3 August, NA.
——— (1928b) Army Strategical Plan Purple. File AG 356, Entry 365, RG 407, 4 August, NA.
——— (1927a) Memo for the Assistant Chief of Staff, Subject: Special Service Plan (Later Plan “Gray”). File Gray 2877, Entry 282, RG 165, 3 March, NA.
——— (1927b) Memo for LTC Frazier, Subject: Plan for Intervention in South America. File AG 358, Entry 282, RG 165, 8 September, NA.
——— (1919) Memo for the Chief of Staff, Subject: General Mexican War Plan, Entry 282, RG 165, 14 July, NA.
Washington Post (1975) “1919 plan to invade Canada is disclosed.” 28 October, Section A: 1.
Figure 1: Basic strategic concepts.
Figure 2: The “Color Plans,” 1919-1942. Green = Mexico. Tan = Cuba. White = Panama. Gray = Haiti, Dominican Republic, Guatemala, and Nicaragua. Purple = Colombia, Venezuela, Ecuador, Peru, Chile, Argentina, Uruguay, and Brazil.
Figura 3: Plano “Verde”, 1920-1940.
Figura 4: Planos da Segunda Guerra Mundial para o Brasil (“Pote de Ouro” e “Lilás”).
*John Child, Tenente-Coronel do Exército dos Estados Unidos, integra o corpo docente do Inter-American Defense College, em Washington, D.C. Ele publicou diversos artigos baseados em pesquisas realizadas no âmbito de sua tese de doutorado, “O Sistema Militar Interamericano”. Suas áreas de pesquisa e especialização concentram-se nas relações estratégicas e militares hemisféricas.
FONTE: Journal of Interamerican Studies and World Affairs , May, 1979, Vol. 21, No. 2 (May, 1979), pp. 233-259 — https://www.jstor.org/stable/165527
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Para os estadunidenses invadir hoje um pais americano em especial um latino-americano, necessariamente eles devem ter apoio interno …os X-9 ou melhor …os “americanalhas”…esses tipo de colaboracionista é hoje uma peça fundamental para qualquer ação pirata contra algum pais latino=americano ou canadense.
Tem sempre alguém querendo ser um Pétain…
Invasões estrangeiras tendem a aumentar sentimentos nacionalistas (verdadeiros, nao to falando de gente perambulando pelas ruas com camisas da cbf) e, dependendo da demora da crise, grupos de guerrilha, oposição armada, etc. Esse tipo de pessoa q vc mencionou costuma ser perseguida junto com suas famílias. Guerra sempre tem mto drama e crimes.
Me responde uma coisa…no caso da Venezuela..onde o povo passa fome , perseguição..etc..se os venezuelanos pedirem uma intervenção americana é antipatriota? ( Isso se aplica a república de bananas governada por um corrupto bandido e antisemita)
Wagner você acha que vai obter uma resposta coerente para o seu questionamento, o elemento aí tem muitos objetivos, exceto admitir a verdade dos fatos.
A pergunta dele é tendenciosa e falaciosa. Já erra no mérito da questão, até porque aqui o povo não passa mais fome como no desgoverno passado. Temos números altos e históricos em todos os índices de desenvolvimento econômicos e sociais. Fato. Então não tem comparação. Não temos mais filas nem pra comprar Porche nem pra comprar osso e carcaça de galinha como antes. Acho que o amigo aí perdeu uma boquinha que tinha no desgoverno passado e não aceita a verdade de que o governo de Israel é sim genocida, fato reconhecido por quase todo mundo.
Fui funcionário público “concursado” em duas oportunidades, mas se puder jamais quero voltar a ser funcionário público novamente, se desejar posso enumerar pelo menos uma dezena de motivos pelos quais não quero e porque acho que o funcionalismo público deveria ser reduzido ao mínimo do mínimo, quanto ao resto dos argumentos… sugiro ao porchat tomar cuidado que o posto de “humorista” dele está correndo sério risco.
No desgoverno, o povo viveu melhor do que em qualquer outro momento durante o auxilio social, o atual tirou mais de 1 milhão de famílias do Bolsa Família, inventado qualquer desculpa, usou novos contratados do INSS para tirar BPC de pessoas doentes, além de dificultar o ingresso de pessoas no BPC, como impedir o ingresso se alguém recebe Bolsa Familia e reside na mesma residência, estou vendo o amor com o pobre.
Eu sabia que no terceiro ou quarto comentário iria se manifestar um…
Antissemita por criticar Israel pelos massacres que estão realizando?
O 9 dedos erra muito, mas acerta algumas vezes, e a crítica quanto ao modo operacional israelense é repetida por outros líderes. A população (todos) daquela região do planeta vem errando há séculos e um erro passado não justifica um erro atual.
Agora é só correr na embaixada e pedir o visto.
Apenas por curiosidade, de onde você tirou a informação que o povo venezuelano passa fome?
Ah nao…eles fogem da venezuela porque querem fazer “turismo de aventura”.
Faz favor…
Pede pra pra um venezuelano porque saiu de seu pais q ele te conta.
