Índia e Rússia devem gerenciar responsavelmente suas diferenças sobre a reforma do CSNU

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New,York,City,-,April,14,2018:,The,Un,Security

Conselho de Segurança da ONU

Por Andrew Korybko

A Índia deseja que os demais membros do G4 — Brasil, Alemanha e Japão — obtenham representação permanente no Conselho de Segurança da ONU (CSNU), enquanto a Rússia se opõe à concessão desse status aos dois últimos, já que isso daria mais influência ao Ocidente.

O Representante Permanente da Índia na ONU, Parvathaneni Harish, defendeu veementemente a reforma do CSNU em meados de abril. Como ele formulou: “A reforma é essencial para tornar a ONU adequada ao seu propósito, para permitir que ela responda de forma significativa aos atuais desafios globais… E aqueles que não apoiam reformas reais que reflitam as realidades contemporâneas estão do lado errado da história, o que é prejudicial para todos nós.” Ele falava em nome do G4 durante uma reunião no âmbito da Estrutura de Negociações Intergovernamentais (IGN).

O G4 refere-se ao grupo de países que apoiam mutuamente suas candidaturas a assentos permanentes no CSNU. Os outros três membros são Brasil, Alemanha e Japão. Quanto à IGN, ela é composta pelo G4, pelo grupo rival Uniting for Consensus (Unidos pelo Consenso), que defende apenas a ampliação do número de assentos não permanentes, pela União Africana (UA), pelo grupo L69 de países em desenvolvimento, pela Liga Árabe e pela CARICOM. O embaixador Harish, portanto, apresentou o ponto de vista de seu país e dos grupos associados sobre a reforma do CSNU diante da maior parte da comunidade internacional.

Por mais convincentes que sejam seus argumentos, e por mais sensato que seja do ponto de vista dos interesses nacionais da Índia aliar-se a Brasil, Alemanha e Japão na busca desse objetivo comum, espera-se que essa nova ofensiva encontre uma oposição sutil por parte da Rússia. Isso porque a Rússia tem se manifestado contra a concessão de assentos permanentes à Alemanha e ao Japão no CSNU, argumentando que isso agravaria o desequilíbrio pró-Ocidente existente nesse órgão. Outro obstáculo é que Rússia e Japão ainda não assinaram um tratado de paz, devido à disputa pelas Ilhas Curilas.

Objetivamente falando, o CSNU tem sido disfuncional há muito tempo devido à sua divisão Leste-Oeste, de modo que incluir mais membros permanentes — especialmente dois fortemente pró-Ocidente — apenas agravaria essa situação. No entanto, a condição de membro permanente é amplamente percebida como prestigiosa e, hoje em dia, considerada equivalente ao reconhecimento global do status de Grande Potência de um país, ou de sua ambição crível de tornar-se uma. Assim, é compreensível que a Índia deseje representação permanente no CSNU.

Isso é ainda mais relevante considerando o quão profundamente o mundo mudou nos últimos três anos, desde que a operação especial da Rússia acelerou de maneira sem precedentes a transição sistêmica global rumo à multipolaridade. A Índia aproveitou esses processos para se tornar a Voz do Sul Global, um ator verdadeiramente neutro na Nova Guerra Fria, e uma força crucial na economia mundial — fatores que, juntos, conferem-lhe características de Grande Potência digna de um assento permanente no CSNU. Continuar negando isso é, portanto, visto como um sinal de desrespeito.

A Rússia apoia que a Índia e o Brasil se tornem membros permanentes, mas os dois países não querem romper com seus parceiros do G4 — Alemanha e Japão — para obter esse status sem eles, embora a China possa bloquear o pedido da Índia de qualquer forma, devido às disputas territoriais não resolvidas entre os dois. Ainda assim, há diferenças claras entre as abordagens de Rússia e Índia em relação à reforma do CSNU, mas espera-se que essas diferenças sejam gerenciadas de forma responsável, sem críticas públicas mútuas e por meio da continuidade do diálogo sobre o tema.

Uma forma de suavizar essas diferenças poderia ser a Rússia convencer a Índia de que um assento permanente no já disfuncional CSNU é menos importante do que expandir o número de “mini-laterais” como o I2U2, do qual participa, e fortalecer a eficácia de blocos regionais como o BIMSTEC. Estes têm hoje um impacto muito mais tangível na reformulação da ordem mundial e podem, portanto, mais do que compensar a possível ausência prolongada da Índia como membro permanente do CSNU.

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Francisco
Francisco
5 horas atrás

A Índia ocupando o espaço de influência (econômica, militar e político) que era para ser do Brasil. Só mostrar que não temos um projeto de nação.

