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Especialistas em segurança pública afirmam que os dados da pesquisa da FGV publicada pelo GLOBO ontem, mostrando que 64% dos policiais civis e militares admitem não ter recebido orientação nem treinamento adequados para lidar com manifestações e black blocs, são reflexo do que a população viu nas ruas durantes os atos. Eles cobram do governo federal a criação de um protocolo de ações que devem ser tomadas pelos policiais de todo o país durante manifestações. Dizem que é preciso não apenas mudar a mentalidade dos policiais em relação aos manifestantes, mas também ter estratégias bem definidas de como agir.

Para Claudio Beato, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais, as polícias brasileiras não sabem com quem estão lidando e, se entendessem melhor o perfil dos manifestantes, poderiam se preparar melhor. Para ele, as polícias também não fazem um bom monitoramento das redes sociais, usadas para convocar os protestos.

– Chicago (EUA) tem uma unidade só para patrulhar as redes, porque muitas coisas são antecipadas ali. A polícia brasileira não compreende a natureza dessas coisas.

Beato, que também é diretor do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, lembra que as polícias dos Estados Unidos já adotam os protocolos ele está sugerindo ao governo federal, prevendo um passo a passo das ações a serem adotadas pelos policiais:

– Tem de ter um protocolo unificado de como lidar com a situação. Há polícias americanas que estabelecem oito ou dez procedimentos para os policiais fazerem antes de pegar em armas. Aqui não, a primeira coisa que os policiais brasileiros fazem é tirar a arma do coldre, mesmo que ela dispare balas de borracha.

Já a diretora do Instituto Sou da Paz Melina Risso diz que os atos ocorridos desde junho do ano passado são diferentes, porque não têm demandas e lideranças tão claras como os atos com os quais a polícia estava acostumada.

– Agora é tudo mais fluido, e isso muda a perspectiva de como a PM tem de trabalhar. Para as polícias, não está claro o que fazer durante manifestações – disse ela, para quem é preciso mais integração entre a PM e a Polícia Civil, responsável por investigar manifestantes violentos.

Para Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, não é preciso que os PMs sejam especialistas em black blocs para atuar nos protestos, mas é importante que as cúpulas da segurança saibam sobre eles, para orientar os PMs e estruturar as ações.

– Há uma política de enfrentamento, e não de proteção da sociedade.

Em nota, a Secretaria da Segurança de São Paulo disse que não comentará pesquisas “sobre cujas metodologias não teve acesso”. A nota diz que todas as operações “são minuciosamente planejadas” e que a denúncia de falta treinamento aos integrantes da corporação, feita ao GLOBO por um policial, “é totalmente infundada”.

FONTE: O Globo via Resenha do Exército

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Marcos
Marcos
10 anos atrás

1) Policiais de que Estado da federação não recebem treinamento adequado?

2) Tem muita passeata por ai, feita por gente ordeira, que não vai parar na TV por que não tem quebra quebra. E com acompanhamento da PM.

3) E os Bebês Bobões vão para a “passeata” armados de paus, pedras, coquetéis Molotov, entre outros, para promover quebra quebra, e ai os “especialistas” que ficam sentados recitando teorias, esperam que a a PM faça, como é mesmo o nome? “protocolos”.

M@K
M@K
10 anos atrás

Como já havia me pronunciado em outras ocasiões neste blog, a sociedade, como bem disse os pesquisadores, está passando por uma reviravolta. Há uma reviravolta, comportamental, educacional e moral da sociedade como um todo. A escala de valores são outros. Acho que o período militar, que para alguns é chamado de ditadura e para outros de revolução que o Brasil passou, tem sua parcela de culpa. Em praticamente trinta anos viveu-se sob um pseudo rigorismo no modo de viver do brasileiro, onde somente os estudantes e se não me engano os artista foram os que mais se queixaram. Apesar de… Read more »

Antonio M
Antonio M
10 anos atrás

“…porque não têm demandas e lideranças tão claras …”

Discordo. Há organizações clandestinas cujos líderes aparecem na imprensa até como celebridades, a soldo de partidos e de atividades onde parte de lucros com o crime e corrupção os patrocina e tem alvo e objetivos específicos sim; muitos sabem disso, difícil é comprovar essas ligações, onde aí sim demandaria mais tecnologia e preparo e ainda, é preciso modernizar o processo investigativo e penal, que são do século 19.