@Wagner…
Qualquer mudança de regime que seja perpetuada por forças estrangeiras, tem se mostrado, infrutíferas. Qualquer tipo de revolução, ai não importa se sua origem é de viés politico de esquerda ou de direita, esta fardada a no curto prazo falhar. Pois a base de qualquer mudança é o povo, e oque tem ocorrido, é que sempre que uma força estrangeira intervém, ela agrada apenas uma pequena parte da população.
Por ter justamente esta visão, que enxergo a solução na Venezuela, passa única e exclusivamente por um levante popular, sem a presença de tropas estrangeiras. Se a população sofre, que pegue em armas e faça a sua revolução, mostrem que estão dispostos a lutar e sangrar pelo que acreditam, e principalmente, pelo que querem para eles e para as futuras gerações.
A mesma coisa vale para nós Brasileiros….Muitos defendem a intervenção dos EUA em nossos assuntos internos, mas ao defender este tipo de postura, se esquecem que abrem o precedente para o outro lado também fazer o mesmo quando a situação se inverter. Por isso, abomino qualquer tipo de tentativa de intervenção. Se a maioria da população discorda do atual regime, que faça uso de sua força, e não fique esperando que outros de fora o façam. Se nem isso temos a capacidade de fazer, então é melhor acabar com a democracia e devolver o Brasil para os herdeiros da família imperial.
Também conhecidos como brasileiro “patriota americano “.
tem os que arriam as calças pros americanos e tem os que arriam pros europeus (que são uma mesma entidade)
E os que entregaram tudo para a China como fica ? Aí pode né kkkkk
‘Americanalhas’ excelente neologismo! Vou empregar!
“Em termos das forças amigas necessárias para cumprir a missão do “Purple”, o plano estimava que o seguinte seria necessário (USWDWPD, 1928b: 2):
— Argentina, Chile e Brasil: seis divisões de infantaria cada;”
Interessante esse detalhe do plano Purple. Estamos falando de quase 300.000 homens para ocupar Brasil, Chile e Argentina. Quase 100.000 só para o Brasil. Claro q esse plano é apenas um esboço, não chegou a ser sequer um estudo aprofundado e obviamente sofreria diversas mudanças até o final. Porém ele mostra q os americanos não esperavam um passeio no parque na America do Sul. A titulo de comparação, a Operação Torch no norte da Africa em 1942 mobilizou pouco mais de 100.000 aliados contra o Afrika Korps.
Imagino q para o calculo eles utilizaram como base a Expedição Pancho Villa ou Expedição Punitiva contra o norte do Mexico em 1916. Nao foi molezinha, a taxa de atrito foi alta e a quantidade de baixas considerável. Estamos falando de pouco mais de uma década antes.
Com o avanço da tecnologia e a fosso de condições entre os países, nem precisa mais de tanta gente assim…
Discordo de vc.
Concordo com o senhor se for necessário manter uma ocupação prolongada. Para derrotar forças armadas de países mais pobres, nem precisa de tanta gente.
Pra efeito de controle terrestre a tecnologia não ampliou significativamente capacidades.
O que ela fez foi criar novos alvos e novos meios de destruí- los, que prescindem da campanha terrestre.
Se voce se refere a gente não pra uma invasão terrestre, mas pra um ataque e vitória, ai tu tens razão. Muito menos hoje faz muito mais.
Uma missão de comprometimento estratégico.que na segunda guerra demandava 300 bombardeiros, hoje pode ser feita com 3 misseis ou um caça ou bombardeiro. Aliás, um único B2 pode, numa surtida saindo do Missouri, destruir varios alvos cada qual deles demandando per se uma missão com centenas de B17 ou 24 a 80 anos atras.
Urbanização, grandes massas populacionais, especialuzação produtiva e dependência de comunicação tornam as sociedades modernas muito mais suscetíveis aos efeitos de ataques.
Acredito que uma ocupação efetiva em um território tão grande vai demandar muitas tropas, ou nativos cooptados. Como o senhor bem disse, para destruir as forças armadas de uma nação pobre, dá pra levar o caos bem de longe.
Qse 300.000 tropas foram usadas no Iraque, que é menor que MG.
Mas para ocupar durante anos, não para achar e neutralizar as armas de destruição em massa, né?
É impossivel ocupar um territorio do tamanho do Brasil. Demandaria milhões de homens.
Com nativos cooptados dá.
Nao dá. Nao tem efetivo que controle. Mesmo somado. Olha os exemplos históricos. So da pra ocupar depois de rendido.
Não mesmo, pois esses malditos temem ver milhares dos seus mortos por drones baratos fabricados em garagens, vão tentar outra abordagem. Drone beneficia o mais fraco, drone é o presente e o futuro.
Nao era um passeio e hpje é inviavel. Naquela época eles puseram 1500 navios no pacifico. Tudo era mais simples e barato. Mesmo assim, iam penar pra invadir o pequeno japão.
Hoje nem eles conseguem uma força de invasão nem de 50.000. Isso nao faz nem cócegas pra uma invasao.
No Vietnã puseram 532.000 efetivos e não conseguiram dominio de um pais que cabe 20 vezes dentro do AM e PA.
Porem, hoje ha outros recursos que tornam dispensavel uma invasão terrestre pra subjugar um país: misseis.