Vitor
Responder para  Francisco
4 horas atrás

Põe na conta a influência cultural em marcha no Brasil em desacreditar que os valores do exterior sobrepõe ao nacional SIC essa cantora medíocre Gaga que é manchete nos meios de comunicação nacional.. verdadeira colonização cultural tem floristas que vangloria …dessa forma vamos perpetuando o atraso e o subdesenvolmento.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Vitor
3 horas atrás

Vitor… assisti hoje um documentário sobre Jerry Lee Lewis e como ele foi boicotado e perseguido.. por alguns anos, só conseguia tocar em bares e pequenos lugares alternativos para ter algum dinheiro…

Ele foi um dos fundadores do Rock e hoje é um clássico que todo mundo que gosta de música gosta de ouvir

Gaga e Madona reuniram milhões… há muita gente.. lembro de ver o Zubin Mehta dirindo a sinfõnica de Israel no Ibirapuera.. Copacabana tem ligar para a Filarmônica de Berlin, AC-DC e todo mundo que for bom

Uma artista que junta 2 milhões de pessoas como ontem é porque tem algo especial.. nem que apenas 2 milhões de pessoas achem isto

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Camargoer.
3 horas atrás

A prefeitura do RIo poderia chamar o Paul McCartney.. jé pensou encher Copacabana para ouvi-lo? Já estou lá

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  Camargoer.
1 hora atrás

Brasilia já fez e foi legal.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Gabriel BR
25 minutos atrás

Eu assisti o Paul no Allianz em S.Paulo.. eu, minha filha e esposa..

guardei a camisa que eu usei no show em um saquinho plástico.. pensei se coloco em um quadro.

comenteiro
comenteiro
Responder para  Camargoer.
9 minutos atrás

Estão falando em U2. Mas em 2025 vai ter que ser em uma praia menor, tipo Ramos.

Nilo
Nilo
Responder para  Camargoer.
2 horas atrás

Questão de qualidade e não de números, está ao lado de 200.000 pessoas que vão ouvir Zubin Mehta ou Filarmônica de Berlin ou AC/DC # X # ou do lado de 2.000.000 que vão ouvir Madona ou Gaga ou Anita🤔🤔

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Nilo
2 horas atrás

Então.. o problema da “qualidade” é sermos incapazes de fazer tal avaliação… tem gente que odeia música clássica.. creio que a maioria não gosta…

Jerrly L. Lewia Beatles, ACDC, Led.. foram considerados sem qualidade. James Brown então …

Pouca gente sabem quem é Wynton Marsalis mas todo mundo gosta da trilha sonora do Snoop..

Pouca gente gosta de Renato Teixeira e Almir Sater..

Então é difícil avaliar a qualidade da música, mas é possível avaliar a sua popularidade.

No show da Madonna, a prefeitura gastou R$ 20 milhões. Dependo da fonte, fala-se em um retor de maior que R$ 250 milhões ou até US$ 259 milhões (eu acho erraram a moeda); Eu aposto 1$kichute em algo em torno de R$ 300 milhões em hotelaria, alimentação, trasnporte, alimentação, turismo (uma parte que ficou no Rio depois do show foi fazer turismo).. e tantos outros serviço (lembre que até o consumo de energia eletrica foi maior e resultou em receita tributária)..

talvez o parâmetro seja este.. do impacto financeiro para a cidade e até para o ganho imaterial da visibilidade da cidade.. hoje, o show da Gaga foi manchete no mundo

bem. até hoje se fala do show do Qiueen…

Comenteiro
Comenteiro
Responder para  Camargoer.
1 hora atrás

São Paulo vai gastar em 5 anos 750 milhões pra levar o autorama pra lá por 5 anos…

Comenteiro
Comenteiro
Responder para  Camargoer.
1 hora atrás

A trilha do Snoopy é do Vince Guaraldi.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Comenteiro
28 minutos atrás

Vocẽ já ouviu o CD do Maesalis “Joe Cool’s Blues”?

https://www.amazon.com.br/Cools-Blues-Wynton-Marsalis-Ellis/dp/B000002AYO

comenteiro
comenteiro
Responder para  Camargoer.
10 minutos atrás

Obrigado pela dica. Eu tinha uns dois com as trilhas dos desenhos feitas pelo Vince Guaraldi.

https://www.youtube.com/watch?v=VQkYClANc44&t=5s

Santamariense
Santamariense
Responder para  Camargoer.
40 minutos atrás

Eu gosto de Vivaldi, Beethoven…sou fã das interpretações de Pavarotti, como a clássica das clássicas, Nessun Dorma, de Puccini….
Sou fã de Elvis, Led Zeppelin, Pink Floyd, AC/DC….de muitas dos Stones…de pouquíssimas dos Beatles…algumas poucas do Motörhead…
Fã fervoroso de Nirvana e Pearl Jam…Legião Urbana…
Gosto de Guns, Titãs, O Rappa,…
Sertanejo? Almir Satter e 1 ou 2 de Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó e Cezar Menotti e Fabiano…o resto todo é lixo, absurdamente insuportável de ouvir …
Como gaúcho, gosto de músicas nativistas, oriundas dos clássicos festivais musicais tradicionais do RS, nos anos 80 e 90.