Quanto mais desenvolvido o país, mais vulneravel ao ataque a sua infra estrutura. 2 submarinos e 5 burkes com tomahawks fazem um pais como o Brasil capitular em dias ( salvo se tivermos capacidade de impedir o arqueiro).
Nosso calcanhar de aquiles não é a terra. É o mar.
Boa leitura, prezado Colombelli, ainda mais se lembrarmos das infraestruturas críticas marítimas – plataformas, portos, cabos submarinos etc.
Isso tudo ressalta a relevância de um sistema de monitoramento e proteção, integrando diferentes meios e sensores, que atue em caráter de cooperação interagências… cordial abraço.
O adversario no mar ataca o alvo em terra ate 2000 km terra a dentro e pega todos os alvos no proprio marmar. Começando pelos 17 portos grandes, mais as platafornas. So ai e sem ainda chegar nas refinarias, ja nos deixa sem combustivel.
Pois é, tenho pensado nisso tbm, mas qual seria o objetivo político de um ataque pura e simplesmente de mísseis e bombas ? Apenas uma rendição, mas para que ? Não que eu não duvide completamente desse cenário, pelo contrário. Mas os cenarios que pra mim são mais críveis são outros, mais localizados.
Qualquer ato de força que pretenda nos subjugar será por um ataque assim tenha este ato a finalidade real que tiver
Pode ser como medida prévia a uma ocupação territorial parcial, permanente ou sazonal ( caso igual do Japão). Os EUA abdicou de atacar a ilha principal do Japão e optou pelo bombardeio, inclusive nuclear, visando a rendição e ocupação.
Pode ser pra nos derrotar por nos declararmos adversarios em guerra.
Os motivos concebíveis são a gosto das imaginações. Agora acharam terras raras no RS.
Unica coisa que eu sei é que não será nem pela agua ou minérios da Amazônia, que ou são desnecessarios ou economicamente inviaveis.
Mas tenha certeza. Quem tem poder pra nos atacar, e é relevante, se o fizer será assim. Não com um ataque anfíbio ou por terra. É mais caro e custoso do que um.bi em misseis.
O que torna ainda mais importante a artilharia anti aérea e míssil anti navio. E estamos há uns 10 anos tentando escolher uma artilharia de média altura…
Nao ha artilharia AA que defenda contra 500 ou 600 misseis lançados em 20 minutos. E os alvos são ligados sistemicamente. A queda de um representa a queda de todos ou varios.
A unica arma eficiente é a que atingue o arqueiro: o submarino.
Misseis Anti navio são uteis porque visam o arqueiro.
Ah, essa semana um Black Hawk colombiano foi destruído por um drone, é o futuro chegando, e o drone beneficia o mais fraco.
Mais um ponto a considerar. Drones são um fator de desequilibrio.
Todos os 12 oficiais foram mortos, não foi coisa pouca.
Na operação “Torch” eles enfrentaram inicialmente forças da França de Vichy não do AK.
Ainda persiste a ideia de que somos um país sem ameaça existencial, e para tanto damos pouca importância ao desenvolvimento da indústria bélica, que é vista apenas como mais um indústria que visa lucro, um exemplo, Avibras. E no meio da tolice abrimos mão de capacidades de projeção de poder, como argumento para conquistar a paz.
Defender se é relativamente viavel.
Projetar poder é outra coisa.
Pouca gente pode de verdade.
É caro. Muito caro.
E a sociedade brasileira não está pronta (talvez isso nunca mude) pra pagar o preço.
Quando no governo passado, em um ano se cogitou orçamento de defesa maior que o da “”educação”, Maia disse ” jamais aceitaremos isso no congresso”.
Este quadro nunca mudará sem uma ameaça seria e efetiva.
Aqui mesmo, frequentemente detratores reclamam da ” inutilidade das FA” que so ” servem pra pintar meio fio”, e vaticinam de inútil qualquer medida de adestramento ou preparação.
Este tipo de asserção so reflete o pensamento mais ou menos generalizado da sociedade brasileira, qual seja, o de que defesa é “desperdicio de dinheiro” e de que ” não precisamos de dissuasão porque somos pacíficos”.
Qualquer governo, seja qual for sua ideologia, que tente criar e manter estruturas de produção estratégicas deficitárias financeiramente, ainda que sejam necessárias à sustentar capacidades mínimas, irá pagar um enorme preço eleitoral negativo.
No Brasil, a eleição é a prioridade. Ela é um fim em si mesma. Os projetos são de poder, não de nação.
Mas o inimigo é mau, e ele existe. E um dia iremos conhecê- lo. É uma questão de quando, não de se.
“Qualquer governo, seja qual for sua ideologia, que tente criar e manter estruturas de produção estratégicas deficitárias financeiramente, ainda que sejam necessárias à sustentar capacidades mínimas, irá pagar um enorme preço eleitoral negativo.
No Brasil, a eleição é a prioridade. Ela é um fim em si mesma. Os projetos são de poder, não de nação”.
Concordo triste e verdadeiro, Isso só mudaria com Educação e a longo prazo,
E infelizmente voces so verão com clareza o quanto isso é verdade quando forem candidatos. So ai sê vê o quanto tudo é rasteiro no Brasil.
Eu fui. Não usei dinheiro de partido nem de fundo eleitoral. Nao contratei ninguem pra fazer campanha. Não aceitei doações pra não ficar devendo favores. Não prometi cargos. Gastei 4500 reais do meu bolso. Ia dar o salario pra causa animal. Montei plano de governo com 50 paginas 132 propostas com análise juridico financeira e proposta de redução de cargos e secretarias, ensino de idiomas ao público e ate astronomia nas escolas. Concorri sozinho e abri mão de participação/cargos numa coligação que venceu pra não ser mais um no interminável ciclo. Tudo em nome de coerência. Fiz votação pífia. Ridicula.
Quem venceu gastou 180 vezes mais e tinha 70 vezes mais gente fazendo campanha. Dinheiro público de fundo partidario eleitoral e privado de doadores ( este ultimo nunca é de graça. Todos apoios sem exceção pagos com promessa de cargos e espaço pra pessoas e partidos. Hoje devem favores aos doadores e os puxa sacos da campanha estão todos em cargos comissionados. Ja criaram cargos e aumentaram vantagens pra secretários…esta é a regra no Brasil todo. Se repete em 99.9% dos casos.
E este script de projeto de poder (boquinha e aparelhanento) é comum à esquerda e à direita. 90% da direita que fala em reduzir gastos e maquina publica conforme o ideário ” oficial”, fala isso na teoria. Na prática, ou mentem como a esquerda na cara dura, ou os favores da campanha cobram seu preço. O “preço” do voto que quem não contrata nunca vence. E ai governos de esquerda e direita raramente são de fato diferentes.
Os partidos fazem qualquer coligação por poder mesmo jogando no lixo qualquer laivo de coerência.
Ja o eleitor quer é vantagem pra si e pra seus familiares. Foca so no proprio umbigo. O discurso de honestidade, retidão e coerência é so fachada. Quem faz o politico ser como ele é é o povo. O politico eleito sempre reflete o povo. Ele não conduz ou condiciona o povo/eleitor. Nossa classe politica é um retrato da nossa sociedade. Da verdadeira. Aquela que so se mostra ao candidato na hora de se ” vender”.
O Brasil é o pais da ” lei de murici: cada um por si”. É uma nação falida. Nunca será um ator de primeira linha.
Perfeito, mestre Colombelli!!
E não…não existe população inocente!!!
Vota errado, tem de purgar suas decisões….
Valores errados, tem de purgar seus valores….
errar e não se responsabilizar é infantilidade, oportunismo de desculpas e desapego com compromissos firmados.
Tradução…malandragem….esperteza de conveniencia
Excelente observação, especialmente para aqueles malandros que só lembram dos direitos, mas adoram esquecer que tem deveres.
Direita, esquerda, centro, tudo “farinha do mesmo saco”…perfeito comentário.
E concordo que com todo esse cenário, o país nunca será mesmo de primeira linha, quiçá, de “segunda’ linha”.
Infelizmente, é a mais puta realidade.
É aquela história: não existe político desonesto, o que existe é cidadão desonesto que se torna político.
Direto ao ponto, cumprimentos pela lucidez na análise… cordial abraço.
Qualquer levante de um único país latinoamericano contra os EUA resultaria em fracasso mortal, pra ter sucesso só se muitos ou todos se levantassem, o que é muito improvável. Certos estão os EUA por fazerem vários planos mesmo planos quase impensáveis como o de invadir o Canadá, prevenir, se precaver e planejar com antecedência, é essa mentalidade que falta ao Brasil até em coisas simples como deslizamento de terra ou incêndios florestais.
Prezado. Sob o ponto de vista militar, existe esta previsibilidade. O EMFA tem planos abrangentes e detalhados pra tudo. Todas hipóteses tem previsão e pelo menos um planejamento inicial. Seja conjunto seja de cada força.
Ate as catastrofes naturais que tu menciona, nas FA elas tem previsões desenvolvidas de ação e atribuições.
O que ocorre é que a defesa civil está sob coordenação de uma gência civi federal. Se as FA não fazem mais ( e poderiam fazer como no caso do RS em 24) é porque limitadas, neste caso, por esta agência e por outras autoridades civis.
Ano passado chequei isso com um dos elaboradores da diretriz operações de defesa civil do EB.
Se dependesse do planejamento e ação exclusivamente militar seria bem diferente.
Nosso grande erro é apostar na guerra de atrito, na guerrilha, recuar para o interior e desgastar o inimigo em uma eventual invasão, que provavelmente viria do mar. Nesse tipo de guerra cedo ou tarde se expulsa o inimigo, mas o saldo é seu país destruído. Acho que o correto seria investir na dissuasão e na negação do uso do mar e espaço aéreo, mas nesses últimos somos muito pouco afeitos. Existem tbm outros cenários mais atuais de uso militar contra nós que já discutimos.
Com certeza impedir o arqueiro é melhor que tentar impedir as flechas.
Problema é o preço disso.
So submarinos, bons misseis Anti navio e uma boa aviação pra conseguir.
Aqui na AL a gente escora bem em todos os casos. O ponto critico é o que vem de fora.