Santamariense
Santamariense
Responder para  Camargoer.
50 minutos atrás

“…Vitor… assisti hoje um documentário sobre Jerry Lee Lewis e como ele foi boicotado e perseguido.. por alguns anos, só conseguia tocar em bares e pequenos lugares alternativos para ter algum dinheiro…”

Se hoje, 2025, um cara adulto, com 22 para 23 anos, se casar com uma menina de 13 anos, vai ter escândalo e problemas. Imagina ele, que fez isso em 1958, com uma prima de 2⁰ grau…só podia esperar problemas sérios!!

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  Vitor
1 hora atrás

Não concordo! Esse tipo de nacionalismo não é legal

Santamariense
Santamariense
Responder para  Vitor
1 hora atrás

Não agosto e nunca gostei de Madona ou Gaga. Porém, o tipo de música e o tipo de fãs de ambas é o mesmo que assiste e venera Anita, Ludmila, Pablo Vitar… Lixo por lixo, temos aqui mesmo …não precisamos importar, como no caso das duas norte-americanas.

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  Francisco
3 horas atrás

O projeto de Estado do Brasil existe há bastante tempo e nunca mudou ou vai mudar : Enriquecer os amigos do rei e oprimir o povo.

Gabriel BR
Gabriel BR
2 horas atrás

O Lugar da Índia é no CS mesmo.
Quanto ao Brasil , eu penso que não cumpriríamos bem esse papel…
1) Não temos capacidade militar relevante para somar ao CS da ONU.
2) O Estado brasileiro é apoiador de Estados promotores do terror , narcoestados e ditadores mafiosos.
3) Essa cadeira na mão do Brasil só serviria de cabide de emprego.

wilhelm
wilhelm
Responder para  Gabriel BR
2 horas atrás

“O Estado brasileiro é apoiador de Estados promotores do terror , narcoestados e ditadores mafiosos.”

Se o critério pra entrar no Conselho de Segurança é ser limpinho, então já pode fechar ele. A única coisa que não existe ali é santo.

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  wilhelm
2 horas atrás

O Estado brasileiro não tem hardpower é só gogó e cabide de emprego!
O critério é ser garantidor e promotor da estabilidade global…

wilhelm
wilhelm
Responder para  Gabriel BR
2 horas atrás

“O critério é ser garantidor e promotor da estabilidade global…”

Seu critério piorou, então.

Não existe um único conflito grande no mundo que não tenha o dedo de algum dos membros no meio.

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  wilhelm
1 hora atrás

Evidente! Eles são o “Enforcement” da ordem liberal internacional.

Kornet
Kornet
Responder para  Gabriel BR
1 hora atrás

O Brasil não tem como se garantir e quer garantir os outros.
Não somo potência de nada, e isso é só mais um ufanismo da diplomacia dos atabaques.

Santamariense
Santamariense
Responder para  Kornet
38 minutos atrás

Somos potência, sim. Do fisiologismo político e da corrupção, em todos os níveis, tipos, cores e formas ..

wilhelm
wilhelm
2 horas atrás

Se é pra incluir mais alguém no grupo, que incluam o Brasil, que ao menos é reconhecido por sua neutralidade.

Alemanha e Japão sequer são totalmente soberanos.

Mas, de qualquer maneira, o papel desses organismos internacionais é muito superestimado. Na prática, é mais um clube da bolinha que serve só para mandar em países mais fracos do que qualquer outra coisa. Tirando a China, todos os demais membros permanentes participaram de alguma guerra nas últimas décadas e conselho nenhum impediu isso.

Última edição 2 horas atrás por wilhelm
Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  wilhelm
2 horas atrás

O senhor ao menos já leu algo sobre a história da relações exteriores do Brasil? De neutro o Brasil não tem nada! Até porque somos totalmente dependentes do ponto de vista tecnológico, militar e mesmo financeiro.

Macgaren
Macgaren
2 horas atrás

Resumo, nunca haverá o aumento porque que quem não será beneficiado é quem vota.

É tipo deputado no brasil votando o próprio aumento de salário.

Alex prado
1 hora atrás

É natural a Rússia se mostrar contra Alemanha e Japão, as ilhas curilas são um ponto delicado e a Rússia não vai ceder nem uma pedra para o Japão.

Última edição 1 hora atrás por Alex prado
Jefferson Ferreira
Jefferson Ferreira
5 minutos atrás

Em termos de relevância global india e turquia merecem muito mais o assento que o brasil e alemanha e japão