É igual ao seguro de um bom carro, vc paga muito pela garantia do bem, mas se não o tiver vc tá arriscado a perder tudo. Eu gosto muito do conceito A2/AD isso é dissuasão pura, por exemplo ninguém tem coragem de em caso de conflito por um CSG a menos de 2 mil Km da costa da China. Os Houthis tão dando trabalho no Mar Vermelho. Existe tbm a dissuasão por meios ofensivos, como os mísseis balísticos no caso do Irã. Tudo depende da geografia.
“Se dependesse do planejamento e ação exclusivamente militar seria bem diferente.”
Prezado Colombelli, aqui no RS o pessoal não conseguiu segurar as pontes provisórias feitas pelo EB nos rios na primeira chuva que deu pós enchente, pelo simples fato que não estavam atirantadas nas margens. Os rio subiram 1m e tudo foi, literalmente, água abaixo. E foram várias. Não creio que isso tenha sido interferência de órgãos civis. Resultado: mais chacota sobre nossas forças armadas.
Prezado, as passadeiras a que voce se refere operam com correnteza ate 10.8 km/ h. Não foi por não estarem ancoradas, mas porque excedeu a capacidade do material.
A cheia aimentou a correnteza e altura da agua repentinamente. Não havia o que fazer na hora.
Chequei pessoalmente com pessoal da engenharia os dados.
Nada de novo sob o sol as ameaças de Trump de intervenções. Os EUA têm genética e psicologia de um império. Mas , no século 21 as questões geopolíticas são infinitamente mais complexas do que eram no século 20. Alguém realmente imagina uma invasão americana ao México ou ao Brasil hoje em dia? O que imagino para o futuro é que , com a relativa decadência dos EUA , ocorrerão mais vezes conflitos e atritos diplomáticos dos EUA com os demais países. Trump é o cartão de apresentação, de forma burlesca, escancarada e sem modos, do que será parte da política externa americana daqui pra frente.
Trump não deve ser considerado um paradigma sólido. É um mitomaníaco e megalômano que representa um ponto fora da curva na politica externa dos EUA.
A tendência é o EUA voltarem a uma linha mais previsivel no futuro. As arestas que ele criou não durarão, embora talvez fique o legado positivo de ter acordado a Europa em muitos aspectos.
“A tendência é o EUA voltarem a uma linha mais previsivel no futuro. As arestas que ele criou não durarão (…)”
Será?
E se o atual vice dele se candidatar e ganhar na próxima eleição, ou alguma “cria” do Trump?
E, mesmo que vença um “novo Biden”, quem garante que, após ele, não volte um Trump 2, igual ou pior?
Quem vai confiar novamente e fazer planos de longo prazo com um país que você não pode confiar, que vicê não sabe como ele te “olhará” após a próxima eleição?
Se ele fez isso com “iguais” como a UE, imagine com o resto?
Não, esse “legado” do Trump demorará muuuuito tempo pra ser enterrado, se é que o será um dia.
Particularmente acredito que o estrago é irremediável por um motivo: o imenso poder dos EUA sempre impôs temor ao mundo. Mas os EUA sempre tiveram respeito, pois havia a crença de que esse poder gigantesco seria usado de forma justa e racional. Trump veio para mostrar que isso não passava de uma ilusão e não esperou muito para despedaçá-la Agora acabou o respeito e aumentou o temor. Imagino que o mundo logo entrará em uma nova corrida armamentista. Aliás, já estamos vendo isso: Índia quase comprando 114 rafales; Alemanha pretendendo investir bilhões de euros em armas; Tailândia adquirindo Gripens . Apenas como exemplo. Até o Brasil creio que será obrigado a aumentar os investimentos em defesa. Ninguém gosta de sentir medo. Ninguém gosta de se sentir ameaçado.
Concordo. Mas cá pra nós: a proteção dos EUA sempre foi uma ilusão. Ela sempre foi uma proteção aos proprios EUA. Se enganou quem quis.
Eu sempre preferi e ainda prefiro proximidade a eles do que a outras alternativas. Afinal de contas ele podiam tomar meio mundo em 45 mas não o fizeram, a despeito das centenas de golpes, revoltas, e invasões que promoveram nos ultimos 80 anos. Incoerentes e hipócritas ressalte se.
Porem, não tenho nenhuma ilusão acerca das motivações do EUA. Eles são apenas o menos pior hoje. Nenhuma pessoa juridica é amiga de ninguem. Há apenas convergências sazonais de interesses permeadas eventualmente por algum laço histórico ou cultural ( secundário)
Trump so escancarou (por inaptidão) o que os mais perspicazes sempre souberam. Não confie em nenhum pais. Nao confie em instituições. Não confie em ninguem alem da própria mãe. Nem nos filhos da pra confiar. O resto são conveniências temporais salvo raras amizades verdadeiras
Concordo contigo.
Como disse acima, se o Trump trata a UE, seus principais aliados de décadas daquela maneira, imagine países da AL.
Tio Sam, antigamente, pelo menos usava uma “”luva de pelica” pra dar um “verniz” de “civilidade fingida”, que ainda enganava muita gente.
A única coisa “boa” que o Trump fez foi por a nú tudo isso, e mostrar como o Tio Sam realmente age, sem esse “verniz” de bom-moço que eles construíram como fachada.
Um elemento tão escroto como Trump é uma raridade. O mormal lá sempre foi mais equilibrio.
Suponho inclusive que este “choque Trump” seja antes de interesse dos EUA do que so dele. Um choque pra acordar aliados e diminuir cargas. Arriscado porque junto pode ir luderança tambem.
Mas agora mesmo estamos vendo as vendas de armas dos EUA ja irem se normalizando. O mundo sabe separar Trump de governo dos EUA, e governo dos EUA do pais estados unidos.
Não confiaria tanto em acreditar que a eleição dele foi apenas “falta de bom-senso” momentânea do eleitorado médio dos EUA, e que, da próxima vez, eles farão uma “escolha melhor”.
Lembre-se: o eleitorado dos EUA votou no que eles achavam o melhor, pra defender os interesses deles, sem dar a mínima pra como isso reagiria no resto do mundo ( e, cá entre nós, quem pode culpá-los por isso? ).
Nada garante que esse mesmo eleitorado vote em alguém próximo ao Trump na próxima ou que, mesmo que elejam um presidente mais “moderado”, não votem em peso pra uma Câmara e Senado mais “trumpista”.
Não. Como disse, mesmo que elejam uma “Kamala Harris” na próxima, o estrago já foi feito.
Ela sim seria o fim dos EUA.
Mas veja…nunca é prudente estourar a corda. Os EUA vão forçar a barra mas saberão recuar quando necessario. Muitos acordos ja foram firmados e ate a posição frente à Ucrânia ja mudou.
Depois do embuste vem sempre a realidade. Ate pro Trump e pros EUA.
Republicanos ou Democratas sempre tiveram poucas diferenças, não se enganem, são todos americanos. Mas a diferença é que o Trump roeu a corda do bom senso nas relações internacionais. Age como o dono do banco imobiliário jogando com seus parças. Não entende, nunca entendeu e nunca entenderá de relações internacionais. Um mimado bilionário. Se não falir de novo
Concordo integralmente com teu diagnóstico de quem é o Trump.
Tem “brasileiro” que por ideologia e/ou fanatismo vê nos seus pares que não comungam de suas crenças verdadeiros inimigos a serem eliminados. Então fazem pacto até mesmo com o diabo a fim de evitar “a ameaça X”.
Outros países, que de bobos não tem nada, usam desse fanatismo pueril para dividir e facilitar o trabalho de intervenção.
Em qualquer país, você enrolar-se em bandeira estrangeira seria traição. Aqui é moda.
Todos os paises tem isso. Divisões internas não são exclusividade nossa. E as nossas nem são as piores. Tem muitos paises com mais e mais intensas divisões, que, não raro, descambam em guerra. Há dezenas de exemplos neste exato momento.
Pra ser fidedigno com a realidade, por nosso tamanho e diversidade, deveriamos ter bem mais conflitos internos.
Bandeiras não revelam caráter, fidelidade ou valores. Atitudes concretas sim. O mais perigoso adversario nao é aquele que se mostra simpatico a outra nação. É o que age na surdina. Voce não verá bandeira nenhuma enrolada nele.
Agora se vamos ver qual ideologia é a maior assassina da historia à base do ” eliminar ou calar” os opositores ai é fácil saber qual é.
“Se morrer alguns inocentes, tudo bem”.
“É o destino de cada um” –, “E daí?”.
“Através do voto, você não vai mudar nada neste país. Nada, absolutamente nada. Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para a guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil pessoas e começando por …..”
O negócio é não ficar no topo da matança rsrsrs
Não ponha palavras na minha boca prezado. Nao acho que guerra seja solução pra problema interno. Falas por ti. Não por mim.
Mas voto não muda nada tambem, porque o problema é a premissa com que ele ainda é feito aqui: o individualismo do cidadão/ eleitor que independe de viés ideologico. É da nossa cultura.
Como mudará? Educação, debate racional ( as vezes ate fazemos uns aqui), uso da verdade e dos fatos e exemplo de ruptura com o individualismo egoista.
Eu tentei dar o exemplo na minha cidade agindo na pratica conforme o discurso que defendo e contra a praxis usual da politica.
O fracasso eleitoral era matematicamente esperado, mas desta vez aqui o eleitor não pode dizer que ” eram todos iguais”.
Que tal se todos os candidatos comecassem a tentar dar este exemplo ao eleitor ao inves de refletir o individualismo e falta de espirito publico da sociedade?. Nao usar dinheiro publico, não lotear cargos, nao pegar dinheiro de doadores que depois cobram. Isso é uma semente. Cada um pode plantar a sua.
Talvez nunca mude isso. Eu me contento em olhar no espelho e ver um pouco de coerência e em estar fazendo minha parte pra mudar. Se não sou solução, ao menos não contribuo pro problema.
” para que o mal triunfe, basta que os homens de bem se calem”.
Belo momento pra postar uma matéria como essa.
Moral da história continuamos a compra militares dos Estados Unidos via fms.
Brasil não precisa ter poder de dissuasão internacional, nem mesmo regional. A gente precisa de forças que façam que os gigantes militares pensem duas vezes antes de iniciar um plano de intervenção. Já que com nukes é impossível, o mar deve ser inacessivel para uma esquadra estrangeira e isso só se faz com subs nucs e é por isso que os EUA tentam atrasar ao máximo nosso desenvolvimento nuclear para o sub.
Isso se chama poder de dissuasão.
Isso. Confundi o significado do termo, mas tu entendeu oq quis dizer.
Como dissuadir sem capacidade de projetar poder (capacidade não significa política hegemônica ). Os nossos militares acatam essa idéia, que é um cancro dentro das Forças Armadas, apenas capacidade de dissuasão, sem projeção, e agora mal começamos a fazer exercícios de projeção de força dentro dos limites da fronteira.
Toda capacidade militar é dissuasória. Projetar força pressupõe tecnicamente ação fora de tuas aguas ou territorio. Poucos no mundo tem esta capacidade. 5 ou 6 paises. É carissimo.
Acho que deve haver uma ponderação, porque capacidade de projetar poder demanda muito recursos, coisa que não temos a bel prazer no Brasil. Não vou discutir questões orçamentárias, mas um poder de dissuasão estratégico é possível ser feito com orçamentos mais apertado. Por exemplo, a marinha esquecer da ideia de um NAe e aviação de caça.
Da mesma forma que tem gente que fala que tem brasileiro que é lambe botas dos EUA tinham pessoas que eram lambe botas da finada URSS,cuba,Coreia do Norte,venezuela,Rússia ou China.O que mais tem é brasileiro de esquerda que vai ter filho nos EUA,usam marcas americanas ou européias.Seus destinos turísticos são sempre EUA ou Europa.Ninguém vai passear em cuba,Coreia do Norte,venezuela,Rússia ou China.Muito menos se exilar.Mas esse é o brasileiro e seus personagens que fazem para sobreviver.
Vish, o Blog já anda circulando em grupo de WhatsApp.
Desculpa se te encomodou.Fazer o que ? É a mais pura verdade.E os de esquerda endinheirados,artistas e políticos não frequentam o SUS.
Meu destino turístico é aqui dentro mesmo, odeio viajar de avião, o mais longe que fui até hj foi João Pessoa, que aliás recomendo MUITO, cidade maravilhosa.
Já fui.Muito top.
Eu já estive lá mas achei muito quente o lugar.Após três dias desci pra Maceió
Tantas ”m” que pessoal fala sem conhecimento de causa .. nenhum Pais e santo , nenhuma Igreja é ”ilibada” .. a historia como ela é , é podre . em resumo . ao menos sobre a Situ do Brasil nesse período da Historia ,, o que voces iriam querer ? Brasil com as forças ”eixo” seria de fato um inimigo para metade do mundo …acha que isso iria passar batido ? ai voce escolhe o lado .. lutar ao lado da Alemanha nazista talvez seja o ”seu” nacionalismo , e outra .o inicio de uma ”guerra” nao determina o ”vencedor’ .. se os EUA abre uma frente por aki , mesmo visando recursos para abastecer sua maquina de guerra , como toda ctz teriam perdido a segunda guerra ,como manter 3 frentes ? ou isso ou despejar bomba nuke por ai .. o mesmo valeu para a Alemanha , Japao . erros determinaram os rumos da Guerra , todo ”Plano” pode ter um inicio , ninguem sabe o fim .. quanto ao hoje ,, fale o que quiser , e ate que se prove o contrario a Venezuela e uma ”Narco Estado” em sua totalidade . pode se dizer o mesmo em partes do Mexico tambem . pois esse paises hj se monstram ”PRODUTORES” DE DROGAS EM LARGA ESCALA ” esse é o problema . e como combater isso ? se por quase 40 anos os cara investiram bilhoes em ajuda e colaboração e nada funciona ? pelo contrario .. os governos se negam a combater de forma efetiva , deixando para a policia ”enxugar o gelo” , não ha leis , salario , ou politica efetiva de combate a isso ( De ja vu para a nossa realidade ? que coisa em ) … fosse um mundo Ideal , iriam todos para a OEA e formariam um pacto de combate as drogas .. envolvendo todos os recursos para isso .. sabe quando vamos ver isso ? NUNCA .. maiorias dos paises ”latinos” tem algum grau de ligação com o crime organizado , e se a Situ do Brasil e podre em relação a isso (algo que envolve e mídia , politicos , artistas ,, etc , todos envolvidos em algum grau ) imagine nos restante da região .. e um cancer que uma hora alguem vai ”surtar” … quando a ”baba…” de que parte da pop quer se ”entregar” aos EUA , acorde para a realidade , essas pessoas estão quase no desespero pq na visão deles , nao ha mais a quem recorrer , de forma pacifica .. ao menos ao que se refere a ”direita’ , são perseguições em massa . condenações e medidas ”cautelares” quem nem existem no nosso cod , . a constituição não esta valendo para parte dessa população , é um fato . o que vale hoje e o ”humor” de um doente ( alguns na verdade ) se acha o ”Deus” de toga .. não existe o ”contraditorio” pq ja vira discurso ”anti democrático” condenável a multas e cancelamentos , isso e loucura …nossa situação atual beira ao absurdo , vivemos em uma panela de pressão prestes ao ”buuumm” .. verdade seja dita .. existe hoje 40% da pop que se diz de direta .. uns 20% dessas esquerda desgraçado doente que bate palmas para toda essa situação so pq seu adversário politico virou o ”judas”(desgraçado ou nao . cara e condenado sem qualquer condenação ainda ,, e isso por si so , ja e crime de abuso de autoridade ) e jura de pes junto que o Brasil e um ”Democracia” e outros 40% da pop influenciada pelo que sai na grande mídia . .essa vai na direção que o ”vento” mostra … essa ”cisão” , preste a ruptura que vivemos e perigoso , unico e se nao houver pacificação e se for para apostar no ”nos contra eles” .. direita x esquerda … EUA X CHINA , nosso futuro e uma guerra civil . fato ..e os desgraçados que causaram isso . Midia , artista e politicos que jogaram o pais nesse situ , vao para fora do pais .. estao dispostos a isso ? ”vamos matar comunistas” .. ”vamos matar bolsonaristas entreguistas ” .. sem contar o crime organizados no meio da ”festa” e ai ? vamos a luta então , so que ai , nao vai existe espaço para qualquer tipo de lamentação
Desembarque em Copacabana….eita rs.
Bom nao sei se voce sabe , RJ era nossa Capital , geralmente quando se ”toma” a Capital de uma pais , sua ”elite’ fica de 4 , não atoa , pelo Brasil apresentar essa vulnerabilidade , surgiu Brasilia .. ate porque se depende-se de forças armadas para alguma coisa para época .. era uma piada .
Sei sim rs.
Parabéns aos editores.
Conteúdos assim colocam a Trilogia num patamar diferenciado.
Outro exemplo são os artigos do Sérgio Santana, bem como outros artigos traduzidos.
Quanto mais eu fico sabendo dessas histórias que surgem através de documentos desclassificados,mais aumenta meu “apreço” por essa entidade diabólica anglo-saxã intitulada “Estados Unidos da América”
Fico aqui tentando imaginar como estariam esses povos hoje em dia,se não tivessem havido essas intervenções,vulgas invasões,que desestruturaram de maneira definitiva seus modos de viver,pensar,agir,tanto a nível pessoal como familiar e social.Que contribuições esses povos teriam dado a si e ao mundo se o seu caminho não tivesse sido tão desvirtuado.
Bom,melhor não ficar pensando nisso.Já tive depressão por quase dois anos durante os anos 2000.Lutei contra mim mesmo pra sair da mais horrenda fossa que um humano possa cair.
Não quero essa merda novamente.
Meu caro, não que eu seja fã dos EUA, mas eles são o império moderno e se comportam como tal. Se não existissem os EUA , seria outro império no lugar. Lembre-se de que o império britânico era quem mandava no mundo até o início do século 20. Antes foi o império francês. Antes os impérios coloniais europeus. Antes o império romano. Verdade nua e crua é que quem tem poder usa e abusa do poder que tem .No mais, parabéns por ter vencido a depressão.
Bem,não sei se com esta resposta você está relativizando a perniciosidade que a entidade USA traz ao mundo(“se somos um império,então devemos nos comportar como tal”).
Sim,existiram impérios antes do dito “império USA”,e com certeza muitos que viveram sob os seus respectivos tacões se rebelaram contra seus imperialismos,duma forma ou de outra,fossem por motivos econômicos,culturais,religiosos,quaisqer que fossem seus motivos,mas se rebelaram ás suas épocas,mas nem por isso a existência prévia de outros impérios relativiza a perniciosidade que os Estados Unidos da América trazem ao mundo.No mais, obrigado pelas últimas palavras!
Caramba, que artigo. Muito bom, parabéns aos editores.
Espero que o Vovô Laranja do Norte não seja leitor da Trilogia. Se for, certamente isso lhe dará ideias.
Este artigo é um tapa na cara dos canalhas que defendem os interesses de qualquer potência estrangeira sob pretextos humanitários ou morais e é outro tapa na cara daqueles que afirmam que os EUA jamais agiriam como a Rússia agiu na Guerra da Ucrânia: tomou a iniciativa ante o avanço duma enorme aliança militar em suas fronteiras e a ameaça de seu mais próximo vizinhos se alinhar a ela.
Excelente artigo.
EDITADO:
COMENTÁRIO BLOQUEADO DEVIDO AO USO DE MÚLTIPLOS NOMES DE USUÁRIO.
Bom dia.
Em outras palavras, os EUA sempre tratando a América Latina como o seu quintal particular, se achando no direito divino de intervir em qualquer nação latino-americana cujo o governo não aceitassem suas politicas para o continente ou seja, sua soberania nacional intervindo na soberania nacional de outros países.
Apenas o Grande Satã do Norte e sua sede de sangue crônica e diabólica, nada novo sob o sol. São os maiores perpetuadores de guerras em toda a história da humanidade, sendo que a humanidade tem alguns milhares de anos e os Estragos Desunidos possuem apenas 2 séculos de existência. Se Deus existe, essa nação há de mergulhar em uma guerra interna envolvendo suas complexas questões raciais, de wokismo e outros lixos que eles tentam exportar para todo o mundo como forma de sabotagem. Que esse império decadente tenha o mesmo fim trágico que ocasionou em todos os cantos desse mundo, e que sejam balcanizados até o fim desse século, é o meu sonho.